Soja cai forte em Chicago e, ao lado do dólar, pesa sobre os preços no mercado brasileiro
A terça-feira (9) terminou com baixas de 16 a 19,50 pontos nos principais vencimentos da soja negociados na Bolsa de Chicago. Assim, o julho terminou o dia com US$ 14,14 e o agosto com US$ 13,47 por bushel. O mercado acompanhou as baixas dos demais grãos e dos derivados, em especial o farelo, que perdeu quase 2% neste pregão.
O dólar também caminha para fechar o dia em queda, voltando a operar abaixo dos R$ 5,00, e com as perdas na CBOT, combinando mais um momento de pressão sobre os preços da soja no mercado brasileiro. O movimento, inclusive, faz com que os preços devolvam os ganhos registrados ontem, de algo como R$ 1,50 e R$ 2,00 por saca, como explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Nos portos, os preços foram também têm perdido força em função deste cenário, e a melhor posição do momento, que é o setembro, variando de R$ 151,00 a R$ 151,50, depois de, no começo do dia ter testado algo perto de R$ 153,00/saca.
"O mercado se acomodou um pouco, mas a variação ainda não é tão significativa", afirmou Brandalizze, que complementa dizendo ainda que os negócios estão fluindo pela necessidade do produtor de fazer caixa. "Os negócios estão acontecendo, produtor vendendo, negócios no Sul fluindo, onde estão na reta final da colheita. Muita gente tem dívidas em maio então estão aproveitando para vender, evitando deixar para os últimos dias do mês. E os preços ja evoluíram de R$ 4,00 a R$ 5,00 desde o 'pico da baixa'".
BAIXAS EM CHICAGO
As baixas refletem o bom avanço da safra 2023/24 dos Estados Unidos, segundo explicam analistas e consultores de mercado.
Os números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportados no final da tarde de ontem voltaram a trazer índices de semeadura acima das expectativas do mercado, do mesmo período do ano passado e da média dos últimos cinco anos.
A semeadura da soja chegou a 35% da área, contra 34% da projeção do mercado e frente aos 19% da semana passada. No ano passado, neste mesmo período, o plantio estava concluído em 11% apenas e a média é de 21%. São 9% dos campos que já emergiram, contra 3% de 2022 e 4% de média.
"Com o plantio antecipado, o risco de quebra se dilui nos EUA e, com isso, o mercado já toma uma postura bem mais 'vendedora' na CBOT", explica o time da Agrinvest Commodities.
E o plantio avança bem diante das boas condições de clima nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos, em especial no Corn Belt, o que pesa ainda mais sobre as cotações. As previsões do NOAA, o serviço oficial de clima dos EUA, apontam que os "céus limpos" deverão seguir até o final desta semana, construindo um cenário ideal para o prosseguimento da semeadura, já que as chuvas também têm chegado na hora certa.
Os mapas para os próximos 6 a 10 dias sinalizam que as temperaturas deverão ficar acima da média nas regiões do Noroeste do Pacífico, norte e centro das Planícies, com poucas chances de altas temperaturas no Meio Oeste no começo da próxima semana.
No período dos próximos 8 a 10 dias, ainda de acordo com o NOAA, "o tempo seco continuará a persistir ao norte das Planícies Centrais e no leste do Corn Belt", como mostram os mapas abaixo.
Além disso, o mercado ainda continua sentindo a pressão de uma grande oferta de soja disponível no Brasil - o que o mantém muito competitivo, pelo menos, até setembro - e monitora a demanda 'da mão para a boca' por parte da China, sem grandes novidades nestes dois horizontes.
Ao mesmo tempo, vai se ajustando para a chegada a do novo relatório mensal de oferta e demanda do USDA - nesta sexta-feira, 12 - que chega com as primeiras projeções da safra 2023/24 e faz com que o boletim seja muito esperado.
O financeiro também permanece no radar dos traders, com a crise dos bancos nos EUA ainda acontecendo, a recuperação da China pós-pandemia acontecendo de forma mais contida do que o esperado e as fragilidades da economia mundial ainda em evidência.
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