Chuva desacelera colheita de soja em Mato Grosso
Por Gustavo Bonato
SÃO PAULO (Reuters) - Chuvas ininterruptas que caem sobre Mato Grosso desde terça-feira já começam a prejudicar os trabalhos de colheita de soja em um período em que muitas lavouras estão maduras, disseram especialistas.
A colheita no Estado, principal produtor de soja no Brasil, havia começado acelerada, em ritmo recorde, devido a um plantio antecipado e a tempo seco no início de janeiro.
Até o momento, a colheita já atinge 11,5 por cento da área total plantada, segundo relatório semanal divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Houve avanço de apenas 6,2 pontos percentuais ante a semana passada.
"O nosso potencial poderia ser de (totalizar) até 15 por cento, porém essa semana teve vários dias de chuvas que impossibilitaram a entrada das máquinas", disse o gestor técnico do Imea, Angelo Ozelame.
A previsão era que, com tempo bom, os trabalhos de colheita entrariam em sua fase mais intensa entre o fim de janeiro e o início de fevereiro.
"Está chovendo todo dia, desde a terça-feira", disse o analista Fábio Meneghin, da consultoria Agroconsult, que coordena uma equipe de técnicos do Rally da Safra, que percorre Mato Grosso esta semana analisando produtividades em lavouras.
Segundo ele, que está nesta sexta-feira no município Campo Novo do Parecis, foram vistas poucas máquinas trabalhando durante as visitas a fazendas nos últimos dias.
A preocupação dos produtores aumenta quando há um período prolongado, de mais de uma semana, com tempo úmido e sem sol, o que provoca deterioração dos grãos que estão nas plantas, prontos para a colheita.
Até o momento, segundo Meneghin, o clima é de tranquilidade entre os produtores, já que chuvas são comuns em Mato Grosso em janeiro. "O pessoal está dizendo que está tudo dentro do previsto, por enquanto."
Os técnicos averiguaram até agora produtividades boas nas lavouras de Mato Grosso, voltando à média história do Estado, após perdas severas na temporada passada em função de seca.
Contudo, a previsão do tempo aponta continuidade do clima chuvoso.
"Ainda não há relatos de perdas de qualidade nem muito menos de produtividade. Porém, o grande problema é que há previsão de mais chuvas para os próximos dias, uma vez que o corredor de umidade vindo da Amazônia está sobre a região central do Brasil", disse o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima.
Ele explicou que uma Zona de Convergência do Atlântico Sul acaba de se formar, o que deverá deixar o tempo úmido em Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e em boa parte da metade sul de Minas Gerais nos próximos 5 dias.
Segundo a Somar Meteorologia, choverá mais de 50 milímetros no sul e oeste de Mato Grosso nos próximos três dias.
"No decorrer da próxima semana, a chuva forte avança para norte e alcança todo o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Pará e Rondônia", destacou o instituto de meteorologia.
(Edição de Luciano Costa)
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