Expectativa de fim do ciclo de baixa do açúcar não se sustenta e NY cai com chuvas no C-S
A volta das chuvas ao Centro-Sul tirou qualquer expectativa de fim do ciclo de baixa do açúcar nos negócios da Ice Futures (Nova York). Desde o fim da primeira semana de fevereiro, com o clima amenizando a seca e calor excessivos de dezembro e janeiro, a commodity foi recuando e voltou muito abaixo dos 13 c/lp, de onde havia passado por breve período, na verdade.
Sob a expectativa de que a cana não deverá ter quebra, o câmbio também favoreceu algumas novas fixações de preços de exportações do alimento até o último dia de semana anterior, ajudando a aumentar a expectativa de mais oferta brasileira no mercado mundial.
Depois de fechar a semana, perdendo 18 pontos na sexta, nesta segunda (4) a bolsa de soft commodities presenciou outra forte derrapada do açúcar em todas as telas, com o País praticamente fora dos negócios pelo feiradão de Carnaval.
O vencimento de maio emagreceu mais 26 pontos e ficou em 12.36 c/lp. Na sequência, os dois contratos de 2019 ficaram menores, em 28 e 25 pontos, respectivamente o julho e o outubro.
A Unica, que reúne as indústrias do Centro-Sul, anunciou há dias a possibilidade de 570 milhões de toneladas a serem moídas em 19/20. Praticamente empatando com a safra corrente, que termina em 31 de março. A Raízen, maior produtor global - que se fosse um país seria o segundo maior produtor do mundo – acredita em algo pouca coisa acima. É preciso relatar aqui, no entanto, que o Notícias Agrícolas ouviu produtores e entidades de cerca de 10 regiões paulistas e mineira, e a versão dos fornecedores é de que haveria prejuízo para a produção, mesmo se as chuvas voltassem, como voltaram de fato.
A despeito da situação real, que deverá ficar clara ao longo deste mês, algumas correntes apontam cerca de 2 milhões/t a mais de açúcar na próxima temporada, mas a dúvida sobre o mix ainda é grande. O etanol continua aquecido, com vendas recorde para a entressafra (depois de atravessar janeiro em baixa), e as indústrias vão abrir a safra com estoque quase zerado. E os preços vão bem nas destilarias (mais 3,68%, pelo indicador Cepea, na semana de 25 a 1 de março).
Índia
Ao ultrapassar com força os 13 c/lp na semana de 19 de fevereiro, o fundamento veio da Índia, com a informação das cooperativas industriais do país apontando a possibilidade de menos até 3 milhões de toneladas na safra 19/20, que na Ásia começa em setembro/outubro. Cairia abaixo das 31,5 milhões estimadas antes que a entidade observasse a seca pegando importantes estados produtores.
Junto, dias antes, tinha se sabido que o maior exportador mundial de açúcar, ultrapassando o Brasil no atual ciclo, também teria um subsídio ao preço mínimo, o que em tese desvia açúcar do mercado internacional para o mercado interno. Desvio também que seria, sempre segundo notícias daquele país, seguido de maior produção de etanol anidro para o blend com a gasolina.
Desconfiança
Mas a Índia sempre é vista com desconfiança quando se trata de informações dos agentes privados e públicos – tanto que o ano passado inteiro os negociantes de Nova York ficaram presos aos dados de superávit excessivo relatos pelo USDA – e o açúcar perdeu 21% de valor mesmo com consultorias, inclusive brasileiras, dando até déficit global.
E agora se aguarda, ainda, o próximo levantamento do Departamento de Agricultura americano, em maio.
Em todo caso, o mercado continua agora grudado às informações brasileiras. E nem o petróleo em alta, acima dos US$ 65 o barril, tem dado suporte ao açúcar.
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