Com dólar forte e demanda externa, soja em Paranaguá ultrapassa R$ 90/saca, diz Cepea

Publicado em 14/11/2019 18:53

SÃO PAULO (Reuters) - O valor da saca de 60 kg de soja negociada no porto de Paranaguá (PR) voltou a ultrapassar a marca de 90 reais nesta semana, impulsionado pela retração de parte dos sojicultores e pela forte demanda internacional, disse o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) nesta quinta-feira.

De acordo com nota da instituição ligada à Esalq/USP, a retração dos produtores se dá pelas incertezas com a safra 2019/20, o que os faz segurar os estoques de 2018/19, enquanto a demanda externa sobe pela valorização do dólar ante o real.

"Nesse cenário, a procura pela soja brasileira esteve acima da oferta, resultando em alta nos prêmios brasileiros", disse o órgão.

Entre 7 e 13 de novembro, a cotação ESALQ/BM&FBovespa da soja em Paranaguá avançou 1,7%, para 90,45 reais por saca.

O dólar mais forte torna a commodity brasileira mais atrativa aos importadores, justificou o Cepea.

Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana teve a segunda maior cotação da história para um fechamento, a 4,1934 reais na venda.

"Embora as recentes chuvas tenham amenizado a preocupação de parte dos agentes, há municípios que ainda registram déficit hídrico, especialmente em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia e Maranhão", disse o Cepea em análise, ponderando que há previsão de chuvas para essas regiões nos próximos dias.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) espera que a produção do país atinja um recorde de 120,86 milhões em 2019/20, avanço de 5% em relação à safra anterior, segundo dados divulgados na quarta-feira.

MILHO: COMPRADOR ATIVO

Os preços de milho seguem em alta no mercado interno, impulsionados pela demanda aquecida no físico nacional, acrescentou o Cepea.

"Muitos compradores, especialmente de regiões consumidoras, mostram dificuldades em encontrar novos lotes do cereal. Vendedores, por sua vez, postergam as negociações, à espera de preços maiores nas próximas semanas, fundamentados nas exportações ainda aquecidas", disse.

Na quarta-feira, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas - SP) fechou a 44,27 reais/saca de 60 kg, alta de 4,2% frente à quinta anterior.

Nunca a demanda por milho do Brasil cresceu tanto, diz SLC Agrícola

SÃO PAULO (Reuters) - A demanda por milho brasileiro nunca cresceu tanto no país, com as indústrias de carne aumentando o consumo do principal ingrediente da ração para aves e suínos, ao mesmo tempo em que o Brasil tem agora uma crescente produção de etanol a partir do cereal, disse o diretor-presidente da SLC Agrícola, uma das maiores companhias do setor no país, nesta quinta-feira.

"A demanda por milho no mundo é crescente e no Brasil está se fortalecendo, pelo etanol e pelas carnes também. Com a China importando mais todas as carnes, nunca a demanda cresceu tanto como cresceu agora... temos mercado interno e de exportação, por isso está em patamar de preço interessante (do milho)", disse Aurélio Pavinato.

Embaladas pela safra recorde, por câmbio e preços favoráveis, as exportações do Brasil deverão atingir um recorde de 39 milhões de toneladas em 2018/19, previu a Companhia Nacional de Abastecimento na véspera, enquanto projeta um aumento de 3,85 milhões de toneladas no consumo interno na temporada, para 63,9 milhões de toneladas.

Na nova safra (2019/20), embora veja uma redução na exportação do Brasil para 34 milhões de toneladas, a Conab projeta novo salto no consumo doméstico, para 68,1 milhões de toneladas.

A exportação está tão forte este ano que o Brasil está ameaçando o domínio dos Estados Unidos, conforme pontuou uma colunista da Reuters.

Além disso, com a China impulsionando as compras de carnes do Brasil enquanto o país asiático lida com menor oferta em função da peste suína africana, os preços do milho subiram mais de 5% neste mês, para mais de 44 reais por saca, segundo o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

"Alguns meses atrás o cenário de preços era negativo, isso se reverteu, isso nos coloca em patamares melhores de soja e milho... isso nos garante patamar adequado de margens", disse Pavinato, durante teleconferência dos resultados da empresa.

A produção de etanol de milho do centro-sul na nova safra aumentará quase 50%, para 1,8 bilhão de litros, com a ampliação da capacidade produtiva por meio da inauguração de novas destilarias, segundo estimativa da consultoria INTL FCStone.

Mesmo para a soja, cujos preços sofreram o impacto da menor demanda da China em função da peste suína africana, o valor está de volta a patamares adequados, disse o executivo.

Para ele, o "estrago" causado pela peste suína africana é grande para plantel suíno chinês, mas não tão grande para consumo de soja, na medida em que outros países estão processando mais a oleaginosa para produzir ração para atender ao mercado de carnes chinês.

O cenário de baixa da soja passou "muito rápido", disse ele, após o mercado ter sofrido pressão por alguns meses diante da epidemia da peste na China.

Ele lembrou que a safra de soja 2019/20 no mundo será menor, após os EUA terem sido afetados por problemas climáticos, o que reduzirá os estoques globais.

