Chicago: Trigo sobe forte nesta 2ª, marca máximas em 9 anos e puxa mercados de soja e milho
Com altas superiores a 20 pontos, os futuros do trigo negociados na Bolsa de Chicago terminaram o dia com os mais elevados patamares em nove anos no pregão desta segunda-feira (22). O rally deste início de semana foi motivado, segundo explicam analistas e consultores de mercado, pelas notícias de que agora é Austrália que sofre com adversidades climáticas em sua safra, agravando ainda mais o quadro apertado de oferta depois da quebra de safra em importantes países produtores mundo a fora.
Os mercados de soja e milho acompanharam as altas e a oleaginosa terminou o dia com ganhos de dois dígitos, levando o contrato julho/21 de volta aos US$ 13,01.
"O trigo liderou o avanço refletindo o excesso de chuvas na Austrália e o tempo um pouco mais seco nas Planícies dos EUA, além de problemas de transporte no Canadá e especulações sobre a carga tributária e exportações na Rússia, disse Don Roose, presidente da U.S. Commodities, à Reuters Internacional.
Além de Chicago, os futuros do cereal subiram também na Rússia, marcando a quinta semana consecutiva de ganhos refletindo também a demanda intensa. As altas se dão mesmo com uma baixa de 34% nas exportações russas, o qual se deu pela produção menor no país, além do aumento nos impostos de exportação.
"Podemos observar que o crescimento da oferta acompanhou o crescimento da demanda, sendo que, a equação ficou prejudicada pelo clima desfavorável nos principais exportadores. Até aqui essa tem sido a retórica do mercado", explica Marcelo De Baco, diretor da De Baco Corretora. No entanto, ele questiona ainda até quando o mercado seguirá precificando este cenário.
De Baco lembra ainda que a China triplicou suas importações de trigo mesmo tendo aumentado sua produção, que as importações totais registraram um incremento significativo - que terão de ser confrontadas com as quebras de oferta. "Então, pensando simplesmente nesses números, concluímos que algum ajuste dos estoques finais será feito, pois somente estamos negociando trigo de estoque. A grande produção, que poderia dar alento ao mercado, somente virá a partir de junho de 2022", afirma o especialista.
Mais do que isso, De Baco acredita que "as recentes intenções russas em implementar cotas de exportação venham de encontro ao risco iminente de falta de trigo. Somente o incremento de importações chinesas, considerando os números de produção x demanda, já deveriam servir de alerta para a
credibilidade desses levantamentos. Mesmo assim, seguimos olhando incrédulos para o mercado, que vai nadireção dos US$ 400,00 por tonelada", diz.
GANHOS DA SOJA
Além da carona do trigo, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago também encontraram apoio na demanda melhor neste momento, com o consumo interno por farelo nos EUA também bastante aquecido, como explicaram analistas e consultores.
Os traders estão atentos ainda ao clima na América do Sul, com boas notícias vindas do Brasil, mas nem tanto da Argentina.
"Em várias regiões produtoras o plantio se acelerou nas últimas semanas, à exceção das áreas menos beneficiadas pelas chuvas, mas para onde se espera uma melhora da umidade que possa promover uma aceleração da semeadura", informa o boletim do Ministério da Agricultura argentino.
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E além de seus próprios fundamentos, os futuros da soja em grão foram ainda motivados pela alta de mais de 2% do óleo negociado também na CBOT. Bem como a demanda americana por farelo, a demanda interna por óleo também é forte. Ao lado dos EUA, o quadro global dos óleos vegetais também é forte, com escassez de oferta entre quase todos frente a um consumo intenso.
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