Serviço australiano confirma persistência do La Niña e analista internacional fala em combustível para preços dos grãos
O Instituto de Meteorologia da Austrália - Bureau of Meteorology (BOM, na sigla em inglês) - atualizou suas previsões para o La Niña e informou que o fenômeno, de intensidade fraca, ainda persiste e deve durar até o outono do hemisfério Sul em 2018. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (3).
Anomalias semanais de temperatura no Pacífico tropical - Fonte: BOM
"As últimas observações de temperaturas da superfície do Pacífico tropical do centro a leste permanecem em torno dos níveis de La Niña (0,8 ° C abaixo da média), enquanto na atmosfera os padrões de nuvens também são típicos. Um recente enfraquecimento nos ventos alísios e uma queda no Índice de Oscilação do Sul (SOI), provavelmente serão o resultado de um evento MJD (Madden-Julian Oscillation), e não são considerados sinais de uma quebra precoce de La Niña. No entanto, um acúmulo de água mais quente sob a superfície do Pacífico ocidental pode ser um precursor para o final deste evento nos próximos meses", diz o boletim do Bureau.
Ainda de acordo com o instituto australiano, é necessário que o evento dure pelo menos três meses para que a temporada 2017/18 seja considerada uma temporada de La Niña. E os modelos pesquisados pelo serviço sugerem que, embora o evento possa durar ate o verão do hemisfério sul, será mais fraco que o fenômeno intenso registrados em 2010 e 2012.
Entre o mercado de grãos
Analistas de mercado, nacionais e internacionais, têm apostado na divergência das ptrevisões climáticas para a América do Sul como combustível para a volatilidade entre os preços dos grãos no mercado futuro norte-americano. Afinal, como mostra uma matéria do site internacional The Street, desde o pico de 2012, quando um dos mais fortes La Niñas foi registrado, as cotações vieram recuando até se acomodarem e seguirem caminhando de lado.
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"Esse é um ambiente difícil para produtores e especuladores, já que está em contraste com o mercado observado na virada da década, quando os resultados entre os preços dos grãos se mostraram intensamente voláteis", diz a corretora Carley Garnerm da DeCarley Trading.
Para a executiva, o mercado de grãos, porém, está prestes a passar por uma virada de ritmo e as condições favoráveis para persistência do La Niña pode ser o catalisador dessa mudança. "O fenômeno, responsável pela decolagem dos preços em 2012 pode fazer uma aparição em 2018. Caso isso se confirme, os preços - principalmente do milho, da soja e do trigo - podem encontrar estímulo e volatilidade", diz ela.
Gráfico compara o movimento dos preços do milho com os picos causados pelo La Niña - Fonte: QST/The Street
Carley, porém, alerta que o impacto recebido pelas cotações pode não ser o mesmo que o registrado há seis anos, já que depois disso o mundo registrou alguns anos de boas safras e condições menos adversas de clima em importantes países produtores de grãos.
"Para colocar as coisas em perspectiva, em 2012, tínhamos o milho sendo negociado na casa dos US$ 8,00 por bushel seguindo os problemas causados pelo La Niña, enquanto hoje temos as referências na casa dos US$ 3,00. Sobre o trigo, em 2012 eram US$ 9,00 e acima, e agora vimos as mínimas no patamar dos US$ 4,00. Ao considerarmos a soja, com o pico de preços trazido pelo La Niña vimos a proximidade dos US$ 18,00 por bushel na Bolsa de Chicago, e agora preços ao redor dos US$ 9,00", explica a corretora. "O mercado vai dobrar os preços? Provavelmente não, mas será difícil argumentar contra uma substancial recomposição das cotações", completa.
Com informações do Bureau of Meteorology e do site internacional The Street
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