Por que os brasileiros estão consumindo menos açúcar? Trading Czarnikow tem algumas respostas
Depois de um pico de consumo no Brasil de cerca de 11 milhões de toneladas de açúcar no ano de 2009, o país tem registrado quedas seguidas na demanda da população pelo adoçante, segundo a trading inglesa Czarnikow. Esse cenário, porém, não está restrito ao maior produtor do adoçante no mundo.
"O consumo per capita de açúcar vem caindo [também] nas economias desenvolvidas como o Reino Unido e a Austrália há décadas, mas agora parece estar caindo em alguns dos maiores produtores de açúcar do mundo", disse a trading. O México e a Tailândia também registraram essa tendência.
Nesses dois países, porém, o governo passou a adotar impostos mais altos sobre produtos industrializados com açúcar. Nações da Europa também tem realizado medidas nesse sentido. No Brasil, o consumo de açúcar no ano de 2020 caiu 2,9% ante 2019, ficando acima do nível de queda global no período.
O aumento de impostos sobre produtos industrializados não aconteceu no Brasil, por exemplo, e ainda assim o país tem registrado queda no consumo do adoçante pela população. Para a trading, isso “sugere que uma maior conscientização sobre a ingestão de açúcar pode ocorrer em qualquer país”.
"Achamos que isso está relacionado ao aumento da conscientização do consumidor sobre a ingestão de açúcar... Podemos ver o aumento da conscientização observando as pesquisas brasileiras no Google desde o pico em 2009-14", destaca a trading em outro trecho do relatório.
"Olhando mais de perto, fica claro que mais pessoas estão procurando versões sem açúcar das sobremesas mais populares do Brasil", pontua a Czarnikow.
Apesar de não adotar impostos para diminuir o consumo de determinados alimentos, o Brasil tem promovido campanhas sobre hábitos alimentares saudáveis, desestimulando o consumo excessivo de sal e açúcar.
"Em outubro de 2022, [o Ministério da Saúde] pretende intensificar a rotulagem de produtos que contenham grandes quantidades de açúcar, gordura ou sal. Ao fazer isso, ele espera que os consumidores pensem duas vezes antes de comprar tal produto", disse.
O Ministério da Saúde também está incentivando os produtores de alimentos e bebidas a reformular seus produtos antes que os novos rótulos sejam lançados, podendo reduzir 144 mil toneladas de açúcar até outubro de 2022 em produtos como mistura para bolo, laticínios, bebidas açucaradas e biscoitos.
Apesar da tendência de queda no consumo pela população brasileira, o Brasil ainda é um dos maiores consumidores de açúcar do mundo per capita, com cerca de 125g por dia. Para a trading, a demanda por açúcar tende a estar atrelada com a urbanização, riqueza e fatores culturais, além da idade da população.
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