Após vários anos de superávit, o mercado de soja verá um déficit de pelo menos 13 milhões de toneladas, disse a SLC, citando dados do Departamento de Agricultura dos EUA.

SLC Agrícola vê lavouras de soja no Centro-Oeste 'excelentes' após plantio tardio

SÃO PAULO (Reuters) - As lavouras de soja do Centro-Oeste do Brasil, principal região produtora do maior exportador global da oleaginosa, estão "excelentes", apesar de atraso inicial do plantio, disse nesta quinta-feira o diretor-presidente SLC Agrícola, Aurélio Pavinato.

Em teleconferência sobre os resultados da empresa, uma das maiores produtoras agrícolas do Brasil, Pavinato explicou que o potencial produtivo da soja plantada em outubro normalmente é maior na comparação com o grão semeado em setembro.

Segundo o executivo, atraso no plantio da soja pelo tempo mais seco em setembro --que reduz a janela climática ideal para a segunda safra (de milho ou algodão)-- não afetou os cultivos da oleaginosa, que foram realizados e estão recebendo mais umidade.

Nas áreas onde a companhia planta no Nordeste, acrescentou Pavinato, as chuvas ainda não se normalizaram, e o plantio será tardio na região.

Contudo, ele disse que a previsão indica, para a área de duas fazendas da empresa no Maranhão, uma normalização das chuvas.

"Vai plantar um pouco mais tarde, teoricamente perde potencial produtivo, mas não deixa de atingir o projeto", comentou, acrescentando os cultivos da Bahia também serão realizados neste mês.

Em seu relatório de resultados do terceiro trimestre, a SLC estimou uma redução de 1,9% na sua área plantada na safra 2019/20, para 449,5 mil hectares, devido ao atraso do início das chuvas nos Estado do Mato Grosso e Maranhão.

A questão climática postergou o plantio da soja --cuja área cairá 3%, para 236 mil hectares-- reduzindo o potencial do total plantado de milho safrinha, que acabará caindo 8,5% ante 2018/19, para 81,7 mil hectares.

A redução de área foi classificada pelo executivo como marginal. "Sem muita expressão, na prática estamos mantendo na safra 19/20 versus 18/19."

Ao ser questionado por analista sobre os motivos de a companhia não aumentar o plantio, ele disse que a companhia tem na temporada 2019/20 um período de consolidação. "Não temos necessidade de continuar crescendo todos os anos", destacou, lembrando que no ano passado o aumento da área foi de 50 mil hectares.

Plantio da SLC Agrícola cairá 1,9% em 2019/20 com atraso por chuvas

SÃO PAULO (Reuters) - A SLC Agrícola <SLCE3.SA>, uma das maiores produtoras de grãos e oleaginosas do Brasil, estimou uma redução de 1,9% na sua área plantada na safra 2019/20, para 449,5 mil hectares, devido ao atraso do início das chuvas nos Estado do Mato Grosso e Maranhão.

A questão climática postergou o plantio da soja --cuja área cairá 3%, para 236 mil hectares-- reduzindo o potencial do total plantado de milho safrinha, que acabará caindo 8,5% ante 2018/19, para 81,7 mil hectares.

A companhia, por outro lado, estima um aumento de 2% no plantio de algodão, para 126,2 mil hectares, de acordo com comunicado divulgado na noite de quarta-feira.

Em relação às produtividades para a próxima safra, a empresa estimou crescimento de 6,4% para o algodão (média 1ª e 2ª safras), 2,3% de aumento na soja e crescimento de 6% no milho 2ª safra.

"O cenário de clima para a próxima safra é de normalidade", disse a SLC agrícola, citando relatório do NOAA, do governo dos EUA.

Dada essa combinação de fatores --área plantada, produtividade, custos e clima--, "nossas expectativas em relação à safra 2019/20 são positivas e estimamos manter um bom nível de rentabilidade para esse novo ano agrícola que se inicia".

As informações foram publicadas no balanço financeiro do terceiro trimestre, no qual a companhia reportou prejuízo de 96,6 milhões de reais, ante lucro de 35,6 milhões de reais, uma vez que a companhia considerava uma produtividade maior do algodão no cálculo da variação do valor justo dos ativos biológicos.

Além disso, ao longo do terceiro trimestre, houve redução no preço do algodão, o que ocasionou uma revisão do cálculo também sob esse quesito.

Já o Ebitda ajustado do terceiro trimestre foi recorde, em 161 milhões de reais, com crescimento de 82,4% em relação ao mesmo período do ano passado, reflexo dos maiores volumes faturados e margens na soja e no milho.

Separadamente, a empresa ainda reportou que vendeu um total de 5.205 hectares (sendo 4.162 agricultáveis), por 83,2 milhões de reais, da Fazenda Parnaíba, localizada no município de Tasso Fragoso, no Maranhão.

A área vendida continuará sendo operada pela companhia, com pagamento de arrendamento a valor de mercado, disse a empresa, cujas terras totais estão avaliadas 3,86 bilhões de reais, apreciação de 3,4% sobre 2018, oferecendo um ganho líquido de 183,5 milhões de reais.

 

 

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Fonte:
Reuters/Cepea

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