Soja: Mercado brasileiro redobra atenção sobre dólar e prêmios em novo dia de baixas fortes em Chicago
A quarta-feira (21) fechou com perdas de mais de 30 pontos no mercado da soja na Bolsa de Chicago. As baixas foram se intensificando ao longo do dia - em mais uma sessão de volatilidade - levando o agosto a US$ 14,18 e o novembro - que é o contrato mais negociado agora - a US$ 13,01 por bushel. Em um mês, ambos os vencimentos já perderam 11,26% e 13,84%, respectivamente.
O mercado de commodities agrícolas continua sendo duramente pressionado pela saída agressiva dos fundos, que seguem se desfazendo de suas posições e partindo para ativos mais seguros em um cenário ainda muito marcado pela aversão ao risco. Na outra ponta, porém, busca dar espaço também a seus fundamentos.
O clima é o principal deles. E os mais atuais mapas climáticos mostram uma melhora das condições para os próximos dias no país, com volumes maiores de precipitações e um pouco melhor distribuídas nas principais regiões produtoras, mas ainda favorecendo mais a porção leste do cinturão.
A imagem abaixo mostra a previsão das chuvas para os próximos sete dias, já indicando chuvas mais expressivas se comparadas as dos mapas do início da semana.
"As cotações dos grãos, com destaque para a soja e Milho, seguem influenciadas, principalmente, pelo clima americano, que indica uma leve melhora na distribuição das chuvas a partir do próximo fim de semana (29), porém, essas previsões ainda são pouco confiáveis", afirma o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.
Para a soja, o comportamento da demanda também está mais evidência nestes últimos dias, já que a China voltou à ponta compradora do mercado, tendo negociado pelo menos 13 barcos de soja americana nesta semana, focando os embarques janeiro e fevereiro. O movimento, porém, parece estar servindo "apenas" como um colchão para os preços neste momento, que continuam sentindo o peso da liquidação de posições entre as commodities por parte dos fundos.
E nesta quinta-feira, o mercado ainda recebeu dados fracos de vendas semanais para exportação pelos novo reporte do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
"A demanda continua muito fraca para todos os produtos, com exceção do trigo. A média móvel de quatro semanas das vendas de soja caiu para território negativo", explica o time da Agrinvest Commodities.
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+ China derruba flat price da soja (Chicago + prêmio) nas principais origens com demanda mais fraca
Na semana encerrada em 14 de julho, os EUA venderam 203,5 mil toneladas de soja 2021/22 - com a China como principal destino - e o volume ficou dentro das expectativas do mercado, as quais variavam entre o cancelamento de 200 mil e vendas de 200 mil toneladas. Assim, o país registra 59,597,6 milhões de toneladas da oleaginosa já comprometidas frente ao total estimado pelo USDA de 59,06 milhões para todo o ano comercial.
Foram vendidas também 254,7 mil toneladas de soja da safra nova, com a nação asiática também sendo a principal compradora. O mercado esperava algo entre 0 e 500 mil toneladas.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, além da movimentação na CBOT, as atenções se dividem entre o caminhar do dólar e dos prêmios. Nesta quinta, a divisa fechou o dia com 0,65% de alta e valendo R$ 5,50.
"Embora Chicago tenha caído muito, o câmbio está mais firme e isso tira um pouco da força dos prêmios. Mas acredito que seja um movimento pontual. Entendo que os prêmios para agosto, setembro, outubro podem voltar a subir. Não vão disparar, mas pode subir um pouco mais e isso vai depender de como será a demanda mais pro final do ano", explica o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez.
Ele destaca ainda que há menos soja no Brasil neste ano em relação ao anterior, dada a quebra da safra 2021/22, o que deixa mais intensa a disputa entre as demandas interna e externa, sendo este mais um suporte para os prêmios no mercado nacional. "Alguns ajustes negativos podem ocorrer, mas estes prêmios devem continuar firmes", diz.
Já para a soja da safra nova, a pressão pode ocorrer, porém, também se atentando ao tamanho da oferta na nova temporada - incluindo a influência do clima sobre a safra americana - e o comportamento da demanda. Na sequência, os valores irão refletir também as expectativas para a nova safra da América do Sul, "podendo até ficar negativos dependendo do tamanho da safra do Brasil".
Frente a tudo isso, os preços da soja nos portos brasileiros seguem remuneradores e ainda rondando o ambiente dos R$ 200,00 por saca para o produto 2021/22. O ritmo dos negócios, porém, está mais contido agora.
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