Pressão nos preços da soja reforça Barter como estratégia para o produtor
A safra de grãos 2024/25 no Brasil, marcada por uma produção elevada de soja e preços favoráveis para o milho, vem exigindo estratégias financeiras cada vez mais precisas dos produtores. Em um cenário onde a oferta supera a demanda, especialmente no caso da soja, e gargalos logísticos já preocupam o setor, o Barter desponta como uma alternativa para garantir insumos e mitigar riscos.
No caso da soja, os números são robustos, mas o cenário traz desafios. O clima contribuiu para uma excelente produtividade, mesmo alguns estados sofrendo com seca, como Rio Grande do Sul, Norte e Oeste do Paraná e Sul do Mato Grosso do Sul, que começaram a sofrer impacto na qualidade de seus grãos. Desta forma, a produção total deve pressionar os preços nas próximas semanas, com expectativas de queda mais acentuada durante o pico da colheita, que ocorre entre os meses de fevereiro a abril.
“O produtor está diante de uma safra cheia, mas precisa lidar com preços menores devido à alta oferta e ao recuo do dólar, que já está na casa dos R$5,90. Além disso, os gargalos logísticos no auge da colheita encarecem o transporte e reduzem a margem de lucro no campo”, explica Christian Queiroz, analista de Operação Estruturadas da ADAMA. Esses fatores reforçam a importância de o produtor antecipar decisões estratégicas. “O Barter é essencial nesse momento porque permite travar os custos com insumos antes que os preços caiam ainda mais. Assim, o agricultor reduz sua exposição às volatilidades do mercado e garante maior segurança financeira”, acrescenta.
Milho em alta mantém oportunidades para o produtor
Já o milho vive um cenário oposto. A demanda interna segue aquecida, especialmente pelo setor de ração animal e as indústrias de etanol, com uma oferta limitada de produção. Os preços permanecem elevados, com a saca chegando a valores entre R$65 e R$80, dependendo da região. “Para o milho, a relação de troca é bastante vantajosa, e o produtor pode aproveitar esse momento para negociar insumos mais baratos ou até utilizar instrumentos financeiros, como opções de alta, para garantir melhores margens. Isso traz mais previsibilidade em um mercado que ainda apresenta boas oportunidades, mesmo com o crédito restrito e os juros elevados”, destaca Queiroz.
No modelo de Barter, o produtor troca parte de sua produção futura por insumos agrícolas, reduzindo os riscos associados às oscilações de preços das commodities. “Essa modalidade gera uma triangulação segura entre produtor, tradings e empresas fornecedoras de insumos. O agricultor garante o abastecimento necessário para a safra, enquanto as empresas asseguram o recebimento futuro em grãos”, explica o especialista.
A expectativa é de que as condições favoráveis para Barter, especialmente na soja, se mantenham até a primeira quinzena de fevereiro. Após esse período, a pressão sobre os preços pode tornar a relação de troca menos vantajosa. “Com juros elevados e crédito escasso, a antecipação de decisões é fundamental para o agricultor evitar prejuízos e especular com segurança sobre sua produção”, alerta Queiroz.
Impactos globais e perspectivas para 2025
Outro fator que influencia o mercado é a redução das taxas de exportação na Argentina, que aumentou a competitividade do país no mercado internacional. Isso deve trazer ainda mais pressão sobre os preços das commodities agrícolas brasileiras. Além disso, o mercado já começa a olhar para as intenções de plantio nos Estados Unidos, que serão divulgadas pelo USDA em março, dando início a um ciclo de especulações sobre a próxima safra de milho e soja no Hemisfério Norte.
Em um ano de tantos desafios, o Barter se consolida como uma ferramenta estratégica, reforça Queiroz, para que o produtor atravesse as incertezas do mercado, protegendo sua operação e garantindo segurança financeira no cenário atual.
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