Praga em cana da Índia e chuvas no Brasil sustentam ritmo de alta do açúcar em NY
A recente tendência de alta do açúcar em Nova York, que chegou a 28,49% no contrato março, neutralizou o efeito cambial e a pressão dos juros em alta nos Estados Unidos (que desviava compras da commodity para títulos), e acentuou a atenção do mercado com a possibilidade de uma safra indiana (recém iniciada) menor do que se projetava e o atraso da moagem no centro-sul brasileiro com as chuvas.
Os 13.89 c/lp desta sexta (19), do próximo vencimento da ICE Futures (março) que caminhava para uma pequena correção de baixa e acabou ficando estável, mas ainda assim acima da linha d´água, demonstra o que Maurício Muruci, da Safras & Mercados, enxerga como um ritmo para alcançar os 14 c/lp.
"O mercado está vendo as notícias das infestações de larvas em dois dos maiores estados produtores da Índia, com possibilidade de quebra de 10% da safra", explicou o analista. Da projeção de 35 milhões de toneladas, a praga poderá tirar 3,5 mi/t de matéria-prima, reduzindo o excedente de açúcar já esperado no mercado internacional.
Do Brasil, o fundamento são as chuvas, que estão paralisando zonas importantes processadoras, como o Paraná (veja aqui entrevista de Miguel Tranin, da Alcopar, de quinta/18), e atrapalhando o ritmo em outras. E semana que vem viriam mais, segundo interpretação que Muruci faz dos mapas climáticos, em torno de 105 mm.
Em que pese o mix alcooleiro não mudou, portanto o mercado já precificava há tempos maior destinação de cana para etanol, ainda assim o ritmo de produção de açúcar cai um pouco mais.
Para um mercado que vinha sobrecomprado, com a baixa histórica do alimento este ano, poderá haver "alguma correção pontual e limitada de curto prazo ainda não irá significa uma reversão de tendência de modo mais amplo. Parte deste movimento também ocorre por questões fundamentais ligadas a próxima safra na Índia", na interpretação da Safras.
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