Soja: Semana termina com preços no Brasil testando até os R$ 202 no mercado FOB do RS
A semana foi marcada pelos melhores preços do ano para a soja brasileira. As referências, a depender da localidade, prazos de entrega e pagamento, testaram referências entre R$ 163,00 - como em regiões de Mato Grosso - até R$ 202,00 por saca - FOB Rio Grande do Sul - segundo levantamento da Brandalizze Consulting. Diante de patamares historicamente altos como estes, alguns negócios foram registrados, mas acontecem em um ritmo bem mais lento do que normal para a época.
"São os melhores níveis do ano, mas poucas novas vendas acontecem, apenas negócios isolados", afirma o consultor de mercado Vlamir Brandalizze. A expectativa de que os preços continuarão subindo e as incertezas sobre o tamanho real da safra 2021/22 do Brasil - e da América do Sul - inibem o interesse vendedor dos sojicultores brasileiros.
Por outro lado, o interesse comprador é bastante presente, as demandas interna e externa seguem disputando o pouco produto disponível, estimulando uma contínua alta dos prêmios ofertados para a soja brasileira, os quais oscilam acima dos 100 cents de dólar por bushel sobre as cotações praticadas na Bolsa de Chicago. Os valores testam níveis entre US$ 1,30 e US$ 1,40 sobre a CBOT, levando o bushel - contabilizando Chicago e prêmio - a se aproximar dos US$ 17,00.
"A indústria pega o que aparece, o que é colhido, vai embora, e não sobra muito para vender, para vendas novas", explica o consultor. Somente em janeiro, o Brasil embarcou 2,52 milhões de toneladas de soja, contra pouco mais de 49 mil de janeiro do ano passado e acima ainda do recorde para o mês que é de 2019, quando foram embarcadas 2,035 milhões.
Para fevereiro, segundo a estimativa da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), as exportações brasileiras podem alcançar 9,9 milhões de toneladas e, ao se confirmarem os números, eles poderiam dobrar o volume embarcado no mesmo período do ano passado.
E de fato o volume pode vir a se concretizar com a colheita 2021/22 do Brasil podendo ganhar mais ritmo nas próximas e alcançando seu pico, ainda segundo o consultor de mercado, entre o final de fevereiro e início de março. Os trabalhos de campo acontecendo em mais regiões, com um ritmo mais regular entre as principais regiões produtoras poderiam aumentar a oferta disponível do grão, mas ainda assim de forma limitada.
Vlamir Brandalizze acredita que haja cerca de 50 milhões de toneladas da atual temporada já comercializadas diante de uma safra ainda que não tem um tamanho definido efetivamente. Nesta semana, diversas consultorias privadas revisaram suas estimativas para a produção brasileira e várias delas já trouxeram números abaixo de 130 milhões de toneladas.
Cogo Inteligência em Agronegócio: 125 milhões de t
StoneX: 126,5 milhões de t
AgResource Brasil: 125 milhões de t
AgRural: 128,5 milhões de t
Datagro: 130 milhões de t
E na medida em que a produção é revisada para baixo, as empresas revisam também suas projeções para as exportação, como foi feito também pela Abiove nos últimos dias, que reduziu sua estimativa para as vendas externas do Brasil de 91,1 para 86,9 milhões de toneladas. O esmagamento, porém, continua a ser estimado em 48 milhões de toneladas.
Toda essa incerteza tem servido de estímulo para o movimento de alta das cotações da oleaginosa na Bolsa de Chicago. Afinal, além da oferta menor na safra sul-americana, a demanda tem se deslocado, mesmo que em partes, para os Estados Unidos, onde o volume de soja é mais confortável e onde os preços começam a ficar mais atrativos.
a China ainda precisa cobrir sua demanda pela oleaginosa entre abril e julho em cerca de 26 milhões de toneladas, segundo explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest. Por outro lado, as margens de esmagamento no país estão muito ruins e podem limitar o potencial de processamento e importações da commodity.
"Hoje, já trabalho com uma estimativa de 90 a 91 milhões de toneladas de esmagamento para a temporada 2021/22 (atá o final de agosto), contra 97 milhões estimadas pelo USDA, e importações de 94 milhões, contra 100 milhões do USDA", diz.
Agora, o mercado monitora a volta da China ao mercado e aos negócios depois do feriado do Ano Novo Lunar, no início da próxima semana. "A retomada dos negócios nos dará uma boa ideia de como esse quebra cabeça será resolvido. Só para lembrar, antes do feriado os estoques de soja nos portos e os estoques de derivados estavam nas mínimas de muitos anos", afirma Vanin.
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