Soja: Preços seguem estáveis no BR com competitividade mantida e dólar em forte alta
A primeira fase do acordo comercial entre China e Estados Unidos foi assinada nesta quarta-feira, 15, e parece ter frustrado o mercado internacional da soja. Os futuros da oleaginosa terminaram o dia perdendo mais de 12 pontos nos principais contratos negociados na Bolsa de Chicago, levando o março de volta aos US$ 9,29 e o maio a US$ 9,42 por bushel.
O acordo apresentado pelo presidente americano Donald Trump e pelo vice-premier Liu He, na Casa Branca, indicou que a compras chinesas de produtos agrícolas norte-americanos, nos próximos dois anos, deverá totalizar US$ 32 bilhões.
O texto prevê ainda que sejam importados pela China ao menos US$ 12,5 bilhões para 2020 sobre o patamar de 2017. E esse montante sobe para US$ 19,5 bilhões para 2021, também tomando como base 2017, que foi o ano antecessor do ano de início da guerra comercial e as compras chinesas foram de US$ 19,6 bilhões.
Em seu discurso, porém, o presidente Trump afirmou que as compras da China em produtos agrícolas norte-americanos poderia chegar a ateé US$ 50 bilhões, depois de sua equipe ter sugerido algo perto de US$ 20 bilhões.
Leia mais e entenda os detalhes do documento:
>> China se compromete com a compra de US$ 32 bi em produtos agrícolas dos EUA
O documento dá conta ainda de que as compras da China incluem cereais, oleaginosas, carnes algodão e frutos do mar, porém, sem determinações de volume ou receita para cada grupo de produtos. E assim, a falta de um detalhamento para a soja acabou exercendo alguma pressão sobre as cotações.
"Se criou um sentimento no mercado de que a China, depois disso, entraria limpando os estoques americanos, e isso não vai acontecer", diz o chefe do setor de grãos da Datagro, Flávio França.
Mais do que isso, ainda de acordo com os executivos da ARC Mercosul, "há produtos de maior importância e necessidade do que a soja norte-americana para os chineses, principalmente partindo do fato que a oleaginosa para exportação brasileira continua sendo mais barata que as ofertas no Golfo dos EUA".
Por outro lado, ainda na análise de França, a notícia de uma melhora na relações entre China e Estados Unidos e um compromisso com mais compras por partes do chineses pode ser bom para o mercado, mesmo que no médio e longo prazo. "Eles estão se acertando e isso é mais demanda para o produto americano", diz. Além disso, ele acredita ainda que essa reação mais imediatista do mercado em Chicago logo se acalma e o andamento dos preços volta à normalidade.
E lembra também que neste ano comercial a China já comprou cerca de 11,2 milhões de toneladas de soja nos EUA, contra pouco mais de 3 milhões no mesmo período da temporada anterior.
SOJA DO BRASIL
No mercado brasileiro, ao menos a estabilidade pode ser esperada no curto prazo. "Todo o mercado mundial da soja irá sangrar com as quedas em Chicago, entretanto, o mercado brasileiro tende a se estabilizar e se manter correlacionado com as variações do dólar nestas próximas semanas", completa a análise da ARC Mercosul.
A competitividade da oleaginosa nacional, portanto, segue mantida e a maior parte da demanda ainda concentrada na América do Sul.
Da mesma forma, o dólar subiu, somente nesta quarta-feira, mais de 1% para voltar aos R$ 4,18.
E foi com estabilidade que os preços da soja nos portos brasileiros encerraram o dia. As referências de R$ 88,50 em Paranaguá e de R$ 88,00 por saca em Rio Grande foram mantidas para a oleaginosa disponível, bem como as de R$ 86,50 e R$ 86,00 para o indicativo de março.
Veja ainda:
0 comentário
Pátria: Plantio da soja 2024/25 chega a 83,29% da área
Soja tem cenário de sustentação em Chicago agora, principalmente por força da demanda
USDA informa novas vendas de soja nesta 6ª feira, enquanto prêmios cedem no Brasil
Soja opera estável nesta 6ª em Chicago, mas com três primeiros vencimentos abaixo dos US$ 10/bu
Soja volta a perder os US$ 10 em Chicago com foco no potencial de safra da América do Sul
USDA informa nova venda de soja - para China e demaisa destinos - e farelo nesta 5ª feira