Com clima favorável, colheita da soja avança no BR e chega a 10% da área

A colheita da soja parece ter se desenvolvido bem nestes últimos dias no Brasil e, de acordo com uma pesquisa feita pela AgRural já há cerca de 10% área da safra 2016/17 com seus trabalhos concluídos até a última sexta (3). O número vem em linha com o registrado no ano passado, neste mesmo período, e acima dos 6% da média dos últimos cinco anos. 

As previsões do tempo, porém, continuam no radar dos produtores, que aproveitam a trégua das últimas chuvas para dar ritmo à colheita. Segundo informações da Climatempo, nesta segunda-feira (6), as áreas de instabilidade ainda estão espalhadas por todos o Brasil. 

"Há risco de chuva forte no Sul e Oeste da Bahia, Espírito Santo, norte do Rio de Janeiro e Minas Gerais, Distrito Federal, Tocantins até o norte de Mato Grosso e no Amazonas. O tempo também fica mais carregado no leste do Paraná e Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, dia com sol e muitas nuvens", informa a Climatempo em seu boletim diário. 

Veja mais:

>> Área de instabilidade atua no centro-norte de MG, no norte do RJ e no ES

Segundo o produtor rural Laércio Pedro Lenz, de Sorriso, em Mato Grosso, não chove no municipio neste momento e, nos últimos dias, as previsões vieram em forma de pancadas e localizadas. As condições, portanto, têm permitido um bom avanço dos trabalhos de campo, mantendo alta a média da produtividade. 

"A colheita está andando bem e, por aqui, está tudo em dia. Está prevista uma invernada aqui pra Mato Grosso, mas se durar de 3 a 4 dias, não devemos ter problemas, só mesmo se ela se estender um pouco mais", diz. "Sorriso deve ficar com uma média de 58 a 60 sacas por hectare de produtividade, mas há alguns talhões que tem dado até algo entre 65 e 70 sacas", completa. 

Em Nova Ubiratã, também em Mato Grosso, o final de semana também foi de avanço da colheita, como mostram as imagens a seguir. Com o tempo aberto, os produtores também conseguiram aumentar o rtimo dos trabalhos de campo e a produtividade média esperada para o município é de 57 sacas por hectare. 

Colheita da soja em Nova Ubiratã/MT - Foto de Albino Castilho

Até o próximo dia 9 de fevereiro, as previsões da Climatempo indicam menos chuvas para a região Nordeste, enquanto na faixa que vai de São Paulo ao Amazonas, as pancadas de chuvas deverão ainda ser frequentes. Em estados do Centro-Oeste, há pontoscom até 125 mm de chuvas acumulados sendo previstos. No Sul, o extremo leste do Paraná também deve contar com chuvas de mais de 100 mm nos próximos dias. 

Segundo o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento, apesar das pancadas de chuvas que ainda são esperadas, também há sol e calor previstos para os próximos dias no Centro-Oeste, o que vai continuar permitindo o avanço da colheita. "Não dá pra contar com uma situação diferente dessa, a não ser que haja um veranico", diz. Essa condição é específica para o Centro-Oeste, especialmente Mato Grosso e Goiás. 

"As pancadas vêm com forte intensidadem, têm curta duração e são inevitáveis. Janeiro e fevereiro são os meses mais chuvosos do Centro-Oeste", diz. "O anormal foram anos anteriores, agora, está tudo dentro da normalidade. O produtor vai ter que se programar pra trabalhar nesses intervalos e, quem conseguir vai se dar muito bem, porque a condição de solo está boa, a condição para a safrinha também está muito boa", explica Nascimento. 

A orientação do meteorologista, portanto, é de que os produtores que puderem evitar a dessecação das lavouras que o façam, permitindo que a soja possa amadurecer e secar naturalmente diante dessas previsões de mais chuvas para os próximos dias, conseguindo driblar parte dos efeitos dessas pancadas. 

No link abaixo, confira a íntegra da entrevista de Alexandre Nascimento ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira:

>> Produtores no centro-oeste devem evitar fazer dessecação das lavouras com expectativa de chuvas fortes para os próximos dias

Safra do Brasil

A AgRural estima uma safra de 105,4 milhões de toneladas para esta temporada, e aumentou sua projeção em relação à última com as boas condições de clima favorecendo a safra. O rendimento de alguns estados foi revisado para cima, como Mato Grosso, com média esperada de 54 sacas por hectare, 51 no Rio Grande do Sul e 56 em Santa Catarina. 

No entanto, a consultoria afirma que a conclusão desta safra ainda não aconteceu. "Perdas ainda podem ocorrer por falta de chuva no Matopiba e no Rio Grande do Sul, que têm lavouras mais tardias, ou por excesso de chuva na colheita em outros Estados. Mas, a julgar pelas previsões para a primeira quinzena de fevereiro, a produção acima de 100 milhões de toneladas já parece estar assegurada", informa a AgRural.