Soja: Demanda vai se deslocando para os EUA com atraso da colheita no BR e quebra da safra da AMS
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou uma nova venda de soja nesta segunda-feira (7) de 507 mil toneladas para destinos não revelados. Do total, 249 mil toneladas foram da safra 2021/22 e 258 mil da safra 2022/23.
Mais uma vez, o mercado segue especulando a China como destino da oleaginosa americana, principalmente neste início de semana em que a nação asiática volta do feriado do Ano Novo Lunar. E os EUA têm sido uma alternativa importante para os chineses diante da quebra severa da safra da América do Sul e do atraso nos embarques que já começam a ser registrados em função do baixo volume disponível, mesmo com a colheita em andamento.
"Traders confirmaram vendas de soja CNF CHina (custo e frete destino) pelos portos do Pacífico, nos EUA, com preços registrando 295 cents de dólar por bushel acima das referências praticadas em Chicago para embarques entre março e abril. Essas vendas mostram que a estratégia da China será a diversificação, o que pode colocar um teto nos prêmios do Brasil", explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
Ao lado das perdas que se acumulam nos campos do Sul do Brasil em função da seca, agora as preocupações se dividem com o excesso de chuvas para o Centro-Oeste e Sudeste que podem promover um atraso considerável dos trabalhos de colheita, podendo atrasar ainda mais os embarques da soja 2021/22.
"Essa é uma preocupação, principalmente para Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, estados que ainda mostram chuvas muito volumosas nos próximos dez dias, o que deve atrapalhar os avanaços no campo. Outras regiões também receberão volumes intensos, como sul do Tocantins e Rondônia. Muitos relatos de lavouras prontas para colheita e que o avanço está lento, prejudicando produtividade e qualidade dos grãos", explica o diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro.
De acordo com o último levantamento da consultoria, são 20,3% da área cultivada com soja já colhidos, contra 4,44% do ano passado e frente a média de 11,86% dos últimos cinco anos.
"Apesar do grande volume de áreas já em maturação final, as chuvas excessivas registradas em algumas partes do país prejudicaram o avanço dos trabalhos no campo. Chuvas intensas seguem projetadas para praticamente todo o país nos próximos dez dias, o que pode ampliar perdas de qualidade/produtividade da soja já pronta para colheita", informa a consultoria.
Palavro lembra que todo esse quadro poderia, inclusive, pesar sobre os prêmios, uma vez que o lineup para fevereiro, nos portos brasileiros, está totalmente compromeito. A ANEC (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) estimou há alguns dias os embarques brasileiros de soja em pouco mais de nove milhões de toneladas, porém, já há consultorias apontando o lineup em mais de 11 milhões de toneladas, "o que seria um recorde para o mês", diz o executivo.
"A colheita acelerou bastante na última semana, já tem muita movimentação de soja aos portos. Mas se realmente esse cenário de chuvas se agravar, acredito que possa sim gerar atrasos nos embarques", completa.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alertas laranja e vermelho para chuvas intensas na região Central do país. Com os volumes dos últimos dias, a região Sudeste do Brasil tem o cenário mais preocupante e a situação monitorada nesta segunda.
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