Clima poderá ajudar a elevar moagem na safra 22/23 de cana para 570 mi de t, vê Safras
Em meio perspectivas de clima mais favorável para os próximos meses, as estimativas para a safra 2022/23 (abril-março) de cana-de-açúcar do Centro-Sul do Brasil também começam a ficar mais positivas, em contraste com a safra atual que tem sido impactada por seca histórica e registros de geadas.
“Quando nós olhamos os mapas de clima para os próximos dois meses, ou seja, até outubro, nós vemos uma possibilidade de retomada das chuvas no Centro-Sul”, destacou em entrevista ao Notícias Agrícolas Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado.
A consultoria estima que o atual ciclo produtivo, 2021/22, seja fechado com uma moagem no Centro-Sul, principal região produtora do país, em cerca de 530 milhões de toneladas, em linha com a última atualização da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de 538,7 milhões de t, com queda de 10,6% ante a temporada anterior.
“Esse número que deve ser de 530 milhões de t ao fim desta safra deve se recuperar para 570 milhões de t para a safra que vem, caso as chuvas da entressafra venham regulares como os mapas de clima tem indicado que deve ser”, complementa o analista.
No trimestre de setembro até novembro de 2021, o mapa de anomalia de previsão climatológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta que a maior parte do Centro-Sul do Brasil pode receber chuvas levemente abaixo do normal a dentro da média. Porém, nos mapas mensais, a previsão é de que as chuvas fiquem dentro da média entre os meses de setembro e outubro.
São Paulo, por exemplo, deve ter chuvas dentro da média em todo o mês de setembro e também outubro, segundo o Inmet. Já em novembro, uma mancha mais acentuada de volume levemente abaixo do normal aparece sobre o principal estado produtor. No período de três meses, os acumulados em São Paulo devem ficar entre 400 a 200 milímetros, no total.
Para Olivio Bahia, meteorologista do Inmet, apesar do indicativo de chuvas dentro da média na maior parte do Centro-Sul entre setembro e outubro, esse período é marcado por menor volume de chuvas, sendo novembro o marcado de precipitações mais representativas no Brasil.
“Precisamos ressaltar que é preciso acompanhar os mapas ao longo dos próximos meses, porque a análise climatológica é uma tendência que pode se alterar. Por isso, é preciso antena ligada”, pontua Bahia.
A Conab, por exemplo, já destacou em suas perspectivas para a safra 2021/22 de grãos do Brasil deve bater novos recordes históricos impulsionada pelas condições climáticas e aumento do investimento dos agricultores com preços elevados.
Depois de atingir máximas de mais de quatro anos na terceira semana de agosto, acima do patamar de US$ 20 c/lb, que tem refletido também sobre o mercado interior, o mercado do açúcar recuou nos últimos dias, mas nesta semana já voltou a avançar acompanhando as perspectivas de déficit global em 2021/22.
A safra 2021/22 de cana-de-açúcar que ainda está sendo moída no Centro-Sul deverá terminar antes por conta do impacto climático. Em sua última atualização quinzenal de safra, com dados da primeira quinzena de agosto, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) pontuou o impacto das geadas.
"A primeira e segunda geada ocorrida nos meses de inverno afetaram cerca de um milhão de hectares, o que representa cerca de 11,9% da área disponível para colheita na safra 2021/2022, ou 26,9% da área a ser colhida até o final do ciclo agrícola", reportou.
No acumulado da safra 2021/2022 no Centro-Sul, a produção de açúcar atinge 21,32 milhões de t, contra 23,05 milhões de t verificadas na mesma data do ciclo 2020/2021. A fabricação acumulada de etanol está em 16,41 bilhões de litros, sendo 6,21 bilhões de litros de etanol anidro e 10,20 bilhões de litros de etanol hidratado.
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Déficit global em 2021/22
Além do clima no Brasil, um recente fator de suporte ao mercado de açúcar foi a divulgação da Organização Internacional do Açúcar (ISO, em inglês) com aposta de um déficit global na temporada 2021/22 (outubro-setembro) de 3,8 milhões de t, sobre uma estimativa anterior de maio de 2,6 milhões de t.
O órgão estima a produção mundial no ciclo em 170,6 milhões de t, sobre um consumo que deve aumentar 1,6%, para 174,5 milhões de t.
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