CNPEM e startup GlobalYeast vão desenvolver novas tecnologias para processos fermentativos

Publicado em 16/12/2019 14:11

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e a startup GlobalYeast fecharam acordo para o desenvolvimento de novas tecnologias para processos fermentativos “inteligentes”, com foco na otimização da performance e no melhoramento de sistemas computadorizados capazes de modernizar e ampliar a capacidade produtiva da indústria de combustíveis vegetais e bioprodutos. A parceria entre o CNPEM e a GlobalYeast conta com financiamento da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).

Fundada em 2015 com apoio de investidores do Brasil e da Europa, a GlobalYeast é uma startup de biotecnologia belgo-brasileira que desenvolve e comercializa soluções alinhadas à indústria 4.0, com ferramentas de gerenciamento automático de processos fermentativos, além de variedades geneticamente modificadas de microrganismos. Recentemente a empresa conquistou o Prêmio Brasil Bioeconomia 2019 na categoria Start-ups & Scale-ups oferecido pela Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI).

O escopo do projeto, gerido pelo Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR), prevê a utilização das instalações de Bioprocessos e da Planta Piloto, onde processos fermentativos serão escalonados, gerando dados para alimentar o algoritmo desenvolvido pela GlobalYeast e incorporado na solução BioCalÒ. O BioCalÒ, por sua vez, funciona de forma semelhante aos aplicativos de tráfego de veículos: a ferramenta monitora os processos fermentativos em tempo real e antecipa problemas na rota fermentativa, sendo capaz de tomar decisões para corrigir desvios durante a fermentação.

Processo pode injetar até 1 bilhão de litros de etanol adicional por ano

A adoção de aprendizagem de máquina na indústria de bioetanol tem potencial de aumentar de 1 a 3% a performance de um setor que já trabalha na escala dos bilhões – em 2019, a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que o Brasil produza 31,6 bilhões de litros.

Considerando que o Brasil tem cerca de 400 usinas de bioetanol, um aumento produtivo de 1 a 3% representaria um aumento potencial de até um bilhão de litros adicionais, o equivalente a cerca de cinco usinas a mais na matriz nacional. O sistema de fermentação inteligente BioCal, que está sendo aperfeiçoado em parceria com o CNPEM, é um exemplo concreto do conjunto de soluções baseadas em aprendizagem de máquina.

Para Juliana Teodoro, pesquisadora do LNBR que coordena o projeto, a parceria possibilita “colocar o laboratório na fronteira do que existe para a fermentação de primeira geração, tanto em termos de leveduras mais eficientes, como também no âmbito de processos que utilizam o machine learning em processos industriais”.

De acordo com Marcelo Amaral, CEO da GlobalYeast no Brasil, a cooperação com o CNPEM é estratégica pois permite gerar informações complexas que vão alimentar o modelo da empresa, aperfeiçoando o modelo. “Trazer soluções para uma indústria bem consolidada é um enorme desafio, por isso o desenvolvimento do sistema em conjunto com o Centro é importante. Temos elementos que sugerem ser possível melhorar o desempenho da indústria”, afirma.

CNPEM tem experiência com startups

Não é a primeira vez que o CNPEM acredita em ideias inovadoras. Em 2018, dois processos enzimáticos para o melhoramento de processos cervejeiros foram licenciados pela startup TecBeer. A empresa, com sede em Campinas (SP), tem planos de comercializar os produtos a partir de 2020. 

Sobre o CNPEM

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações (MCTIC). Localizado em Campinas-SP, possui quatro laboratórios referências mundiais e abertos à comunidade científica e empresarial. O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) opera a única fonte de luz Síncrotron da América Latina e está, nesse momento, envolvido no desenvolvimento do Sirius, o novo acelerador brasileiro, de quarta geração, para análise dos mais diversos tipos de materiais, orgânicos e inorgânicos; o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) promove pesquisa e inovação nas áreas de saúde e biotecnologia, com foco na descoberta de novos fármacos e mecanismos de doenças; o Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) investiga novas tecnologias para a desconstrução e bioconversão de biomassa vegetal em biocombustíveis, biomateriais e bioquímicos; e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) realiza pesquisas com materiais avançados, com grande potencial econômico para o país. Os quatro Laboratórios têm, ainda, projetos próprios de pesquisa e participam da agenda transversal de investigação coordenada pelo CNPEM, que articula instalações e competências científicas em torno de temas estratégicos.

Sobre a EMBRAPII

A EMBRAPII atua por meio da cooperação com instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, tendo como foco as demandas empresariais e como alvo o compartilhamento de risco na fase pré-competitiva da inovação. Ao compartilhar riscos de projetos com as empresas, tem objetivo de estimular o setor industrial a inovar mais e com maior intensidade tecnológica para, assim, potencializar a força competitiva das empresas tanto no mercado interno como no mercado internacional.

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Fonte:
LNBR/CNPEM

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