Cosan avalia ativos da Petrobras, descarta novo investimento em açúcar em 2016
SÃO PAULO (Reuters) - A companhia de energia e infraestrutura Cosan avalia a possibilidade de comprar ativos que venham a ser vendidos pela Petrobras e estejam dentro de suas áreas de atuação, mas descarta novos aportes no setor de açúcar em 2016, afirmou nesta quinta-feira o presidente do Conselho de Administração da companhia, Rubens Ometto.
"A gente tem que analisar um por um, é claro. A Petrobras tem ativos ótimos. A gente estuda tudo. É claro que tudo que envolve distribuição de combustíveis, geração de energia, gás, nós estamos sempre analisando", disse o Ometto a jornalistas em evento do Itaú BBA.
Com problemas financeiros, a Petrobras planeja venda de ativos de mais de 14 bilhões de dólares neste ano. Há expectativas de que a companhia possa se desfazer de negócios como a subsidiária BR Distribuidora, de combustíveis, além de gasodutos, usinas de geração termelétrica e outros.
Ometto foi enfático, no entanto, ao dizer que a Cosan não estuda novos investimentos no setor de açúcar neste momento.
"Em hipótese nenhuma. (Estamos) sempre melhorando a produtividade do que já temos implantado... tentando tirar mais... nem usinas, nem aquisições, estamos satisfeitos com o tamanho em que estamos".
Entre os principais negócios da Cosan está a produção e comercialização de açúcar e etanol, por meio da Raízen, joint venture com a Shell. A Raízen, maior produtora de açúcar e etanol de cana, também atua na distribuíção de combustíveis.
A Cosan também controla a distribuidora de gás natural Comgás, a maior do Brasil, e atua no setor de transporte com a Rumo Logística, cujo principal acionista é a Cosan Logística.
A Cosan também possui negócios em lubrificantes, gestão de terras e soluções em transporte e armazenagem.
As ações da empresa operavam em alta de 2,6 por cento, por volta das 14h30, enquanto o Ibovespa subia 1,2 por cento.
INTERVENÇÃO
Ometto afirmou ainda que uma eventual redução de preço da gasolina pela Petrobras neste momento representaria uma intervenção indevida do governo federal na petroleira estatal.
Na terça-feira, a presidente Dilma Rousseff disse que há discrepância entre os preços de combustíveis internacionais e os praticados no Brasil, mas descartou uma intervenção estatal na definição sobre o assunto. "O governo não tem nada a ver com subir ou baixar o preço da gasolina", disse.
Na segunda-feira, a Petrobras afirmou que "não há previsão, neste momento, de reajuste nos preços de comercialização de gasolina e diesel". No mesmo dia, no entanto, fontes na companhia afirmaram à Reuters que o tema era debatido internamente, embora não fosse esperada uma decisão imediata.
REDUÇÃO DE CUSTOS
Ometto também afirmou que a Cosan tem conseguido reduzir custos com mão de obra em meio à recessão do país, que possibilita melhores negociações salariais.
"Com o aumento do desemprego, estamos conseguindo melhor margem para negociação (de salários)", disse.
O executivo também afirmou que tem visto uma volta do interesse de investidores do setor de açúcar e etanol por aquisições no Brasil, em meio a um cenário de recuperação dos preços do açúcar no mercado internacional e bom nível de preços e de demanda do etanol no mercado local.
(Por Aluísio Alves e Erick Noin)
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