Soja exige novas estratégias de comercialização em tempo de preços em baixa e mercado travado
O dia foi de estabilidade para os preços da soja praticados na Bolsa de Chicago nesta quarta-feira (22). O mercado internacional, segundo acreditam analistas e consultores internacionais, se prepara para começar a receber as informações oficiais da nova safra dos Estados Unidos. Entre quinta e sexta-feira (23 e 24), acontece o USDA Outlook Forum e de lá chegarão esses dados preliminares.
A expectativa maior é sobre a confirmação de um aumento da área de soja nesta temporada 2017/18, com projeções esperando algo entre 2 a até 6 milhões a mais de acres a serem cultivados com a oleaginosa no país.
Enquanto essas informações não chegam, segue a estabilidade durante os pregões, como o desta quarta, com as posições mais negociadas terminando o dia na estabilidade, com pequenas baixas de pouco mais de 3 pontos. O contrato maio/17, que serve como referência para a safra brasileira, ficou em US$ 10,33 por bushel na CBOT.
Nesse ritmo, a comercialização da soja não anda no Brasil. A colheita se desenvolve, vem concluindo a safra do país, enquanto a oferta, porém, não se concretiza. E há compradores. Os vendedores, porém, vêem os números ainda distantes do que consideram ideais para voltar aos negócios.
"Tínhamos, no final da última semana, cerca de 43% a 45% da safra comercializada no Brasil. De lá pra cá, isso não mudou quase nada", relata o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo de Sousa. "Os negócios estão travados", diz.
Sousa explica ainda que o produtor poderia optar por fazer alguma venda em dólares com o câmbio a fixar, no entanto, é necessário que ele respeite a realidade de seus custos, de sua tomada de recursos e também a realidade da região. O momento é de traçar novas estratégias diante dessa nova realidade dos preços, pelo menos nesse momento.
O dólar, afinal, ainda não favorece a formação dos preços no Brasil e, ainda segundo o diretor da Labhoro, o horizonte também não conta, por enquanto, com uma mudança nessa trajetória. "O Risco Brasil caiu, temos um futuro promissor e isso indica a nossa moeda forte. O produtor tem que considerar isso", explica. Nesta quarta, a moeda americana fechou o dia com R$ 3,0705, com queda de 0,65%.
Os preços da soja nos portos do Brasil não resistiram e amargaram um novo dia de baixas. Em Paranaguá, o valor no disponível e para março/17 perderam 0,68% para chegar aos R$ 72,50 por saca. No terminal de Rio Grande, baixa de 0,69% no disponível, com R$ 72,00, e de 0,67% para junho, com o indicativo encerrando o dia em R$ 74,00. Em Santos, o spot cedeu 1,49% para R$ 72,50.
Além do cenário interno, a ata do Federal Reserve divulgada nesta quarta-feira chegou sem "reforçar a alta dos juros (nos EUA) em breve", segundo informou a Reuters, e também pressionou a divisa.
"O mercado entendeu que o aumento de juros sinalizado pelo Fed não deve ser março (próximo econtro do Fed)", afirmou o diretor de operações da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer à agência de notícias.
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