Soja: Brasil encerra semana negociando perto de 2 mi de t, volume ainda abaixo do ideal para o período

Publicado em 31/03/2023 17:48

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O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), mais uma vez, surpreendeu e o mercado da soja reagiu na Bolsa de Chicago. O Prospective Plantings, relatório que traz as primeiras projeções de área de plantio para a safra 2023/24 norte-americana, trouxe 35,41 milhões de hectares que deverão ser dedicados à oleaginosa no país, mesmo número estimado em fevereiro, durante o Agricultural Outlook Forum. Além disso, a projeção fica em linha ainda com a área do ano passado, de 35,39 milhões de hectares. 

A média esperada pelo mercado era de 35,71 milhões de hectares, em um intervalo de 35,48 a 36,27 milhões. Dessa forma, as altas para os futuros da commodity negociados na CBOT vieram e o dia se encerrou com ganhos de 16 a 31 pontos, com os ganhos mais expressivos entre os contratos mais próximos. Assim, a posição maio voltou aos US$ 15,00 e fechou o dia com US$ 15,05 por bushel, enquanto o julho ficou em US$ 14,75 e o agosto com US$ 14,21 por bushel. 

"O mercado estava esperando um aumento e veio a manutenção. Isso pode mudar ainda. Acho que o USDA está sendo muito conservador, acho que tem espaço para mudar a área de soja e já ficou claro que o produtor de milho vai centralizar o aumento no milho neste ano, e faz sentido diante de preços interessantes do milho. Mas, tem espaço para crescer um pouco mais a área de soja", afirma Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado. 

O especialista explica também que, assim como o produtor brasileiro já vem sentindo, o produtor americano deverá marcar um recuo nos custos de produção da nova safra, principalmente pelos preços mais baixos dos fertilizantes - na comparação anual - o que lhe dá um pouco mais de segurança para este aumento de área dedicado à soja. 

"Para Chicago isso é positivo e traz um cenário não muito ruim mais lá para frente, porque essa área (de 35,41 milhões de hectares) ainda possibilita uma safra recorde, mas para esse recorde, para acontecer, tem que contar com um clima ótimo. Se o clima for ótimo, com essa área eles colhem quase 122 milhões de toneladas ou até um pouco mais", detalha Gutierrez. "Então, vem para Chicago um suporte no curto prazo que não estávamos esperando. Mais para frente sobe a régua de até onde Chicago pode chegar com uma super safra estimada pelos EUA e, no meio tempo, entre o plantio e a colheita americana, o mercado climático mais sensível com esta área menor do que o mercado esperava". 

E este suporte será bem vindo diante das últimas pressões que o mercado em Chicago tem sentido e que foram refletidas em uma baixa, no acumulado de março, de 0,61% no contrato julho - que passou de US$ 14,84 para US$ 14,75 - e de 2% no agosto - que caiu de US$ 14,50 para US$ 14,21 por bushel. O peso vem ainda da oferta robusta vinda do Brasil e uma demanda ainda contida por parte da China. Agora, passa a monitorar cada vez mais de perto a safra norte-americana, em especial as condições de clima no Corn Belt. 

Ainda nesta sexta-feira, o USDA trouxe também seu relatório de estoques trimestrais e os números da soja ajudaram ainda mais nos ganhos. 

Os estoques trimestrais foram estimados pelo USDA em 45,86 milhões de toneladas, contra 47,41 milhões esperados pelo mercado, na média das projeções. Em março de 2022 o número era de 52,58 milhões. 

SEMANA NO BRASIL

As altas desta sexta-feira em Chicago pouco impacto tiveram sobre a formação dos preços no Brasil e, consequentemente, esta foi mais uma semana de negócios ainda lentos no país, como explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, com perto de dois milhões de toneladas de soja negociadas nos últimos dias. 

"Isso ainda é muito abaixo do normal. Na última semana de março deveríamos estar negociando perto de cinco milhões de toneladas, mas essas altas de hoje ainda travaram um pouco mais, já que os produtores acreditam que os preços possam subir um pouco mais e a dólar voltou a cair frente ao real", detalhou. A moeda americana, nesta sexta, fechou com baixa de 0,6% e R$ 5,07. Nas últimas seis sessões, a moeda norte-americana acumulou baixa de 4,16%.

Ainda assim, neste último dia útil da semana os indicativos nos portos apresentaram uma melhora de cerca de R$ 1,00 por saca - variando de R$ 157,00, no maio, a R$ 165,00, R$ 166,00 no agosto. "Mas estes são preços ainda bastante distantes do que os produtores gostariam", afirma Brandalizze, lembrando que, apesar disso, estes são ainda referências que remuneram adequadamente o produtor brasileiro. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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