"Conab foi moderada e Brasil não repete nem a safra do ano passado", diz presidente da Aprosoja BR
A nova estimativa de safra da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) veio em 140,5 milhões de toneladas nesta terça-feira (11) contra o número anterior de 142,8 milhões. A atualização era bastante esperada pelo mercado, porém, o tom conservador da instituição também já estava nas expectativas de analistas, consultores e líderes do setor. E para todos os consultados pelo Notícias Agrícolas, as perdas na safra 2021/22 são muito mais agressivas do que as projetadas neste reporte de janeiro e podem ser ainda mais caso as previsões climáticas se confirmem para os próximos dias.
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Na semana passada, somente para o Paraná, o Deral (Departamento de Economia Rural do Estado do PR) reduziu sua projeção para a safra de soja de 18,4 para 13,1 milhões de toneladas. A Conab ainda estima uma safar no estado, porém, de 18,5 milhões de toneladas. Para o Rio Grande do Sul seu número ainda é de 21,2 milhões de toneladas.
Veja o que dizem analistas de mercado e o presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, sobre a nova projeção da Conab e o que ainda pode ser registrado para esta temporada.
Antônio Galvan, Presidente da Aprosoja Brasil
Para Antônio Galvan a quebra no Brasil é muito mais séria do que isso e a Conab foi bastante moderada em seu corte, e poderia ter trazido algo entre 135 e 138 milhões de toneladas.
"O Brasil não repete nem mesmo a safra do ano passado, podemos chegar a perto de 130 milhões de toneladas somente, e digo depois de ter visitado muitas lavouras no sul do país e ouvindo relatos de produtores do Brasil inteiro. Temos problemas em todos os lugares agora e o clima é muito diferente do que tivemos no ano passado", diz.
O presidente da Aprosoja Brasil destaca as perdas muito graves no Paraná - que em sua perspectiva podem chegar aos 50% da safra -, a situação que pode ser ainda mais severa no Rio Grande do Sul em função da onda de calor que pode levar as temperaturas a passarem dos 40ºC, além das cheias e do excesso de chuvas no MATOPIBA que se dão de maneira sem precedentes.
Ele cita ainda os problemas vividos pelo Mato Grosso do Sul, que também sofreu agressivamente com a seca - e que agora consegue registrar alguma melhora em determinadas regiões pela chegada de chuvas, mesmo que pontuais - bem como áreas de Mato Grosso, que já começaram a colher - ainda de forma tímida - e que registram índices de produtividade menores do que o normal para a região em função do excesso de precipitações e da falta de luminosidade.
"E isso tudo sem falar do problema de tombamento das plantas que está sendo estudado e acontecendo em muitas regiões, e ainda sem uma resposta", complementa o presidente. "São Paulo também tem problemas, Goiás também. O Pará não consegue terminar de plantar. O Brasil todo sofre com alguma condição adversa agora e por isso não vamos nem mesmo repetir a safra do ano passado. Na safra anterior não tínhamos o excesso de chuvas que temos hoje".
Ainda assim, Galvan afirma também que reconhece a necessidade que a Conab tem de manter seu tom mais conservador e acredita que a companhia irá, gradualmente, fazer seus cortes na safra brasileira nos boletins seguintes.
Ginaldo Sousa, Grupo Labhoro
"Nós já vínhamos falando que a Conab não iria ajustar de forma nenhuma seus números de acordo com o que o mercado já fez. Dito e certo. A Conab é muito conservadora, assim como o USDA, que não deve trazer grandes mudanças amanhã. Os números já eram esperados", disse o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo de Sousa.
Segundo ele, a Conab observa o que ainda pode acontecer no Rio Grande do Sul - que pode perder mais ainda dado o calorão previsto para começar nesta terça-feira no estado, com as temperaturas podendo chegar a mais de 40ºC, principalmente com a fase crítica para as lavouras se aproximando, na segunda quinzena de janeiro e início de fevereiro.
