Seca reduz produtividade da cana em outubro, mas safra 20/21 deve acumular alta
A falta de chuvas na região centro-sul, principal polo produtor de cana-de-açúcar do país, levou o mês de outubro a registrar a primeira retração de produtividade nas lavouras da cultura desde o início da safra 2020/21, em maio, embora a perspectiva para o acumulado da temporada ainda seja de rendimento positivo.
Em outubro, a produtividade média dos canaviais caiu 5,3% no comparativo anual, para 63,4 toneladas por hectare, informou nesta segunda-feira o relatório Cana Zoom, produzido pela União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o Sistema TEMPOCAMPO e o Laboratório Integrado de Análise de Dados em Agronegócio e Bioenergia (Linear).
Já no acumulado da safra 2020/21 até o mês passado, o rendimento agrícola na região atingiu 79,6 toneladas por hectare, aumento de 2,4%.
A Unica estima que novos recuos de produtividade podem vir até o final da temporada em função de adversidades climáticas. No entanto, mantém otimismo para o desempenho dos canaviais.
"Ao considerar que cerca de 90% da área disponível já foi colhida neste ano, dificilmente a queda de rendimento por hectare esperada para os próximos meses de safra por conta da seca irá reverter o aumento de produtividade no ciclo 2020/21", disse em nota o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.
De acordo com a entidade, a baixa registrada em outubro foi considerada pontual e já era esperada, dadas as condições climáticas que foram se consolidando no decorrer da safra.
"No acumulado até outubro, verifica-se uma queda de 43,1% no índice de precipitação pluviométrica médio do centro-sul", pontuou.
Desde então, os volumes de chuvas voltaram a alcançar níveis de maior intensidade, mas ainda abaixo do normal.
A próxima atualização sobre o impacto do clima nos rendimentos da safra de cana deve ser divulgada junto aos dados da Unica sobre a primeira quinzena de novembro.
O relatório Cana Zoom também mostrou que a estimativa de área colhida até outubro deste ano apresenta elevação de 1,2% no comparativo com o último ciclo, ao atingir 7,099 milhões de hectares no centro-sul.
"Trata-se do maior avanço na área colhida das últimas cinco safras, favorecido pelo aproveitamento do tempo acima da média --no acumulado da safra 2020/21, o indicador permanece em 87,2%, maior valor da série histórica desde o ciclo 2008/09."
O volume de cana processado pelas usinas cresceu 3,7% em relação à safra anterior, totalizando 565,92 milhões de toneladas até o final de outubro.
Se por um lado a estiagem afetou o rendimento agrícola das lavouras, por outro favoreceu a concentração do adoçante na matéria-prima, medida pelo nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR).
A matéria-prima apresentou 144,9 kg de ATR por tonelada, frente a 138,9 kg por tonelada observados do último ciclo, um crescimento de 4,3%.
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