Seca às vésperas da colheita traz perdas de produtividade para a soja em Alto Paraná, no Paraguai
No centro do departamento de Alto Paraná, no Paraguai, os produtores começam a se preocupar com uma seca que assola a soja bem nas vésperas da colheita. De acordo com Marcio Giordani Mattei, produtor do município de Santa Rosa Del Monday, "o Paraguai não vai ter mais uma superssafra" como era aguardado pelas estimativas anteriores, uma vez que o plantio vinha em bom desenvolvimento até o mês de novembro.
Mattei conta que nos últimos dias, os volumes de chuvas foram muito desuniformes, tanto em índices pluviométricos quanto de uma propriedade para a outra. Com este problema chegando bem na fase de enchimento de grãos de grande parte das lavouras, este se torna um fator crucial para a produção, que poderá ter muitas perdas em produtividade. Atualmente, as estimativas dão conta de uma média de produtividade de, no máximo, 3300kg por hectare (55 sacas por hectare) para a região, mas segundo o produtor, algumas propriedades não devem chegar a 3000kg (50 sacas por hectare).
Há previsão de chuvas para a próxima semana, mas para grande parte das lavouras, já vai ser muito tarde. Para tentar cumprir o calendário, muitos produtores já estarão dessecando suas propriedades para realizar a colheita. "Não tem mais volta", aponta Mattei.
Neste ano, a soja teve seu ciclo alongado em torno de 15 a 20 dias no Paraguai por conta do frio, que ainda perdurou na primavera. Neste momento, o milho e a soja safrinha já deveriam estar plantados, com a soja de primeira safra já colhida.
Este fator, por sua vez, também leva as preocupações para a safrinha. A janela ideal de plantio vai até o dia 10 de fevereiro. Depois disso, as plantas estarão suscetíveis a sofrerem com as temperaturas a partir do mês de maio. A maior preocupação é para o milho, já que muitos produtores podem ficar sem seguro devido à época de plantio arriscada. Com os insumos comprados, os produtores paraguaios podem ficar "por sua conta e risco".
Diferentes situações
Em Alto Paraná, as microrregiões enfrentam diferentes situações. A região do norte está mais estabilizada, como destaca o produtor. "Deu uma chuva, vai ter alguma quebra, mas o pessoal vai produzir", diz. Além do centro do departamento, o sul possui lugares com 40 dias sem chuvas, onde alguns produtores "não vão nem colocar a colheitadeira" na lavoura.
Na última terça-feira (24), houve uma pequena chuva no centro do departamento, mas de pouca distância. Com o término das chuvas, o calor escaldante vem no lugar. Mattei destaca que, hoje, o clima está mais ameno, mas a temperatura chegou na casa dos 40°C em várias ocasiões.
Por conta das questões climáticas, ele aponta que a safrinha deverá sofrer uma diminuição. "Os produtores conscientes vão fazer uma quantidade razoável, com os pés no chão", acredita. Fora da janela ideal, o milho e a soja de segunda safra poderão não ter mais a produtividade esperada, já que os dias começam a ficar mais curtos e as plantas recebem menos luminosidade.
De acordo com dados da Câmara Paraguaia de Exportadores e Comercializadores de Cereais e Oleaginosas (Capeco), o departamento de Alto Paraná representa cerca de 27% da produção de soja do país, juntamente com Canindeyu e Itapúa, ambos representando 19% cada.
Comercialização
Com as inundações na Argentina, o preço da soja, por sua vez, ficou mais interessante para os produtores paraguaios - em torno de US$320 a US$335 a tonelada, considerando os prêmios que vêm sendo praticados para o produto do país. O custo de produção também teve uma baixa em relação à última safra, com adubo, insumos, fungicidas e sementes mais baratos. No entanto, para ficar bem remunerado ou, então, "no limite da remuneração", o produtor deverá alcançar uma produtividade a partir de 2500kg por hectare (42 sacas por hectare).
Abaixo desse limite, "o prejuízo é certo", conclui Mattei, já que não oferece liquidez para o produtor, que, por sua vez, poderá não conseguir se capitalizar em 2017.
Veja fotos da soja em Santa Rosa del Monday (Alto Paraná - Paraguai) enviadas pelo produtor rural Márcio Giordani Mattei:
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