Brasil briga para não ficar na lanterna em produtividade da cana
Se já fosse conhecido o mapa de produtividade da cana no mundo de 2018, assinado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o retrato brasileiro seria pior que o de 2017. Talvez o País tenha estado mais próximo da lanterna que há dois anos.
Ao comprovar que a cana foi a única lavoura extensiva, comercial e de escala que perdeu share na agricultura nacional, contra aumento de todas as demais, o relatório de 2017 publicado pela FAO (organismo da ONU para alimentação e agricultura) o ano passado, acentuou que Índia e China se emparelharam a nós.
Os três - sendo Brasil e Índia os dois maiores produtores - amargam a três últimas posições, e todos muito longe de Colômbia e Guatemala.
A produtividade brasileira, que vinha ascendente desde as 40 toneladas/ha, em média, desde 1961, a partir de 2008 sofreu o impacto da crise do engessamento do preço da gasolina de Dilma Rousseff e de muita falta de visão estratégica de boa parte do PIB do setor durante o "falso" boom do governo Lula. Expansão desordenada, renovação caindo e os canaviais envelhecendo e mais sujeitos aos tombos climáticos, como o de 2018.
Ilhas de exceção
Hoje, quando se fala em média de 70 t/ha, já está se falando de algumas ilhas. Claro, há muitos exemplos bem acima disso, inclusive em 3 dígitos, mas também como hão, para cima e para baixa, nos concorrentes.
Então, média Brasil, para a FAO, em 2017 foi de 60 a 65 t/ha, o mesmo, senão menos, com a seca prolongada de 2018. Em 2001, a Índia, que andava até oscilando acima do Brasil, deu uma barrigada de produtividade, e em 2015 voltou a se aproximar. A China encostou de vez, mas numa trajetória ascendente regular há anos, deve ter ultrapassado a produtividade brasileira.
Disputaríamos o 2º lugar
No diagnóstico da FAO/ONU, a média guatemalteca chegou aos 120 t/ha em 2017. A colombiana, quase 90 t/ha. E temos ainda a Austrália nos 80 t/ha.
E para quem desconhece, os Estados Unidos com a mesma produtividade do país da Oceânia. Os dois, por sinal, já estiveram em níveis superiores.
Enquanto o mapa da cana mundial apresenta, na leitura oculta, caso a história fosse outra, desde 2008, a cana brasileira estaria disputando talvez o segundo lugar com a Colômbia em produtividade.
O Brasil tem apenas a seu favor a extensão em terras e produção que já superou as 600 milhões de toneladas - o que comprime os custos na comparação com os dos demais produtores.
E, junto, uma elasticidade de demanda para o açúcar e, cada vez mais, para o etanol.
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