Soja: Semana começa com recuperação dos embarques no Brasil, mas poucos novos negócios
A semana começa com boas notícias para o mercado brasileiro da soja diante dos bons números embarcados da oleaginosa no país no acumulado das duas primeiras semanas de março. De acordo com os números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), o Brasil já embarcou 5,136 milhões de toneladas da oleaginosa, volume que mostra um aumento de cerca de 4% em relação ao mesmo período da março 2020.
Mais do que isso, o montante é aproximadamente a metade do total embarcado no mesmo mês do ano passado - 10,85 milhões de toneladas - e sinaliza, segundo especialistas, que aos poucos o ritmo dos embarques vai se normalizando com um avanço melhor da colheita.
Assim, a segunda-feira (15) foi de preços altos para a soja no mercado brasileiro. Principalmente no interior, os indicativos subiram até 3,31%, como foi o caso de Brasília/DF, onde o preço da soja ficou em R$ 156,00 por saca, ou Ponta Grossa, no Paraná, onde o preço encerrou o dia com R$ 168,00 e alta de 1,20%.
A combinação de um dólar que subiu 1,44% nesta segunda-feira e mais os preços fechando em campo positivo na Bolsa de Chicago segue resultando em preços firmes e sustentados para o mercado nacional. Todavia, essas condições não têm significado, necessariamente, mais novos negócios.
"Os produtores estão preocupados em consolidar sua colheita e honrar contratos feitos anteriormente. Então, novos negócios são raros e isso acontece em todo Brasil", explica Luiz Fernando Gutierrez, analista de mercado da Safras & Mercado.
Algumas praças sentiram certa pressão e fecharam o dia em queda. A entrada da safra e o peso que exerces sobre os preços, embora tenha demorado um pouco mais a chegar neste ano, mas chegou, ainda segundo o analista, porém, não exclui um cenário de preços firmes. "Não houve grande ajustes negativos e nem há espaço para grandes ajustes negativos", diz.
Gutierrez complementa dizendo que, além dos produtores não interessados em vender mais de sua safra neste momento, os compradores também estão mais na defensiva neste momento, preferindo deixar volumes mais agressivos para serem adquiridos nos próximos meses.
"Temos atraso na colheita, temos embarques atrasados, mas eles são jogados mais para frente, tanto que já há muito registrado a ser embarcado em abril. Vamos alongar um pouquinho nossa janela de exportação, e não vejo chances de não honrarmos com o que já temos vendido e com nossa estimativa de exportação total não havendo maiores problemas", acredita o analista.
Além disso, com esse movimento melhor dos embarques, a tendência é de que essa recente pressão que se observou sobre os prêmios para a soja do Brasil comece a ser revertida.
"De acordo com o levantamento dos portos até a última sexta-feira (12), o Brasil já embarcou pouco mais de 10 milhões de toneladas, contra 11,6 milhões no mesmo período do ano passado. O atraso vem caindo", analisa a equipe da Agrinvest Commodities. Do total, ainda segundo a consultoria, 8 milhões de toneladas têm como destino a China.
MERCADO INTERNACIONAL
Na Bolsa de Chicago, os futuros da oleaginosa fecharam o pregão desta segunda-feira em campo positivo. As posições mais negociadas subiram entre 0,25 e 7,75 pontos, com o maio sendo cotado a US$ 14,19 e o setembro, US$ 12,89 por bushel.
Os preços encontraram suporte nos números dos embarques norte-americanos trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que reafirmam o adiantamento forte do programa de exportações norte-americano.
Os embarques semanais dos EUA foram de 518,789 mil toneladas, enquanto o mercado esperava algo entre 350 mil e 900 mil toneladas. No acumulado do ano comercial, os embarques já chegam a 53,119,982 milhões de toneladas, também bem acima do ano passado, quando estavam embarcadas já 30,5 milhões de toneladas. A projeção do USDA é de 61,24 milhões de toneladas na temporada 2020/21.
Os traders permanecem atentos ainda às questões de clima na América do Sul e, principalmente, dos Estados Unidos, que está prestes a iniciar o plantio da safra 2021/22. Do mesmo modo, o mercado também se prepara para receber, no final deste mês, o boletim Prospective Plantings, do USDA, com as primeiras projeções oficiais de área de cultivo no país para esta nova temporada.
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