A Conab, ainda como explica Sousa, poderia trazer novas correções, mesmo que acontecendo mês a mês. "Não podemos esquecer que o Rio Grande do Sul está sujeito a uma quebra grande, por seca e altas temperaturas a partir da próxima semana, e a qualidade do Centro-Oeste está muito abaixo do normal. Muitos grãos ardidos e avariados".
Vlamir Brandalizze, Brandalizze Consulting
"Trata-se de um relatório defasado, que não contempla as perdas do Paraná e do Rio Grande do Sul. Só nestes dois estados temos uma diferença de 9 milhões de toneladas", explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
Ainda de acordo com o consultor, o boletim pode ter trazido dados coletados no meio de dezembro, mas ainda assim são conservadores, já que somente no Paraná as perdas já eram maiores do que estas à época. "O Deral atualizou a safra do Paraná para 13 milhões de toneladas, mas a Conab trouxe os mesmos 18 milhões do mês passado, e não mudou nada para o Rio Grande do Sul".
Assim, Brandalizze acredita que os números poderão ser revistos em fevereiro, "mas será tarde. Eles deveriam ever os dados e trazer posição ainda em janeiro já que chove demais, seca, calor em excesso e se perde em todo lugar agora". Para o consultor, a safra brasileira fica entre 130 e 135 milhões de toneladas no máximo. "Certamente nossa safra irá ser mais prejudicada ainda".
O QUE DIZ A CONAB?
A Conab atribui às 'boas expectativas' para a safra 2021/22 às condições de clima bastante diferentes dadas nas regiões produtoras.
"De maneira geral, as lavouras seguem em evolução, inclusive com as primeiras áreas sendo colhidas em algumas localidades. As diferentes condições climáticas registradas entre as muitas regiões produtoras podem gerar variações nas produtividades obtidas, mas a expectativa ainda é de um resultado nacional superior àquele obtido em 2020/21, particularmente em razão do incremento de área", informam os especialistas da companhia em seu reporte deste 11 de janeiro de 2022.
A área cultivada com soja estimada pela Conab é de 40,4 milhões de hectares, 3,8% maior do que a da safra anterior, com rendimento médio esperado em 57,96 sacas por hectare (3478 kg/ha).
"A estimativa de produção da safra 2021/22 teve um ajuste, passando de 142,79 milhões de toneladas para 140,5 milhões de toneladas, movido por uma redução da estimativa de produtividade que foi ocasionada por problemas climáticos adversos a cultura, principalmente, no sul do Brasil. Cabe salientar que esse número ainda é uma estimativa de dados de campo e podem sofrer modificações nos próximos levantamentos".
4 comentários
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Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Usar entidades públicas politicamente não é justo. E justiça seja feita, a reação dos representantes dos agricultores e pecuaristas sempre foi pifia diante dos desmandos das entidades públicas. Dizer apenas que tal e tal entidade são conservadoras não quer dizer nada. E Brandalizze, a dona Conab não errou só agora, e talvez nem todos que lá trabalham errem de propósito. Existe uma metologia para fazer isso, eu particularmente detesto metologias mas que existem, existem...Esse é o problema, nunca esses representantes que aí estão irão debater isso com as autoridades, e a dona Conab pode fazer soja e milho darem cria a vontade em seus relatórios.
Danilo Pianezzola Anta Gorda - RS
Mais uma vez a CONAB totalmente desinformada, melhor os integrantes dessa instituição, será que algum integrante sabe diferenciar os grãos de soja, milho e trigo eu acho que não, pelas projeções divulgadas acho que entendem de ar condicionado no máximo....todos os estados do Brasil estão perdendo produtividade, pela seca imensurável no Sul do Brasil e pelo excesso de chuvas no Norte, Nordeste e parte central, mas os engomadinhos acham que mesmo assim teremos uma produção recorde de grãos....Isso é total falta de responsabilidade com a classe produtora que sustentou o País praticamente 2 anos de pandemia, agora essa mesma classe está passando por um momento terrível, merecemos respeito passando informações que condizem com a realidade atual ou melhor não divulgar números infundados. O Produtor Rural, o Agro como um todo que sustenta não só o Brasil, mas parte do mundo. Como gostaria que esses números fossem verdadeiros...infelizmente é lamentável, total irresponsabilidade... Viva o Brasil.
Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
O USDA tem trocado figurinha com a dona Conab desde o ano passado, e em muitos relatórios usou o número da companhia brasileira. Tá certo o Brandalizze e com tom muito ameno o presidente da Aprosoja, pois se confirmada a continuidade da seca no sul, a dona Conab trará números de perda até o dia de hoje, não incluindo a perda daqui até o próximo relatório, isso na visão do Galvan é ser conservador, eu diria que conserva a tradição de lascar o produtor. Né dona Tereza Cristina, alpinista politica... DONA CONAB QUEM CONHECE, NÃO CONFIA.
Faço auditoria agrícola, andei mais de 15 mil km no RS e SC desde novembro, lavouras de milho com quebras de 70 por cento, soja é raro encontrar alguma lavoura boa, bastante replante, perda de rigidez, plantas em embolia. Maioria das áreas está ruim, e se não vier chuvas logo tende a piorar. Aqui no estado falando em soja não passa de 14 milhões de toneladas.
Obrigado Cristiano pela informação, eu também andei de Lages até Santo Augusto e subi por Itapiranga, passando por Dourados, lá vi lavouras perdidas, uma área bem grande pegando RS SC e MS.
Srs Rodrigo e Cristiano é doido que nós precisamos e temos que fazer quando andarmos por aí , informar a realidade que vemos e não deixar os produtores a mercê desses analistas pagos para fazer que eles querem, e nós produtores temos que parar de mandar fotinhos de lavoura bonitas quando a maioria está passando por situações como estamos hoje, informações de pessoas confiáveis é tudo , obrigado
Conab podia fazer um bem pra agricultura Brasileira, fechar as portas, órgão inútil, incompetência ou jogar contra o agro?????
"SEO" JOÃO BATISTA... O N.A. não pode fazer uma parceria com as empresas e/ou profissionais que fazem vistorias agrícolas, para verificar produtividades de lavouras em todo o Brasil para as companhias seguradoras.
Esses laudos são os que mais se aproximam da realidade pois, existe dinheiro envolvido, tanto da parte da seguradora como do segurado.
Embora, o percentual das lavouras seguradas seja menor. Acho que estatisticamente é um dado que chega mais perto da realidade de cada região.
Lógico que deve ser feito um trabalho para usa-los. Após tudo feito, tornar público para todos os produtores rurais.
Garanto, que quem montar essa startup vai colher bons frutos !!!
Veja, o Vale do Silício brasileiro, que está se formando no "polo piracicabano". O CEPEA é o avô dessa molecada que sabe usar os dados digitalmente...
Essa sugestão do seu Paulo e' muito boa mesmo, viu Joao ?
Onde tem uma igreja , tem um Sindicato Rural. Por que as federações de agricultura não fazem a própria estimativa de safra? Não existe entidade com mais capilaridade. É só querer.
Sr. CARLOS WILLIAN NASCIMENTO, não sei como é aí em Campo Mourão. Mas, aqui na cidade onde moro, o sindicato não é um bom exemplo. No tempo da "contribuição obrigatória" era uma orgia com o dinheiro arrecadado. Os "chefe" (presidente) de plantão eram todos daquele tipo ... "SE FINGE DE LEITÃO PARA MAMAR DEITADO" !!!
Veja o caso do "chefe" da Faep ... Ele vai morrer no cargo, isso se não mandar empalhá-lo para ficar ad eternum na cadeira ...
Há um enorme risco desses leitões sindicais voltarem a mamar e pior, com muita fome pois estão a três anos longe das tetas mantidas pelos lavradores. Sem contar que de mais dadas volta o grupo terrorista MST invadindo e destruindo inclusive as APP.
Ivo Bortolassi Foz do yguacu - PR
Conab é uma piada pronta, esperem sentado que em pé vai cansar!