Produtores de soja do Paraná aproveitam cenário para a soja brasileira
Uma safra que iniciou enfrentando problemas climáticos e que está com os trabalhos a mil no campo. A colheita da soja no Paraná gira em torno de 80%, segundo último levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), mas a comercialização do produto que está sendo retirado do campo já começou há bastante tempo.
Quem ainda tem produto para ofertar, aproveita o dólar acima de R$ 5,00 para comercializar a commodity. A competitividade da soja aumentou mesmo com os preços em queda na bolsa de Chicago nesta e nas últimas semanas. “No geral, o produtor do Paraná vem aproveitando esses momentos para realizar negócios, tanto da safra atual, aumentando o percentual de comercialização dele e a média de venda, como também tem aproveitado momentos para a venda da safra nova”, declarou Andrea Cordeiro, do Grupo Labhoro, associado à Bolsa Brasileira de Mercadorias.
A região do oeste do Paraná foi no início da temporada a mais atingida pela falta de chuvas no início da temporada e foi exatamente onde o produtor se manteve mais resguardado, preferindo esperar por preços melhores resultantes de uma possível quebra de safra. Porém, a chuva retornou ao estado, trazendo com ela a confirmação de boa produtividade, o que não aconteceu mais ao sul, por exemplo. No Rio Grande do Sul, mais de 70 municípios decretaram situação de emergência por causa de uma longa estiagem e o estado gaúcho calcula os prejuízos causados pela falta de chuvas.
A corretora também lembrou que a China continua no mercado brasileiro e norte-americano. Nos dois primeiros meses do ano, o país asiático ampliou em seis vezes as importações de soja dos Estados Unidos na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando um volume de 6,1 milhões de toneladas no primeiro bimestre de 2020. O acréscimo veio após a assinatura da primeira fase do acordo comercial entre as duas maiores economias do mundo, o que já era esperado. Os dados alfandegários confirmaram as perspectivas esta semana.
Já a procura da China pela oleaginosa brasileira registrou um recuo de 26% neste mesmo período, totalizando 5,15 milhões de toneladas. Grande parte desse recuo é reflexo do atraso da entrada da safra no Brasil. Com um plantio atrasado, a colheita também começou mais tarde prejudicando os embarques de janeiro e fevereiro, mas, a medida que a colheita evoluiu, o ritmo de embarques acentuou e a performance nas primeiras semanas de março comprovam a permanência da China no mercado brasileiro.
A expectativa que o ritmo de embarques intensifique nos próximos meses, uma vez que a China conta com um importante volume de soja brasileira e argentina já contratado, afirma Cordeiro. Ela ainda acredita que, no segundo semestre, com a entrada da safra dos Estados Unidos, o Brasil possa perder competitividade, mas, em situação de paridade entre as ofertas brasileiras e norte-americanas, China, mesmo com a vigência do acordo da “fase 1” da guerra comercial, deve continuar comprando do Brasil. “Por que China compraria mais caro nos EUa se o preço aqui no Brasil estiver competitivo?” , questionou.
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