China faz novas compras de soja nos EUA nesta 6ª feira e movimento segue pressionando prêmios no BR

Publicado em 11/02/2022 13:27 e atualizado em 11/02/2022 15:11

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Mais vendas de soja, milho e óleo de soja foram reportadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta sexta-feira (11). Foram 108 mil toneladas de soja para a China - safra 2022/23 -, 128 mil toneladas de milho para o Japão - safra 2021/22 - e 30 mil toneladas de óleo para destinos não revelados - safra 2021/22.

As vendas todas que são feitas no mesmo dia, para o mesmo destino, com volume igual ou superior a 100 mil toneladas devem sempre ser informadas ao departamento norte-americano. 

Novas vendas, principalmente de soja em grão, foram reportadas durante toda a semana. A China vem buscando bastante do produto americano diante da pouca disponibilidade no Brasil depois da quebra severa da safra 2021/22 da América do Sul. Os prêmios da soja brasileira vinham subindo expressivamente - em plena colheita brasileira -, ao lado dos ganhos em Chicago, e deixando, além de tudo, a oleaginosa brasileira menos competitiva do que a norte-americana. 

Também por isso, nesta quinta-feira (10), o mercado da soja na CBOT recuou expressivamente frente a rumores de que China estaria revendendo soja brasileira no destino dadas as margens de esmagamento muito ruins no país. Os últimos 12 meses foram bastante desafiadores para as processadoras da nação asiática, que buscam alternativas para passar por esse momento. 

"Como funciona na pratica esse movimento de cancelamento e rolagens? Além da dinâmica atual no mercado, que visa a quebra contratual ou reposição em origens opcionais, era muito comum a seguinte operação abaixo:

Quando a China compra grãos ou oleaginosas (soja), a trading o fazem fixando os basis para um porto e data de carregamento específicos, mas possuem a opção de fixar a qualquer momento ou simplesmente não fixar o preço futuro (CBOT) com a origem. 

Então, a China compra futuros (CBOT)  em sua própria conta para proteger seu preço de compra (hedge).

Agora pense: supondo que a China tivesse comprado 100 milhões de bushels de futuros depois de travar a base em um porto de carregamento em 100 milhões de bushels e os futuros subissem US$ 2, dado que o preço à vista no porto também aumentou US$ 2.

Então, a trading liquida a posição comprada de futuros em 100 milhões de bushels, obtendo $ 200 milhões de lucro no futuro e depois anuncia ao mundo a possibilidade de cancelamento dos contratos de exportação de soja nos livros porque os preços estão muito altos! A soja cai 57 c/bu, assusta todos os comprados no mercado, torna os graficos baixistas e o flatprice cai em mais de 40 a 50 centavos, carregam os navios e compram futuros e depois anunciam ao mundo que os contratos de compra foram revertidos para os EUA. 

A China realizou essa estratégia pelo menos duas vezes no início da presidência de Trump. Por duas vezes, Trump impôs tarifas rígidas sobre as importações chinesas. A China parou de fazer esse tipo específico de estrategia, que funciona como um jogo de xadrez", explica o explica o risk manager da HedgePoint Global Market, Victor Martins. 

Veja a última entrevista de Victor Martins ao Notícias Agrícolas, nesta 5ª feira (10), sobre este movimento da China:

+ Enquanto o foco está nas perdas da soja na AMS, os chineses se abastecem nos EUA e derrubam mercado com cancelamento de compras no Brasil

Além da oferta curta no Brasil e da alta dos prêmios, uma eleveção dos fretes rodoviários - típica deste momento do ano em que a colheita vai ganhando mais ritmo -  também contribui para essa saída das tradings do mercado, inviabilizando a originação da soja FOB portos. Soma-se a isso a alta dos fretes marítimos, que deixa a soja ainda mais cara para a China, que está, ainda segundo o representante da Hedge Point Global Markets, bem coberta com soja americana para os embarques abril e maio.

"Nesse sentido, alguns cargos foram cancelados, sobretudo de soja brasileira originada no quarto trimestre de 2022, para embarque em abril. Essa soja teria sido comprada a U$12,50 por bushel e revendida no mercado interno por U$16,00. Essa diferença permite a China não apenas pagar custos de rompimento de contrato, como tambem de take or pay (ferrovia)", explica Vitor Martins. 

Neste cenário, e com margens de esmagamento cada vez mais apertadas, sobretudo com a soja do Brasil, os originadores chineses começam a reduzir suas ofertas de compra no Brasil, pressionando os prêmios no mercado brasileiro, começando no FOB e chegando ao interior. Desde o início deste mês, os prêmios no Brasil já acumulam uma queda de 40 centavos de dólar por bushel. 

"Como o mercado no interior não absorve essa queda nos prêmios e o mercado interno está descolado da exportação, as tradings estão já vendo janelas de reverter esse volume para o mercado interno", conclui o risk manager. "Para os prêmios subirem teremos que observar um alívio no custo de  reposição FOB portos, queda no frete marítimo e melhora nas margens de esmagamento na China". 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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