Soja tem recuo de quase 3% na semana em Chicago diante das novas projeções de oferta
A semana foi negativa aos preços da soja praticados na Bolsa de Chicago (CBOT). De acordo com levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, as principais posições da commodity cederam quase 3%. Nesta sexta-feira (10), os contratos da oleaginosa finalizaram o dia com perdas entre 4,00 e 4,50 pontos. O março/17 perdeu o suporte dos US$ 10,00 por bushel, encerrando a sessão a US$ 9,96 por bushel. Já o maio/17 era cotado a US$ 10,06 por bushel.
O mercado foi pressionado por um conjunto de fatores, conforme pondera o analista de mercado da Lansing Trade Group, Marcos Araújo. "Tivemos nesta quinta-feira (9) a atualização das estimativas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), especialmente para a safra brasileira", destaca.
Nesta quinta-feira, a safra de soja do Brasil foi estimada em 107,6 milhões de toneladas pela Conab. Já o USDA projetou a produção do país em 108 milhões de toneladas. "E, ao contrário do que o esperado, o departamento americano revisou para cima as projeções dos estoques finais do país. Isso foi um balde de água fria no mercado e junto com a produção recorde no Brasil tivemos uma pressão negativa ontem e também hoje", explica Araújo.
Paralelamente, no quadro fundamental, o analista ainda reforça que há demanda pela soja americana. Para essa temporada, a perspectiva é que sejam exportadas 55,11 milhões de toneladas do grão, porém, segundo dados do USDA, em torno de 52,988 milhões de toneladas já foram negociadas nesta temporada.
"Temos até esse momento cerca de 93% da safra já comprometida e ainda estamos no mês de março. E a temporada só finaliza em agosto. E o patamar de US$ 10,00 por bushel é um nível importante e acreditamos que já estamos no fundo do poço", ressalta o analista de mercado.
Ainda na visão do analista, o foco dos participantes do mercado será o planejamento da nova safra nos EUA. Há uma perspectiva de aumento na área destinada ao plantio da cultura nesta temporada, que poderá totalizar 35,5 milhões de hectares.
"E o USDA estimou a produtividade em 53,8 sacas por hectare, com isso, temos um potencial de colheita de até 125 milhões de toneladas. Mas muitas coisas ainda precisam se concretizar, antes disso, teremos volatilidade em relação aos prêmios climáticos em meio à possibilidade de um El Niño. Contudo, alguns especialistas já indicam a ocorrência do evento climático no outono, o que não seria tão prejudicial à safra norte-americana", diz Araújo.
Mercado brasileiro
No mercado interno brasileiro, as cotações também recuam ao longo da semana. Em Unaí (MG), o valor cedeu 12,31%, com a saca da oleaginosa a R$ 57,00. Ainda no estado, em Uberlândia, o valor recuou 7,69%, com a saca a R$ 60,00. Em Luís Eduardo Magalhães (BA), a desvalorização foi de 4,62%, com a saca a R$ 62,00.
Nos portos, os valores também apresentaram variação negativa. Em Paranaguá, a queda foi de 1,37%, com o preço disponível e o futuro a R$ 72,00 a saca. No terminal de Rio Grande, o disponível fechou a semana a R$ 72,00 e perda de 0,69%. O futuro a R$ 73,40 a saca, com queda de 1,21%.
Além da influência de Chicago, as cotações ainda refletem o comportamento cambial. A moeda norte-americana encerrou a sexta-feira com queda de 1,60%, cotada a R$ 3,1435 na venda. Segundo dados da Reuters, a movimentação é decorrente dos dados do mercado de trabalho nos EUA, que aumentaram as apostas de uma possível elevação na taxa de juros no país, por parte do Federal Reserve, banco central americano, e o que já pode acontecer na próxima semana.
Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira:
PLANTIO JÁ COMEÇOU NOS EUA, PREÇOS BAIXAM NESTA SEXTA
Os fundamentos baixistas se reafirmam sobre a CBOT nesta sexta-feira, colocando mais baixas nos preços. Fundos trouxeram uma redução de 43 mil contratos, totalizando 127 mil posições líquidas compradas
Os produtores dos Estados Unidos já se preparam para o plantio da safra 2017/18. Em algumas localidades ao extremo sul do país (região também conhecida por Golfo dos EUA), a soja já está sendo semeada há alguns dias - e milho já há algumas semanas. Entretanto, a área de maior volume começa a ser semeada no começo do mês de abril.
Os nossos mapas de longo prazo mostram um padrão climático mais chuvoso para abril, principalmente no entorno do Cinturão Agrícola dos EUA. O que, se confirmado, favorecerá o estabelecimento da umidade do solo para um plantio dentro das normalidades.
Já as projeções para maio mostram chuvas já abaixo da média para esta mesma região,.
A ARC Brasil lembra, no entanto, que ainda é muito cedo para tomarmos conclusões irrefutáveis. |
Chuvas voltam no meio da semana
Na América do Sul a previsão climática é de um fim de semana bastante ensolarado e com chuvas bem abaixo da média, para a maioria do Brasil e Argentina.
Uma massa de ar quente de alta pressão se estabelece sobre a região central do Brasil, repelindo chuvas e limpando o céu.
Entretando, já em meados da próxima semana, as precipitações voltam ao país, oferecendo uma nova rodada de chuvas generalizadas que favorecerão o desenvolvimento da safrinha.
No Rio Grande do Sul as chuvas do fim de semana serão pesadas e bem distribuídas pelo estado. Dias nublados e temperaturas mais frias são esperadas para este sábado e domingo.
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