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Soja 2022/23: Risco climático ainda pode mexer com estimativas do BR e analistas divergem dos números da Conab

Publicado em 08/12/2022 17:54

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O número apontado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) nesta quinta-feira (8) de 153,47 milhões de toneladas para a safra 2022/23 de soja do Brasil divide opiniões entre os analistas e consultores de mercado e, naturalmente, chama a atenção dos produtores rurais. Afinal, a América do Sul passa pelo seu terceiro ano consecutivo de La Niña e as condições climáticas já se mostram bastante adversas em algumas regiões importantes de produção e podem mexer nas estimativas.

Para o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities, "o clima ainda não está decidido para este teto produtivo e este parece ser um número muito otimista". Assim, a consultoria já trabalha com uma projeção de safra, em um teto produtivo, de 150,2 milhões de toneladas. "Vamos viver todo esse mercado climático da América do Sul agora", complementa.

Os mapas climáticos para os próximos dias mostram chuvas bem abaixo da média para importantes regiões de produção no sul do Brasil, pelo menos até meados de dezembro. Os modelos abaixo são do reporte diário do Commmodity Weather Group  (CWG) e mostram esses pontos em marrom onde as precipitações deverão ficar abaixo da média para o período. 

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Mapas: Commodity Weather Group

A mesma visão é compartilhada pelo diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa. "A Conab terá de ajustar seu número no futuro. O La Niña vai comer um pedaço da safra. Ainda não sabemos o tamanho do corte.  Mas vejo que janeiro será seco", diz. "O modelo GFS desta manhã indica clima seco para o Brasil no oeste do RS, leste do PI. Leves acumulados para a maior parte do país, com acumulados moderados no extremo sul do TO, norte de GO e de MG. Os prognósticos de médio prazo indicam que a onda de calor, que atualmente atinge a Argentina, deve também afetar o Paraguai e toda a região sul do Brasil", complementa o executivo no reporte climático do grupo.

Abaixo, a comparação dos modelos americano e europeu para o clima da América  do Sul entre 8 e 18 de dezembro. 

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Direto da fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, na divisa com a Argentina, o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez, relata ao Notícias Agrícolas que as temperaturas passam de 40ºC e há cinco dias não chove na região. E por isso, o estado é um dos principais pontos de atenção para a nova safra neste momento, onde o plantio já está consideravelmente atrasado. 

"A grande preocupação é o Rio Grande do Sul. Temos relatos regionalizados de estados Centro-Oeste e Sudeste, mas, de uma forma geral, não dá para falarmos em problemas amplos. A safra vem se desenvolvendo bem, sempre temos esses problemas regionalizados - que não são importantes até o momento - e estamos falando e devemos falar ainda em safra cheia, ou com problemas pequenos", explica Gutierrez. 

Ele afirma ainda a necessidade de monitoramento do clima no estado gaúcho e o impacto sobre as lavouras, uma vez que a tendência é de tempo seco até o final do ano, com a possibilidade de uma chuva neste fim de semana, a qual não muda o saldo ruim de precipitações esperado para este mês. 

"Por enquanto não podemos falar em perdas relevantes, a ponto de trazermos cortes de produção neste momento. O potencial produtivo continua recorde". 

EFEITOS SOBRE OS PREÇOS

Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja terminaram o dia com altas de 9,75 a 14,25 pontos nos principais contratos, levando os contratos maio e julho, inclusive, a testarem os US$ 15,00 por bushel durante o pregão desta quinta-feira. E o clima na América do Sul, em especial na Argentina, tem sido um dos principais pilares de suporte aos preços. 

Agora, ao lado das informações da Conab, para concluir os dados de 2022, o mercado espera pelos novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que chegam nesta sexta-feira (9). 

"O USDA, provavelmente, irá manter a safra do Brasil em 152 milhões de toneladas, uma vez que as condições vinham favoráveis. No entanto, a seca na Argentina é um problema e ma preocupação, já que o plantio está mais lento do que o normal. E embora o departamento possa 'ignorar' o problema neste reporte de dezembro, há espaço para uma modesta correção para 49,5 milhões de toneladas", acredita o analista líder de grãos do portal DTN The Progressive Farmer, Todd Hultman. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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