Prêmios para soja sobem e alcançam US$ 1 pela 1ª vez desde dezembro, diz Agrinvest
A intensificação da guerra comercial entre China e Estados Unidos tem sido o principal combustível para os prêmios da soja no Brasil nos últimos dias. Este início de semana não é diferente. Nos principais portos do país os valores sobre as cotações praticadas na Bolsa de Chicago têm subido de forma considerável. De acordo com informações da Agrinvest Commodities, voltaram a alcançar US$ 1,00 pela primeira vez desde dezembro nesta segunda-feira (13). Os valores mais altos são observados nas posições de entrega mais distantes.
Segundo relata a diretora da De Baco Corretora, Rita De Baco, os preços da soja nos portos têm ainda indicativos entre R$ 75,00 e R$ 76,00 por saca, com a pedida dos vendedores em algo entre R$ 76,00 e R$ 77,00.
"O que temos rodando são lotes bem pontuais. Acredito que os produtores continuarão segurando suas vendas à espera de preços melhores, principalmente os que estão capitalizados. Os que precisam de suporte financeiro estão preferindo pegar dinheiro no banco do que vender sua soja", explica Rita.
Em alguns casos, com a saca nos atuais patamares, as contas começam a não fechar para os produtores de determinadas regiões. Isso acontece mesmo com o dólar batendo na casa dos R$ 4,00 e com a escala dos prêmios.
O atual quadro de oferta e demanda é outro.
Há um ano, como explica a analista, os preços se mostravam consideravelmente mais altos, superando os R$ 85,00 por saca, FOB, nesta mesma época
"Mesmo com câmbio mais forte e com as negociações complicadas entre EUA e China, os prêmios e a Bolsa operam abaixo dos valores do ano passado. São 3 os motivos: efeito dos estoques americanos, retorno da Argentina ao mercado e safra brasileira dentro da normalidade", diz.
Para que haja uma compensação efetiva das baixas em Chicago para a formação dos preços da soja no Brasil os valores teriam que subir mais. No mercado futuro norte-americano as cotações dos primeiros contratos já operam abaixo dos US$ 8,00 por bushel.
De acordo com os especialistas da Agrinvest Commodities, os prêmios terão ainda de subir mais "em função da posição pouco comprada da China e da melhora das margens de esmagamento".
Com o agravamento do conflito comercial entre China e EUA, uma das retaliações chinesas será a de que o país não poderá comprar mais produtos agrícolas norte-americanos. Confirmada e colocada em prática, a medida pesa ainda mais sobre os já elevados estoques de soja dos EUA.
Na última sexta-feira, 10, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) aumentou sua estimativa para os estoques finais de soja 2018/19 dos EUA para mais de 24,36 para 27,08 milhões de toneladas. Do mesmo modo, sua projeção para as exportações americanas de soja caíram de 51,03 para 48,31 milhões de toneladas.
ACORDO CHINA X EUA CADA VEZ MAIS DISTANTE
Nesta segunda, o governo chinês anunciou sua retaliação aos últimos movimentos do presidente Donald Trump. Por meio de um comunicado em seu site informou o aumento de tarifas sobre US$ 60 bilhões em produtos chineses em 1º de junho, segundo informa a agência internacional de notícias Bloomberg. Mais de 5 mil itens terão suas taxas elevadas, de acordo com informações do site do governo chinês.
O anúncio oficial fala ainda de aumentos que podem variar de 10 a 25% e que produtos que são taxados em 5% não sofrerão mudanças. O Ministério das Finanças afirmou, na nota divulgada nesta segunda-feira, que isto é "uma resposta ao unilateralismo e ao protecionismo comercial".
Além disso, o comunicado continua dizendo que "a China espera que os EUA voltem ao trilho certo das negociações de um comércio bilateral, trabalhando junto com a China para que encontre o país na metade do caminho para um acordo que seja mutualmente benéfico, com respeito, igualdade e ganhos para ambos".
Trump afirmou que a China estaria 'jogando com o tempo' e alertou o governo de Xi Jinping que poderia oferecer um "acordo muito mais difícil" se for reeleito em 2020.
A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo já dura quase 15 meses. E nas últimas rodadas de negociações as conversas 'desandaram'. A China diz que não irá ceder a pressões norte-americanas, enquanto os EUA seguem afirmando que não mais permitirão "que a China volte atrás" no que já foi combinado para um acordo. Nos últimos dias, as ameças - via armas de retórica - se intensificaram por parte de ambos os lados.
Os efeitos são generalizados no mercado financeiros. As commodities recuam de forma generalizada, bem como as ações em todos os mercados, principalmente o chinês e o americano.
Soja em Chicago recua para mínima de 10 anos por tensões comerciais EUA-China
PARIS/CINGAPURA (Reuters) - Os contratos futuros da soja em Chicago ampliaram perdas nesta segunda-feira, estabelecendo uma mínima de 10 anos, à medida que investidores foram desestimulados pelas crescentes tensões nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China, que reduziram expectativas de uma retomada nos embarques da oleaginosa.
O milho e o trigo também recuaram em Chicago, conforme menores perspectivas de uma solução rápida para a batalha tarifária entre Washington e Pequim levaram a grandes perdas tanto nos mercados de grãos quanto nos mercados financeiros de uma forma geral.
Os mercados de grãos também permaneceram sob pressão do relatório de oferta e demanda divulgado na sexta-feira pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês), que projetou ofertas domésticas acima do esperado para soja, milho e trigo.
Além disso, os preços ainda foram pressionados por previsões de um tempo menos chuvoso que o visto ultimamente nos EUA, o que pode ajudar agricultores a avançar em plantios atrasados.
"O relatório do USDA... somou-se à atmosfera sombria atual das commodities agrícolas, devido às infindáveis e tensas discussões comerciais entre EUA e China", disse a consultoria Agritel.
Às 13h40 (horário de Brasília), o contrato mais ativo da soja em Chicago recuava -1,2%, para 7,995 dólares por bushel, sua mínima desde dezembro de 2008.
O milho perdia 0,14%, a 3,5225 dólares/bushel, próximo à mínima de quase oito meses batida na sexta-feira, de 3,455 dólares.
Já o trigo se recuperava e atingia uma alta de 2,18%, a 4,34 dólares/bushel, após ter atingido seu menor nível desde janeiro de 2018, a 4,2125 dólares.
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