Soja: Mercado só vai começar 2023 nesta 3ª feira, mas foco permanece sobre clima e dólar

Publicado em 02/01/2023 17:38

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A primeira semana do ano começou, neste 2 de janeiro de 2023, esvaziada de negócios no mercado da soja já que a Bolsa de Chicago esteve fechada nesta segunda-feira, retomando seus negócios apenas na terça-feira (3), a partir das 11h30 (horário de Brasília). Assim, compradores e vendedores começaram o novo ano observando e redesenhando suas estratégias diante dos desafios que se apresentam a partir de agora. 

Um dos mais importantes será o cambial. No primeiro dia do novo governo e depois dos discursos do presidente Luís Inácio Lula da Silva - mais uma vez chamando o teto de gastos de uma "estupidez que será revogada" - o dólar subiu mais de 1,5%, superando os R$ 5,35 e o Ibovespa perdeu mais de 3%. 

"Essa forte aversão aos ativos brasileiros é decorrência do tom do discurso adotado neste domingo (1) na posse do presidente Lula, desoneração renovada para o preço dos combustíveis e mudança na gestão das empresas públicas. Em sua primeira fala, Lula tratou de enfatizar que o governo voltará a ter um grande papel de indutor do crescimento econômioco, algo que desagrada o mercado", explica a equipe da Agrinvest Commodities. "Aos investidores, esse comentário remete ao desastroso mandato da ex-presidente Dilma, quando se iniciou um processo de enorme desarranjo das contas públicas de um Estado muito mais gastador". 

Assim, com um cenário ainda formado por mais perguntas do que respostas, o mercado da soja usou o dia de ausência das referências importantes da CBOT para um dia de reflexão, menos negócios e mais entendimento de que caminhos tomar a frente. 

O clima continua sendo o vetor mais importante para o mercado neste momento, sobretudo na América do Sul. Ainda segundo a Agrinvest, o final de semana foi de boas chuvas para o Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, enquanto os volumes permanecem muito limitados para o Rio Grande do Sul. As perdas no estado gaúcho são consideráveis para a safra 2022/23 de soja e o tempo de recuperação é curto. 

Em alguns estados, como o Mato Grosso, a colheita já foi iniciada e os resultados têm atendido às projeções iniciais para o maior estado produtor da oleaginosa no Brasil. 

Mais do que o Brasil, preocupa a Argentina. Sua nova safra de soja vem sofrendo com adversidades desde os primeiros trabalhos de plantio, amargando uma das mais severas estiagens da história. Neste final de semana, boas chuvas foram registradas - com os maiores volumes se concentrando no sul do Córdoba, La Pampa, San Luis, noroeste e sul de Buenos Aires, de acordo com o Serviço Meteorológico Nacional (SMN) e o Centro de Pesquisas de Recursos Naturais do INTA. 

Os mapas abaixo, do SMN, mostram os volumes nas viradas dos dias 31 de dezembro para 1º de janeiro e de  1º para 2 de janeiro. 

Chuvas na Argentina
Mapas: Serviço Meteorológico Nacional

Embora muito bem-vindas, tais chuvas são insuficientes para reverter todo o estrago já causado pela seca. "O país vizinho é o que mais tem sofrido com o La Niña neste ano e tudo caminha para mais um ano de quebra por lá. E só há previsão de novas chuvas para daqui 10 dias, o que deverá piorar ainda mais a condição das lavouras que já estão muito ruins", complementa a Agrinvest Commodities. 

Dessa forma, o time da consultoria acredita que haja suporte para os preços da oleaginosa "no curtíssimo prazo". O mercado da soja na Bolsa de Chicago fechou um ano acima dos US$ 15,00 por bushel pela primeira vez na história em 2022, justamente de olho nas condições do clima, em especial da Argentina. Afinal, o cenário não afeta somente a soja em grão, mas todo o complexo soja e a Argentina é a maior exportadora global tanto de farelo, quanto de óleo. 

Além do clima na América do Sul, as atenções também se voltam às previsões para os Estados Unidos e para a safra 2023/24 que começa a se desenhar. Aos poucos, o mercado vai recebendo as informações das definições dos produtores americanos, os custos de produção, os investimentos e da disputa por área, o que também deverá ajudar a direcionar o caminhar das cotações. 

Para o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado, "ainda é cedo para cravarmos essas perdas (Rio Grande do Sul e Argentina) e janeiro é decisivo". Ainda segundo ele, é preciso chover para que ao menos sejam colhidas safras "razoáveis" não só no Rio Grande do Sul e Argentina, mas também em Santa Catarina. 

"Os mapas mostram chuvas abaixo da média nos meses de janeiro e fevereiro, o que está preocupando o mercado e dando suporte aos preços. Mas, se voltar a chover, o mercado pode dar uma corrigida. E a tendência é de firmeza para os próximos dias em cima desses mapas que apontam para pouca umidade", complementa. 

Dessa forma, Gutierrez acredita que esse suporte e mais a alta forte do dólar frente ao real dão sustentação também a referências melhores para a retomada dos negócios no mercado brasileiro com a volta da CBOT. "A tendência é de preços ainda firmes até a entrada da safra, que deve começar a acontecer a partir da segunda quinzena, se o clima permitir". 

Na sequência, do final de janeiro para o início de fevereiro, a tendência é de que os preços dêem uma corrigida para baixo diante de um volume maior de soja disponível. 

"Mas, ainda estamos falando de preços bastante altos. No entanto, temos que cuidar. O tamanho das safras do Sul do Brasil e da Argentina será decisivo para entendermos melhor o movimento dos preços. Neste momento, ainda trabalhamos com preços mais fracos para os primeiros meses de 2023 para a safra nova. Se começarmos a ver perdas maiores na Argentina e no Rio Grande do Sul, Chicago pode refletir isso positivamente e trazer um certo suporte, assim como o câmbio, principalmente pelas incertezas do novo governo", detalha Luiz Fernando Gutierrez. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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