Setor de produção de etanol de milho e DDGs está aquecido e otimista
A indústria de etanol de cereais está há quase uma década no Brasil em constante crescimento. Atualmente, segundo o gerente de desenvolvimento de negócios da Novonesis, Rafael Piacenza, estamos passando por um momento de otimismo, com previsão de mais anúncios de novas plantas e aumento de produção. Segundo projeção apresentada pelo executivo durante a 10ª edição do TECO Latin America, evento voltado para a cadeia produtiva de etanol de cereais, a quantidade de usinas anunciadas ou em funcionamento deve ter um crescimento de 75% nos próximos anos.
“Hoje temos 32 usinas (em produção, em construção ou não operação). Se unirmos anúncios de novas construções e de empresas que nos prospectam, esse número deve chegar a 56 nos próximos anos”, afirma Piacenza. A projeção, que foi apresentada durante um painel sobre oportunidades e desafios para o setor, também prevê que em um futuro próximo – cerca de cinco anos –, o processamento de milho por dia alcançará 107 mil toneladas, chegando a gerar de 11 milhões de toneladas de DDGs por ano. O aumento de usinas também deve impulsionar a produção de etanol de milho, que para a safra 2024/25 está prevista para 8 bilhões de litros/ano, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Essas novas usinas devem mudar o cenário atual. A predominância dessa indústria atualmente está no Centro-Oeste, totalizando pouco mais de 70%. A previsão é que nos próximos anos o mercado se expanda para outros estados, como Maranhão e Rio Grande do Sul. Estas novas fronteiras possibilitaram a utilização de diferentes grãos/matérias-primas, como sorgo, trigo e triticale. “O grande interesse é reflexo da busca por energias renováveis e o bom momento do setor, com bom retorno e margens do mercado atrativas”, afirma Piacenza.
O aumento da produtividade também pode auxiliar na expansão do setor. Fabrício Leal Rocha, diretor do negócio de bioenergia da Novonesis na América Latina, explicou como melhorar a lucratividade da produção em seu painel sobre estratégia operacional. “Existem alguns desafios, mas nos parece apropriado para o momento atual aumentar a produtividade ao otimizar processos, utilizando suporte técnico especializado e as novas gerações de leveduras”, por exemplo, comenta.
Rocha mostrou como essa melhoria pode impactar diretamente na rentabilidade da unidade produtiva. “Pegamos os preços de setembro e elaboramos uma simulação que tem como base uma planta, com processamento de milho de 5.600 toneladas/dia. Se aumentarmos a produtividade dela em 3% a 9%, conseguiremos um aumento no lucro líquido anual de R$33 mi até R$100 mi”, afirma.
Outros temas relevantes também foram tema do evento, entre eles o cenário macroeconômico, tendências da indústria, oportunidades e desafios para o setor (como a comercialização de etanol, a conversão do agronegócio em agroindústria, futuro dos biocombustíveis e inovação e o ambiente de negócios dos grãos secos de destilaria com adição de solúveis (Distiller’s Dried Grains with Solubles - DDGs, um coproduto da produção de etanol de milho).
DDGs
O mercado consumidor externo vem apresentando oportunidades ao DDGs, segundo apresentou Andrea Veríssimo, diretora de Relações Internacionais e Comunicação da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM). Hoje a instituição está buscando estreitar relacionamento com países como Vietnã, Nova Zelândia, Indonésia e China. Ressaltou também que o DDGs brasileiro está sendo bem recebido, pois está entrando como um segundo fornecedor, reduzindo a dependência dos EUA.
Em 2023, segundo dados da Secretaria do Comércio Exterior (Secex), a exportação de DDGs chegou a 608 mil toneladas. O acumulado de 2024, de janeiro a agosto, já está em 496 mil toneladas, com estimativa de fechar próximo aos números de 2023.
Durante o evento, o diretor de pesquisa e desenvolvimento da Inpasa, Daniel Sarmento, destacou que para melhor atender os mercados, a indústria precisa definir padrões para o produto, tendo em mente as diferentes espécies de animais atendidas e baseando-se no potencial nutricional.
Além disso, afirmou que o milho precisa ter um padrão constante de concentração de nutrientes e potencial desempenho animal, atentando-se também às micotoxinas da matéria-prima que podem contaminar o DDG.
Etanol de milho
A frota brasileira é composta por 42 milhões de veículos leves, sendo 90% de veículos flex, percentual alcançado depois de mais de 20 anos, sendo assim, a transição para elétricos ou híbridos vai levar ao menos uma década para ter efeitos relevantes no mercado de etanol de milho.
A estimativa do setor – apresentada por Pedro Paranhos, CEO da Evolua Etanol – é de que, para a temporada 2034/35, 36% do etanol produzido será de milho, uma produção em torno de 16 a 18 bilhões de litros. Para o mesmo período, a projeção para o etanol de cana é de 31 e 33 bilhões, também com um crescimento, mas menos evidente que o do grão. Hoje o etanol de milho representa 23% do mercado.
Novo mercado - Combustíveis marítimos
A descarbonização do transporte marítimo está em discussão global. Entre as alternativas de combustíveis temos hoje Metano Sintético, Metanol Verde, Etanol Verde, Amônia Verde e Hidrogênio Verde.
Lucas Correia, gerente de negócios da Wartsila, em sua apresentação apontou que o etanol verde é uma opção de combustível marítimo e que a empresa, que trabalha no desenvolvimento de tecnologias para mercados marítimos, está desenvolvendo um motor que pode ser movido tanto à etanol quanto à metanol.
0 comentário
Pátria: Plantio da soja 2024/25 chega a 83,29% da área
Soja tem cenário de sustentação em Chicago agora, principalmente por força da demanda
USDA informa novas vendas de soja nesta 6ª feira, enquanto prêmios cedem no Brasil
Soja opera estável nesta 6ª em Chicago, mas com três primeiros vencimentos abaixo dos US$ 10/bu
Soja volta a perder os US$ 10 em Chicago com foco no potencial de safra da América do Sul
USDA informa nova venda de soja - para China e demaisa destinos - e farelo nesta 5ª feira