Coamo aluga armazéns para receber grande safra em meio a lentas vendas de soja

Publicado em 17/02/2023 18:03 e atualizado em 20/02/2023 06:33

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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – Com parte de seus armazéns ainda ocupados por safras passadas e diante da expectativa de uma colheita recorde de soja, a Coamo Agroindustrial está alugando estruturas de armazenagem e tem recorrido a alternativas provisórias como “silos bags” para receber a produção dos cooperados em 2022/23, disse à Reuters o presidente do Conselho de Administração da cooperativa, José Aroldo Gallassini, nesta sexta-feira.

Ele acrescentou que os cooperados seguem vendendo a safra de grãos lentamente após queda nos preços, diante de uma situação financeira “confortável” desses produtores após cotações mais altas no ano passado, o que reduz a necessidade de negócios a qualquer valor.

A Coamo, maior cooperativa agrícola do Brasil, recebe o produto de seu associado mesmo que ele não tenha fixado a venda, o que explica o movimento em busca de armazéns. Se a comercialização estivesse mais ativa, esse produto seria escoado, reduzindo a necessidade de silos.

“O cooperado está vendendo devagar, estamos com problema de espaço (nos silos). Estamos alugando diversos meios para receber a safra, como ‘silo bag’ e também silos de plástico para botar o produto no tempo e cobrir. E também alugando armazéns, tudo o que for possível para poder receber a safra dos cooperados…”, disse ele.

A Coamo, com sede em Campo Mourão (Paraná) e atuação em Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, projeta aumento da colheita de soja de seus cooperados para 6 milhões de toneladas em 2022/23, ante 3,18 milhões na temporada passada afetada pela seca.

“Temos previsão de grande safra de soja, como nunca tivemos, os preços estão abaixo do que já estiveram, mas em relação ao custo de produção ainda dá resultado”, completou.

As vendas antecipadas de soja da Coamo 2022/23, contudo, estão em 5% do total previsto, ante faixa de 25% a 30% na mesma época do ano passado, disse Gallassini por telefone, enquanto a colheita está em fase inicial nas regiões atendidas pela cooperativa.

“O cooperado está vendendo menos, ele gosta de deixar o produto na poupança”, comentou em referência aos armazéns, ponderando que isso acaba sobrecarregando a estrutura de armazenagem apesar de investimentos recentes da Coamo e ampliação de entrepostos. Ele não detalhou os custos adicionais com o aluguel de armazéns.

Esse gargalo na armazenagem acontece também em outras partes do Brasil, uma vez que o país vai colher mais grãos na safra de verão 2022/23 do que sua capacidade total de armazenagem, algo que não acontecia há 20 anos.

RESULTADO RECORDE

Os comentários de Gallassini foram feitos no dia em que a cooperativa está distribuindo sobras aos cooperados, após uma receita recorde no ano passado, de 28,1 bilhões de reais (+14,1% em relação a 2021), mesmo diante da redução da safra passada, que foi mais do que compensada pelos preços.

“Está tudo na conta do cooperado para poder usar a partir de hoje”, disse o presidente do conselho da cooperativa.

A Coamo conseguiu “sobra líquida” de 2,258 bilhões de reais em 2022, um incremento de 23,1% em relação ao ano anterior, com o impulso de preços de commodities e de volumes de vendas da linha alimentícia.

O preço da soja começou 2022 em 162 reais a saca e alcançou rapidamente o recorde de 200 reais em plena colheita, recuando depois para níveis próximos dos iniciais.

Em 2022, a Coamo recebeu 7,470 milhões de toneladas nas suas 114 unidades, localizadas nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, representando 2,8% da produção brasileira de grãos.

Com mais de 30,7 mil cooperados, a Coamo exportou em 2022 cerca de 2,1 milhões de toneladas de produtos, com uma redução de 43% em relação ao ano anterior, reflexo, principalmente, da quebra da safra de soja e do ritmo lento de fixação da produção pelos cooperados.

Os investimentos totalizaram 1,279 bilhão de reais em 2022, com novos entrepostos em Mato Grosso do Sul, a construção de instalações em Campo Mourão para um novo entreposto e uma fábrica de ração que entrará em funcionamento em 2023. Foram feitas ainda aquisições de áreas rurais para reflorestamento e implantação de uma Fazenda Experimental em Dourados (MS), entre outros aportes.

(Por Roberto Samora)

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Fonte:
Reuters

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