China dá sinais de abertura para acordo parcial com os Estados Unidos

Publicado em 09/10/2019 14:40 e atualizado em 09/10/2019 15:37

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A China tem dado sinais de estar aberta para um acordo parcial com os Estados Unidos, uma demonstração de que o país está focado em limitar os danos da guerra comercial para a economia mundial. Esta semana, líderes chineses irão para Washington para uma nova rodada de negociações, que está marcada para acontecer entre os dias 10 e 11 de outubro.

Apesar de não haver muito otimismo com o andamento das negociações, de acordo com fontes anônimas, a China estaria disposta a aceitar até mesmo um acordo parcial. No entanto, os chineses esperam que o presidente Donald Trump não coloque em prática taxas tarifárias previstas para este fim de ano.

Em jogo, estão compras de produtos agrícolas americanos, que nas últimas semanas subiram expressivamente. Desde setembro, a demanda por carne suína e soja do país asiático, tem sido suprida pelos Estados Unidos. Após comprar 45 milhões de toneladas de soja do Brasil, o país asiático migrou seu potencial de compras da América do Sul para a soja americana, que sem as tarifas retaliatórias de 25%, ficaram mais competitivas.

Além disso, a política interna americana tem pressionado o presidente Donald Trump, que corre o risco de sofrer impeachment. Ainda é incerto se essa pressão será o suficiente para tirar o presidente do poder, já que os índices da economia americana tem demonstrado que o país segue forte diante de uma possível recessão global.

Nesse contexto, o Financial Times informou que a China está disposta a aumentar as compras de produtos agrícolas americano, entre eles, a soja. A China estaria disposta a comprar  30 milhões de toneladas anuais, 10 milhões a mais que as compras atuais. (veja baixo)

China oferece compras extras de produtos agrícolas dos EUA, diz Financial Times

PEQUIM (Reuters) - Autoridades chinesas estão oferecendo aumentar as compras anuais de produtos agrícolas dos Estados Unidos no momento em que os dois países buscam resolver sua prolongada disputa comercial, informou o jornal Financial Times nesta quarta-feira, citando fontes não identificadas.

O vice-premiê chinês, Liu He, principal negociador comercial da China, viajará a Washington para a próxima rodada de negociações de alto nível entre os dois países, que vão acontecer nos dias 10 e 11 de outubro.

A notícia afirmou que a China oferecerá aumentar as compras anuais de soja dos EUA para 30 milhões de toneladas, contra 20 milhões atualmente, acrescentando que o aumento será equivalente a cerca de 3,25 bilhões de dólares em pedidos adicionais.

A China aumentou suas compras de produtos agrícolas dos EUA no mês passado, incluindo soja e carne suína.

ANALISTAS OUVIDOS PELO N.A.

O Notícias Agrícolas entrou em contato com alguns analistas brasileiros, para entender quais serão os impactos dessa possibilidade para o futuro da demanda pela commodity no Brasil.

Luiz Fernando Gutierrez Roque - Analista da Consultoria Safras & Mercado - afirma que apesar da compra ainda ser considerada um novo boato sobre o cenário da guerra comercial, é importante que o produtor brasileiro esteja atento às próximas mudanças de mercado. O especialista afirma que mesmo que o valor todo da compra não seja revertido em compra de soja, certamente uma boa parcela fica para a oleaginosa. "É o produto agrícola que a China mais importa dos EUA, então dá para considerar a maior parte desse volume", analisa. 

Caso o acordo seja firmado, para o especialista o maior prejudicado nessa mudança de mercado será o Brasil. "A gente sabe que quem compete com o Brasil com volumes grandes de soja para o mercado chinês são os Estados Unidos. O grande volume de compra em um, normalmente leva à perda de outro, mesmo que não seja na mesma proporção ", afirma.

Para o analista mais do que a promessa de compra, é muito importante que ela de fato aconteça. Para ele, a trégua recente na guerra comercial, no início de setembro, indica que o acordo nunca esteve tão perto de acontecer, mas que ainda assim, para Luíz Fernando, só deverá ser assinado  em 2020.

Diante do cenário que pode mudar a qualquer momento, o analista destaca que o produtor brasileiro já deve começar a produzir pensando no ano que vem, tendo em mente que ele poderá trabalhar com base em um acordo comercial que consequentemente mudará o panorama do mercado .

"A guerra comercial ainda é positiva pro produtor brasileiro porque a demanda pela soja está distorcida, está acima do normal porque a China só compra de nós. Certamente o acordo vai trazer algumas clásulas do tipo: quero que compre 20 milhões de toneladas a mais de soja, sem comprar de mais nenhum país", analisa. 

O especialista finaliza afirmando que apesar da notícia ainda não ter sido confirmada, o risco ao produtor de soja é grande e crescente, além do risco da sobra de estoque, que eventualmente pode acontecer caso o acordo seja firmado nesses moldes. "O produtor brasileiro tem que ficar atento e aumentar a venda futura para garantir o preço que tem hoje e fugir do risco que só tende a cresce", finaliza. 

Ginaldo Sousa, Diretor Geral do Grupo Labhoro, afirma que apesar de ainda não se ter confirmado quais tipos de produtos os chineses comprariam, a sinalização de uma nova negociação indica que um acordo entre as dos países poderá ser firmado nos próximos dias. "​Não se sabe quais são os produtos do agro que eles vão comprar. Eu diria que esses 10 milhões significam que eles estão indo para um acordo. E um acordo mesmo que seja temporário, significa que eles estão negociando o resto", afirma. 

O especialista afirma que caso um acordo, ainda que temporário, seja firmado o saldo será positivo ao produtor brasileiro porque a cotação na bolsa de Chicago deve voltar a subir. "Porque a safra americana foi pequena, e consequentemente você teria, vamos dizer, prêmios do Brasil se equivalendo aos preços americanos", analisa. 

Ginaldo explica ainda que caso a China quisesse comprar hoje essa quantidade de soja no Brasil, neste exato momento não seria possível. "O acordo vai ser, na minha visão, bom pro produtor brasileiro, porque  a China voltaria a consumir no Brasil  e nos EUA, sem concentrar grandes estoques lá e aqui também o Brasil poderia atender os chineses de uma maneira bem mais tranquila", afirma.

>>> Com informações do FX Street 

>>> Com informações do The Guardian

>>> Com informações do Bloomberg

 

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Vilson Ambrozi Chapadinha - MA

    Kkkkkk. Parece que a teoria dos vasos comunicantes está fora de moda. Ou a do lençol curto.

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