Soja fecha nas máximas em 7 anos na Bolsa de Chicago com nova disparada do óleo e frio nos EUA
Encerrando com altas de 15,50 a 22,25 pontos nos principais contratos, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago marcaram a terça-feira (20) com suas máximas em sete anos. O contrato maio concluiu o dia com US$ 14,72 e o setembro com US$ 13,36 por bushel. Subiram ainda os futuros do milho, do trigo e dos derivados da soja na CBOT nesta sessão, mais uma vez refletindo, entre outros fundamentos, o apertado quadro de oferta e demanda. Do mesmo modo, as preocupações com o clima nos EUA ajudaram a catalisar ainda mais estas altas.
"O clima está frio e seco e foi um prato cheio para o mercado", explica o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo de Sousa, em entrevista ao Notícias Agrícolas. No entanto, agora é preciso, ainda segundo ele, entender até quando perduram estas condições adversas de clima e até quando elas seguirão impactando nas cotações.
O analisa internacioal Al Kluis, da Kluis Advisors, inclusive lembrou, em entrevista ao portal norte-americano SuccessfulFarming, que em abril de 2020 as cotações das commodities agrícolas testavam mínimas marcantes, em pleno pico da pandemia do covid-19 em diversos países do mundo.
"Que mudança! Há um ano, em 20 de abril do ano passado, os preços do petróleo perdiam US$ 40,00 por barril. Este ano não!", disse Kluis.
Ainda na análise de Sousa, os fundos investidores também seguem dando importante suporte aos grãos, uma vez que seguem comprados em 400 mil toneladas de milho e 180 mil de soja. "E eles não vão entregar isso tão facilmente. Assim, acho que os preços ainda têm suporte positivo, com o mercado podendo testar os US$ 15,00", explica.
CLIMA NOS EUA
Nas previsões atualizadas pelo NOAA, a agência oficial de clima dos EUA, as condições de temperaturas começam a melhorar a partir do final do mês. O mapa abaixo mostra as temperaturas se mostrando um pouco mais elevadas entre os dias 26 e 30 de abril. No mesmo intervalo, porém, as chuvas não deverão ser bem distribuídas nas principais regiões produtoras, como mostra a imagem seguinte.
Previsão de temperaturas para os EUA entre 26 e 30 de abril - Fonte: NOAA
Previsão de chuvas para os EUA entre 26 e 30 de abril - Fonte: NOAA
Já para o período de 28 de abril a 4 de maio, ao ser analisado, mostra algumas regiões pontuais ainda sofrendo com tempo frio, como mostra o mapa abaixo, e chuvas dentro ou acima da normalidade para estados importantes no quadro da produção norte-americana.
Previsão de temperaturas para os EUA entre 28 de abril e 4 de maio - Fonte: NOAA
Previsão de chuvas para os EUA entre 28 de abril e 4 de maio - Fonte: NOAA
De acordo com o boletim semanal de acompanhamento de safras reportado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta segunda-feira (19), o plantio de milho avançou, na semana, de 4% para 8% até o último domingo. A expectativa média do mercado era de 9%.
Os primeiros números para a soja também foram informados e 3% da área destinada à oleaginosa já foi semeada, em linha com o que mercado esperava. Há um ano o plantio estava concluído em 2%, bem como esta é a médias dos últimos cinco.
LIMITE DE ALTA NO ÓLEO DE SOJA
Além do clima, no caso da soja o estímulo para o grão vem também do mercado de óleo mais uma vez, com os preços testando limite de alta ao longo do dia. Os futuros do derivado negociados na Bolsa de Chicago fecharam o pregão desta terça-feira com altas de 1,43% a 3,64% entre as posições mais negociadas, levando o maio a 58,32 cents de dólar por libra-peso e o agosto a 52,34/lb.
"Os futuros renovaram suas máximas em mais de oito anos puxados pelo mercado físico norte-americno. Os basis do óleo de soja no Meio-Oeste americano estão em 12,75 cents de dólar por libra-peso , recorde histórico, deixando evidente a falta de de produto", explica a Agrinvest Commodities.
Ainda de acordo com a equipe da consultoria, o avanço das cotações do derivado se dá com a pouca oferta de matéria-prima e também do próprio óleo no mercado americano - puxado pela intensificação do programa de biodiesel no país, uma demanda forte do governo Joe Biden.
MERCADO BRASILEIRO
No mercado brasileiro, os preços da soja permanecem em patamares elevados, historicamente altos, mas com os negócios novos ainda em um ritmo um pouco mais comedido, principalmente para a safra 2021/22.
As informações já são conhecidas, a manutenção dos preços altos se dá, com explica Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, pelas altas em Chicago e mais o dólar alto. Todavia, o que chama a atenção agora no mercado interno é a medida do governo de zerar a TEC (Tarifa de Exportação Comum), mais uma vez, para as importações de soja, milho, farelo e óleo de soja de fora do Mercosul.
"Isso deu, inclusive fôlego positivo para Chicago, porque abre o mercado para buscar produto nos Estados Unidos, tanto soja, como milho para abastecer o setor de rações que está com dificuldades de comprar no mercado doméstico", diz.
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Em contrapartida, as exportações brasileiras de soja seguem aceleradas e com possibilidade de fecharem abril com volume superior a 16 milhões de toneladas de produto embarcado. De acordo com os últimos números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), as exportações do Brasil já chegam a 27,1 milhões de toneladas no acumulado do ano. Somente em abril o total chega a 10,6 milhões de toneladas, contra todo o embarcado no mesmo mês de 2020 de 14,6 milhões.
Contabilizando todo o complexo soja, as exportações brasileiras já chegam 31,6 milhões de toneladas, contra 30,3 milhões do mesmo período do ano passado.
"Com este ritmo forte para a soja e derivados, devemos fechar o ano com números próximos dos US$ 50 bilhões em faturamento na exportação. Estamos vendo que o ritmo atual de vendas do complexo soja deverá ser recorde histórico em volume e passar das 105 milhões de toneladas. Como estamos em ano de cotações em alta em dólares, temos fôlego para girar entre US$ 45 e US$ 50 bilhões em faturamento", afirma o consultor.
Dessa forma, como explica o consultor, 2021 deverá ser o melhor ano da historia da soja em volume e faturamento do Brasil e também o principal produto do Brasil na pauta de exportações.
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