Variedades de cana-de-açúcar da Ufal têm alta produtividade agrícola
A Universidade Federal de Alagoas apresentou, oficialmente, as seis novas variedades RB de cana-de-açúcar, na tarde da última quarta-feira (28). O evento virtual foi transmitido pelo canal no Youtube da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento Sucroenergético (Ridesa).
A liberação nacional de 21 novas variedades foi apresentada pelo Presidente da Rede, o reitor da Universidade Federal de Goiás, Edward Madureira, que destacou o investimento em pesquisas para entregar os novos produtos. Eles são matéria-prima para a produção de açúcar, álcool combustível, melaço e biodiesel.
Em seguida, o coordenador-geral, professor Hermann Paulo Hoffmann, explicou que o processo de melhoramento genético leva cerca de 15 anos, desde o início das pesquisas até a descoberta de uma nova variedade, mas que os pesquisadores contam com avanços tecnológicos para acelerar esse tempo e contribuir com o setor.
A Ufal foi a primeira a expor os produtos desenvolvidos pela equipe do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca). O professor Geraldo Veríssimo fez a introdução sobre o processo de melhoramento genético e o engenheiro agrônomo Antônio José Rosário Santos detalhou cada uma das seis variedades.
O cruzamento entre genótipos de interesse é realizado para desenvolver variedades mais produtivas, resistentes às pragas e outras doenças, além de terem maior adaptação aos diferentes solos.
Sobre os novos produtos
As letras e os números presentes na nomenclatura das variedades de cana-de-açúcar têm um significado de referência. A sigla RB significa ‘República do Brasil’, já os dois primeiros números o ano de cruzamento, enquanto que os demais números se referem à Universidade pela qual a variedade foi liberada. Até a série 2001, a Ufal usa os números de 0 a 2499.
A maioria das características da cana-de-açúcar é herdada de forma aditiva. Assim surgiu a RB0442, com rusticidade, longevidade e alta produtividade agrícola. Já são mais de sete mil hectares cultivados no sul de Alagoas.
A RB07818 se destaca pela precocidade com alto teor de açúcar, resistente à praga de broca e plantio sem restrição ambiental. A variedade RB08791 tem sanidade considerada excelente, ampla adaptabilidade e ótima brotação de socaria.
Do cruzamento de dois genótipos, veio a RB011549, resistente às ferrugens marrom e alaranjada, com alta produtividade agrícola e cultivada em mais três mil hectares no Estado.
O engenheiro agrônomo Antônio José Rosário também apresentou a RB01494 que tem alto teor de açúcar, rápido crescimento e o manejo precisa ser em áreas irrigadas ou sem déficit hídrico. E, por fim, o produto da Ufal RB961003 é destaque da safra 2020 em Juazeiro-BA, numa das maiores usinas da região. A variedade também ganhou liberação nacional.
Das outras novas variedades, quatro foram desenvolvidas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), cinco pela Federal de São Carlos (UFSCar), três pela Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e cada uma das universidades federais de Goiás (UFG), Viçosa (UFV), e Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) produziram uma variedade, completando as 21 apresentadas.
Ridesa como fonte econômica para o setor sucroenergético
Este ano, a produção das pesquisas completou cinco décadas e o evento virtual foi uma oportunidade para lançar o livro 50 anos de variedades RB de cana-de-açúcar, 30 anos de Ridesa.
A Rede é formada por cooperação técnica de dez universidades, que produzem inovação científica para o setor sucroenergético de todo o país, sendo responsável pelo cultivo de variedades em 60% da área canavieira. Somando a safra de 2020, isso equivale a 8,5 milhões de hectares, conforme estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), representando a contribuição de mais de 12% na matriz energética do Brasil.
A Ridesa substituiu o Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-açúcar (Planalsucar), ligado ao governo federal, criado na década de 1970 para promover a melhoria dos rendimentos da cultura, no campo e na indústria, para garantir maior produtividade e resistência às pragas.
A Rede tem pesquisadores em todas as regiões produtoras de cana-de-açúcar e conta com 72 bases de pesquisas, contemplando Estações de Cruzamento, Estações Experimentais, Centros de Pesquisas e Subestações de Seleção em parceria com o setor.
A parceria público-privada já existia desde o Planalsucar e, hoje, a Ridesa possui 300 empresas conveniadas, o que representa 95% das empresas atuantes na área.
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