Preços do etanol nas usinas do Centro-Sul seguem batendo recordes, segundo S&P
Os preços do etanol nas usinas do Centro-Sul do Brasil continuam batendo recordes diários devido à alta demanda pelo combustível, aos pequenos volumes ofertados no mercado spot e aos estoques restritos, segundo a S&P Global Platts.
Além disso, as geadas na região durante o mês julho, o alto prêmio pela produção de açúcar, os relatórios de abastecimento e um preço favorável sobre a gasolina contribuíram para a valorização na maior parte de 2021.
"Os preços do etanol permanecem firmes e em uma trajetória de alta em meio estoques de etanol relativamente baixos, dado que a demanda atual está subindo para níveis pré-pandêmicos, o que deve empurrar os preços no Centro-Sul acima de R$ 4.000/m³", disse um trader de São Paulo.
"Os preços do etanol precisarão atingir um preço que efetivamente neutralize a demanda para que o impulso de alta dos preços pare", completou.
A S&P Global Platts levantou o preço do etanol hidratado nas usinas de Ribeirão Preto em R$ 3.855/m3 no dia 16 de agosto, um recorde, com alta de R$ 2.255/m3, ou 141%, em relação às mínimas observadas em abril de 2020.
O etanol anidro doméstico ficou em R$ 3.900/m³ nas usinas de Ribeirão Preto, também recorde, com alta de R$ 2.265/m³, ou 138%, em relação às baixas registradas em maio de 2020.
“A terceira geada na safra 2021/22 na região Centro-Sul, ocorrida na segunda quinzena de julho, reduziu drasticamente as previsões de moagem total de cana e produção total de etanol”, segundo análise da S&P Global Platts Analytics.
“A estimativa revisada da moagem de cana do Centro-Sul do Brasil 2021/22 é de 522 milhões de toneladas, uma queda de 11,5% em relação à estimativa original de 590 milhões de toneladas no início da safra, o que acabará levando à produção de menos etanol”.
Prêmio de produção do etanol anidro fica negativo
"As usinas do Centro-Sul aproveitaram o prêmio para produção de etanol anidro atingindo um pico de 200 pontos sobre o prêmio de produção de açúcar durante os últimos meses para atender à crescente demanda por anidro, mas agora com o recente aumento nos contratos futuros de açúcar NY11 de outubro rompendo 20,00 c/lb, o prêmio ficou negativo para o anidro e hidratado, e a maioria das usinas maximizará sua produção de açúcar em relação a qualquer tipo de produção de etanol", disse um segundo trader de São Paulo.
A Platts avaliou os preços do etanol anidro nas usinas de Ribeirão Preto convertidos em açúcar bruto equivalentes a 20,00 c/lb em 17 de agosto. O contrato futuro de açúcar NY11 de outubro fechou no dia a 20,02 c/lb, fornecendo um prêmio de 0,02 c/lb ao etanol hidratado em equivalência ao açúcar bruto.
O valor do etanol anidro nas usinas convertido em açúcar bruto é sempre maior que o valor do etanol hidratado convertido porque o etanol anidro está isento do ICMS de 13,3%, um imposto estadual sobre vendas cobrado sobre a movimentação física de mercadorias.
A Platts avaliou o etanol hidratado nas usinas de Ribeirão Preto convertido em açúcar bruto equivalente a 17,89 c/lb em 17 de agosto. O contrato futuro de açúcar NY11 de outubro fechou na data a 20,02 c/lb, fornecendo um prêmio de 2,13 c/lb ao etanol hidratado equivalente de açúcar bruto.
“Com a região Centro-Sul entrando nos últimos meses de produção antes da entressafra e a região Nordeste se preparando para o início da safra, a produção de etanol anidro e hidratado será minimizada pelas usinas em favor da produção máxima de açúcar para o aproveitamento do alto prêmio pela produção do adoçante sobre o etanol", disse um terceiro trader de São Paulo.
Consumidores da região sudeste preferem etanol hidratado à gasolina
Na semana encerrada em 14 de agosto, o atual diferencial absoluto de preços era de R$ 1,522/litro entre a gasolina e o etanol hidratado (E100) na maioria dos postos do Centro-Sul do Brasil, acima da marca psicologicamente significativa de R$ 1/l, que normalmente incentiva os consumidores a abastecerem seus carros com hidratado.
O preço médio do etanol hidratado no Sudeste foi de R$ 4,281/l, contra um preço médio da gasolina de R$ 5,803/l na semana encerrada em 14 de agosto. O diferencial de preço médio absoluto na primeira metade de agosto foi de R$ 1,545/l, uma ligeira queda em relação a R$ 1,5515/l na segunda metade de julho. O diferencial de preço absoluto médio na primeira quinzena de julho foi de R$ 1,4785/l.
"Os preços da gasolina no Sudeste próximos a R$ 6/l estão levando os consumidores a abastecer seus carros com etanol hidratado mais barato e com preços mais próximos de R$ 4/l", disse um quarto trader de São Paulo, apesar da competitividade desfavorecida.
Embora os preços do etanol no Centro-Sul estejam em máximas históricas, o repasse dos aumentos do preço do etanol hidratado nas usinas do Centro-Sul junto ao consumidor na bomba tem uma defasagem média de cinco a 15 dias, dependendo da velocidade e extensão do movimento nos preços nas usinas.
Com informações da S&P Global Platts
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