Unica espera que disputa com Índia na OMC abra espaço para etanol no país asiático
SÃO PAULO (Reuters) - A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) disse nesta quinta-feira acreditar que a abertura de um painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a Índia e suas políticas para o açúcar poderá gerar espaço político para o estabelecimento de diálogo com o país asiático que resulte na adoção do etanol em larga escala naquela nação.
A OMC montou painéis nesta quinta-feira para julgar denúncias de Austrália, Brasil e Guatemala contra subsídios de exportação da Índia para produtores de açúcar e cana, que afirmam serem ilegais, disse uma autoridade comercial de Genebra.
A Unica disse entender que a cana-de-açúcar é a fonte de renda de mais de 35 milhões de produtores rurais na Índia, que formam um importante bloco político, mas ressaltou que tem estreitado relações com o país para compartilhar o exemplo do etanol brasileiro como forma de garantir emprego e renda no campo, além de melhorar a qualidade do ar nas cidades.
"A adoção do etanol em larga escala faria a Índia sair de um ciclo vicioso que perpetua uma produção ineficiente de açúcar, alimentada por meio de subsídios a produtores de cana e à indústria, e permitiria a criação de um ciclo virtuoso com o equilíbrio da produção de etanol e açúcar", disse em nota o diretor-executivo da Unica, Eduardo Leão.
A associação das usinas do centro-sul do Brasil, principal região produtora de cana do mundo, lembrou que executivos da própria Unica já visitaram o país duas vezes este ano para tratar do tema. Uma nova viagem está marcada para novembro, e até o início do próximo ano será realizado um seminário na Índia com especialistas brasileiros nas áreas de meio ambiente e saúde, indústria automobilística, regulação e distribuição do biocombustível.
"Ganham os produtores de cana e usinas, que terão uma demanda sólida e diversificada, ganham os moradores das grandes metrópoles indianas, por meio da redução da poluição, ganha o governo, que terá menos gastos com subsídios, e finalmente ganham os produtores e consumidores mundiais de açúcar, cujo mercado voltará a ser regido por regras que privilegiam a produção eficiente e competição entre os países", complementou Lão, sobre um plano de a Índia adotar etanol em larga escala.
O tema deve ser tópico central em um encontro entre os líderes de Índia e Brasil marcado também para novembro, quando o primeiro-ministro indiano, Narenda Modi, fará visita oficial ao presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com a União dos Produtores de Bioenergia (Udop), os mandatários discutirão produção e comércio de etanol, conforme noticiado pela Reuters em julho.
(Por Roberto Samora)
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