Brasil deve ampliar uso de cana para produção de açúcar na temporada 2016/17
SÃO PAULO/LONDRES (Reuters) - Uma parcela maior da cana do Brasil deverá ir para a produção de açúcar em 2016/17 que na temporada anterior, o que dará um impulso para uma oferta global apertada, com preços mais atraentes para o adoçante que para o etanol derivado da cana.
Operadores disseram que a fraqueza da moeda brasileira ante o dólar ajudou a elevar a atratividade da produção de açúcar.
A maior parte do açúcar do Brasil é exportado em dólares, enquanto o etanol é vendido principalmente no mercado doméstico e pago com a enfraquecida moeda local.
"Ainda é cedo, mas nós estamos projetando de 43,5 a 56,5 por cento de açúcar para etanol em 2016, após um 2015 rico em etanol, quando apenas 41,8 por cento da cana foi para a produção de açúcar. O principal motivo é o preço, que está bastante atraente", disse Arnaldo Correa, da Archer Consultoria em São Paulo.
O açúcar contrariou uma tendência em geral negativa para os preços das commodities em 2015, com uma modesta alta de 5 por cento. Quando os preços são convertidos para real, no entanto, a alta é bem maior, de mais de 50 por cento.
Outros analistas também projetaram um retorno à maior produção de açúcar que poderia ser guiada pela retomada de climas mais normais, após pesadas chuvas no final de 2015 reduzirem o conteúdo de açúcar na cana do Brasil.
O Rabobank prevê que 43 por cento da cana do centro-sul do Brasil será alocada para açúcar em 2016/17, ante 41 por cento estimados para 2015/16.
Analistas da Green Pool projetam que 42,5 por cento da cana do centro-sul irá para o açúcar, ante 40,8 por cento previstos para a temporada anterior.
O mercado global de açúcar começou a ficar mais apertado, com um déficit global amplamente esperado para a temporada 2015/16 depois de quatro anos consecutivos em que a oferta superou a demanda.
Operadores disseram que produtores do Brasil, maior exportador global de açúcar, estão buscando tomar vantagem dos altos preços com operações de hedge em contratos futuros de açúcar bruto na bolsa ICE, fechando antecipadamente o preço que receberão pela produção da próxima temporada.
(Por David Brough e Reese Ewing)
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