Soja: Preços nos portos do Brasil perdem até R$ 10/saca com derrocada do dólar frente ao real
Os preços da soja nos portos do Brasil caíram até R$ 10,00 por saca nos portos do Brasil - para as safras velha e nova - somente nesta segunda-feira (3) diante da despencada do dólar frente ao real. Assim, os negócios no país neste início de semana quase não foram cogitados, já que os produtores se retiraram da ponta vendedora do mercado com a correção dos indicativos frente a uma perda de 4% da moeda americana em relação à brasileira. O dólar marcou sua mais intensa perde diária desde junho de 2018 nesta segunda.
"Não se ouviu falar de negócios. O comprador ajustou o preço para baixo e afastou os vendedores. Os indicativos caíram muito e o produtor quer mais", afirmou Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. "Essa deve ser uma semana bem lenta de negócios".
Assim, o intervalo de preços da soja da safra velha nos portos saiu de R$ 190,00 a R$ 192,00 no final da última semana para algo entre R$ 180,00 a R$ 183,00 no começo desta. Já para a safra nova, as referências cederam de R$ 175,00 a R$ 180,00 para R$ 170,00 e até mesmo abaixo disso nos terminais. "E se temos menos de R$ 170,00 nos portos, quer dizer que está liquidando a menos de R$ 150,00 no interior de Mato Grosso, por exemplo, e isso afasta ainda mais o produtor dos negócios", diz.
No mercado gaúcho de balcão, na manhã desta segunda, os preços conseguiam se manter, todavia, nesta terça já poderiam estar até R$ 5,00 mais baixos caso toda este movimento continue.
Brandalizze diz ter se surpreendido com a queda tão intensa e rápida do dólar e atribui boa parte deste recuo não só ao melhor desempenho de Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições presidenciais, mas também à formação da nova bancada no Congresso Nacional a partir de 2023 muito alinhada ao atual governo federal. "Mesmo que o Lula ganhe, ele terá que lutar contra um Congresso muito forte, contrário a ele. Não será tão fácil como ele imagina. E se o Bolsonaro ganha a tendência do Brasil será de um crescimento muito rápido e o mercado gosta disso, de investimentos, dinheiro circulando, e o dólar continuando a cair", explica.
Ainda assim - e apesar de preços limitados na Bolsa de Chicago neste momento, em partes pelos atuais fundamentos, em partes pelo financeiro - os bons momentos de oportunidade para para a comercialização pelo produtor brasileiro ainda poderão ser observados a frente, principalmente para a soja da safra nova. E parte disso poderia vir pelo movimento dos prêmios.
Embora a baixa do câmbio neste início de semana tenha sido muito intenso e agressivo e as altas em Chicago para os futuros da soja tenham sido comedidas, os prêmios não apresentaram mudanças expressivas nesta segunda, mas seguem em patamares importantes para o produtor. A soja da safra disponível estaria ainda carregando prêmios de 200 a 205 cents de dólar por bushel sobre as cotações de Chicago, enquanto para a oleaginosa da nova temporada variam de 60 a 70 centavos de dólar.
O consultor explica que por mais que os prêmios da safra nova sigam positivos, inclusive diante das perspectivas de uma colheita recorde 2022/23 no Brasil, estes são valores ainda distantes dos prêmios no spot e não animam tanto os produtores para novos negócios.
Para Vlamir Brandalizze, as negociações no mercado da soja tendem a seguir mais lentas não só nesta semana, mas durante todo o período da corrida presidencial para o segundo turno. O mercado cambial tende a seguir muito volátil nestes 27 dias - a segunda etapa do pleito acontece no dia 30 de outubro - e até o dia 10 a China fica fora do mercado já que comemora nestes dias o feriado da Golden Week, ou semana dourada.
O consultor, porém, lembra que os negócios menos intensos agora não se dão por uma falta de demanda. "Há demanda, há navios para completar, os portos podem pagar mais, mas serão volumes pontuais neste momento". Do mesmo modo, explica que a demanda interna segue mais lenta agora, mais acomodada, o que também justifica os negócios mais focados na exportação.
BOLSA DE CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, as cotações terminaram o dia subindo entre 8,50 e 9,25 pontos, com o novembro sendo cotado a US$ 13,74 e o maio - referência para a safra brasileira - a US$ 13,99 por bushel.
A semana começa mais lenta com o feriado da Golden Week, na China, que vai até o dia 10 de outubro, deixando o mercado ainda mais lateralizado, uma vez que conhece bem o atual cenário em que está inserido neste momento. Plantio no Brasil, colheita nos EUA, clima para ambos.
Os traders também retomam seus negócios ainda terminando de digerir os últimos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) na última sexta-feira (30), com estoques trimestrais de soja bem acima das expectativas do mercado.
Atenção ainda ao comportamento do financeiro, às notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia e os impactos que continuarão a ter sobre as cotações do milho e do trigo. E na CBOT, as cotações do milho terminaram o dia em campo positivo, porém, o trigo voltou a recuar e encerrou o dia no vermelho.
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