Produção de açúcar da Índia recua e déficit global aumenta, diz FCStone
Por Marcelo Teixeira
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de açúcar da Índia em 2019/20 deve cair para 26,9 milhões de toneladas, 1,3 milhão de toneladas abaixo da projeção de agosto, devido a condições climáticas desfavoráveis, disse nesta quinta-feira a corretora e consultoria INTL FCStone.
A queda na produção na Índia levará a um déficit global de oferta de açúcar em 2019/20 de 7,7 milhões de toneladas, um desenvolvimento visto como crucial na redução de grandes estoques em alguns países produtores.
Na safra anterior, a Índia produziu 32,9 milhões de toneladas, segundo a FCStone, um volume que foi chave para pressionar os preços globais.
Anteriormente, a corretora esperava um déficit global de 5,9 milhões de toneladas.
A FCStone também reduziu sua estimativa de produção para a União Europeia em 200 mil toneladas, para 16,5 milhões de toneladas.
As estimativas para outro país produtor importante, a Tailândia, permaneceram inalteradas em relação a agosto, em 13,2 milhões de toneladas, uma produção menor do que a registrada na temporada anterior (14,9 milhões de toneladas).
"A Tailândia ainda possui grandes estoques. Esperamos que suas exportações continuem fortes em torno de 10 milhões de toneladas por ano", disse Ligia Heise, analista de açúcar do INTL FCStone.
Ela disse que uma forte atividade de exportação da Tailândia pressionará os prêmios de exportação brasileiros por um tempo, impedindo qualquer melhoria de curto prazo no negócio de açúcar para as usinas brasileiras.
A produção indiana foi impactada por chuvas excessivas, que afetaram a produção atual, mas poderiam ser positivas para a safra futura.
"Os reservatórios estão cheios na Índia e sabemos que para os produtores de cana o preço não importa muito, o que importa são as condições climáticas", disse o analista Bruno Lima, durante um dos vários seminários em São Paulo na semana em que a cidade realiza o bienal Sugar Dinner.
"Quando as condições são boas para o plantio, você pode contar com mais açúcar vindo da Índia", disse ele, indicando que, mesmo que os preços do açúcar melhorem com o déficit atual, esse movimento para cima pode durar pouco.
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