Alerta na Soja: Risco de infecção pela ferrugem é alto nesta safra
Como previsto, a ferrugem chegou mais cedo às lavouras de soja do Brasil e já preocupa agricultores nos principais estados produtores. A situação mais grave, até este momento, é no estado do Paraná. A Emater Paraná instalou 169 coletores e destes, 27 já registram a presença de esporos. O número de coletores deverá chegar a 185.
Alerta Ferrugem - Fonte: Emater PR
Ao mesmo tempo, o Consórcio Nacional Antiferrugem aponta, até agora, 17 ocorrências de ferrugem no estado paranaense. Em todo o Brasil, são 25 ocorrências sendo registrados nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, além do Paraná.
Mapa mostra últimas atualizações do Consórcio Antiferrugem
Os três principais focos no estado paranaense são o sudoeste, oeste e região de Londrina, como explica o coordenador estadual de grãos da Emater, Nelson Harger. O especialista orienta, portanto, que com 16% dos coletores registrando esporos se torna ainda mais necessário o intenso monitoramento das lavouras para que as aplicações dos fungicidas sejam feitas no momento correto.
"Essa é uma época em que a doença tende a se disseminar com mais intensidade e é preciso atenção. O agricultor não pode perder o momento da aplicação ou ele vai ter perda", diz Harger.
As condições climáticas são favoráveis à doença e sua proliferação, portanto, tem sido bastante rápida. As chuvas chegaram mais cedo, e trouxeram a ferrugem mais cedo também. Além disso, o volume de plantas voluntárias de soja também é grande nesta temporada e esse acaba por ser um dos principais fatores que agravam o problema.
"Muitos problemas relacionados à ferrugem tem se dados porque não temos trabalhado corretamente na eliminação das plantas voluntárias durante a entressafra. E sim, temos o problema do Paraguai (que não contam com o vazio sanitário e podem fazer uma segunda safra de soja), mas não é só responsabilidade deles", explica o coordenador da Emater.
Assim, Harger volta a afirmar que o trabalho principal da Emater tem sido o de alertar os produtores sobre a necessidade do monitoramento e do melhor momento das aplicações. "Está na região onde o coletor identificou os esporos e a condição climática é favorável, a orientação é a aplicação. O produtor deve procurar seu profisisonal de confiança para que ele direcione produto, doses momento, de acordo com as necessidades da lavoura", diz.
A mesma orientação foi reforçada pela pesquisadora da Embrapa Soja, Claudine Seixas. "Não se pode ficar calendarizando as etapas somente, é preciso monitorar as lavouras. Neta safra, muitos casos foram identificados em plantações em estágio reprodutivo, com 20/25 dias. Se o produtor tivesse esperado o calendário e aplicado só com 40 dias poderia ter perdido o melhor momento da aplicação", explicou Claudine.
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A outra preocupação está agora na questão climática. As últimas previsões climáticas mostram que o Paraná deverá voltar a receber chuvas intensas neste próximo final de semana, o que torna o alerta ainda mais intenso.
"A tendência é que comece a chover de forma intensa a partir de amanhã no estado paranaense, mas no domingo o sistema avança para o Sudeste. Depois, somente no início de dezembro é que volta a chover. Então os produtores ainda terão um tempo para os tratos culturais", afirma a chefe do Centro de Análise e Previsão do Tempo do Inmet, Morgana Almeida.
Com esses intervalos e a trégua das chuvas, ainda como explica a pesquisadora da Embrapa, os produtores não deverão enfrentar problemas sérios com a falta de condição para as aplicações. "Não é como no ano passado, que tivemos 30 dias seguidos de chuvas e sem condição de aplicação" diz Claudine.
Mapa com a previsão de precipitação acumulada para até 72 horas (23/11 a 25/11) em todo o Brasil - Fonte: Inmet
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