"Golpe duplo" do Brasil leva cotações do açúcar aos patamares mais baixos dos últimos 13 meses
Os futuros do açúcar obtiveram sua maior baixa em 13 meses devido a um "golpe duplo" causado pelo corte nos preços dos combustíveis, além de dados que mostram que as usinas brasileiras estão processando mais cana-de-açúcar do que era esperado pelo mercado.
A indústria do Centro-Sul do país, que é responsável por 90% da produção de açúcar do Brasil, processou 38,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na primeira metade deste mês, segundo informações da Unica.
Apesar de ter havido uma queda de 1,2 milhões de toneladas de cana processada em relação à primeira metade do mês de maio do ano passado, os números estão acima das 36,2 milhões de toneladas esperadas pelos investidores, que haviam previsto uma quebra devido a chuvas no período.
O volume do açúcar produzido durante a quinzena, de 2,11 milhões de toneladas, significou um aumento ainda de 35.000 toneladas ao ano, contrastando com a queda de 225.000 toneladas que o mercado vinha esperando, de acordo com uma pesquisa da S&P Global Platts.
Açúcar x etanol
A produção de açúcar refletiu um aumento de 46,8% na proporção da safra transformada em açúcar ao invés de etanol.
Este fator também esteve 0,9% acima das expectativas dos investidores.
Além disso, a cana-de-açúcar estava em melhores condições do que o esperado pelos analistas, chegando a uma concentração de 122,9kg de açúcar por tonelada.
Preços mais baixos dos últimos 13 meses
Os futuros do açúcar bruto para julho/17 estenderam as quedas após os dados, apresentando-se em 15,05 cents/lb em Nova York, a cotação mais baixa para um contrato spot desde abril do ano passado e uma queda de 4,1% no dia.
As cotações em Londres também atingiram a maior baixa em 13 meses, de 438,00 a tonelada.
O complexo também esteve sobre pressão depois de a Petrobrás revelar um corte de 5,4% nos preços para a gasolina e de 3,5% para os preços do diesel. Assim, o preço do etanol também é afetado, tornando mais fraca a competição pela produção de biocombustível a partir da cana-de-açúcar.
Gasolina, impactos reais
"Se o corte total dos preços dos combustíveis for repassado aos consumidores, isso poderia representar uma redução estimada de 2,2% nos preços do diesel e 2,4% nos preços da gasolina", disse Nick Penney, trader sênior na Sucden Financial.
"Isso poderia reduzir a competitividade do etanol com a gasolina e, dada a fraqueza continuada no real brasileiro, encorajar os produtores a produzir açúcar para exportação ao invés de etanol para consumo interno", acrescentou o trader.
O açúcar tende, assim, a trazer mais benefícios do que o etanol, destacada a presença ativa do Brasil nas exportações do adoçante.
Tradução: Izadora Pimenta
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