Soja: Novas estratégias de comercialização só depois da posse de Trump, diz consultor
Com uma safra que deverá alcançar um novo recorde nesta temporada 2016/17, o Brasil pode registrar o maior volume de soja armazenado nas regiões produtoras da história, segundo explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. O ritmo de vendas antecipadas foi bem mais lento neste ano comercial e há, como explica o consultor de mercado, cerca de 40% da produção já comercializada, contra índices bem mais elevados em anos anteriores.
Os preços menos atrativos, a falta de uma direção bem definida para o câmbio e os produtores brasileiros mais capitalizados criaram um ambiente mais propício para essas vendas contidas. "Não há interesse em vender agora e, não há porque o produtor vender agora", diz o consultor. Nesta semana, porém, poderão ser registradas um volume ligeiramente maior de ofertas dada a evolução da colheita no país. "Nas áreas de colheita, estavam entregando contratos e deixando novos negócios para frente".
Para que isso se concretize, porém, Brandalizze explica que as referências precisam reagir e estimular as operações. "Com os vendedores esperando uma nova onda de altas, para voltar aos negócios boa parte do setor espera que os níveis avancem mais uns R$ 5,00 para que o ritmo forte retorne", informa o consultor.
Nesta segunda-feira (16), sem a referência de Chicago, as referências nos portos do Brasil permaneceram estáveis em relação ao fechamento da última sexta-feira (13). Em Rio Grande, a soja da nova safra tem como último indicativo os R$ 80,10 por saca, enquanto em Paranaguá esse valor é de R$ 78,00. As referências de pagamento são, respectivamente, março e junho/17.
No interior do país, os preços subiram acompanhando uma nova alta do dólar nesta segunda. A moeda americana fechou o dia cotada a R$ 3,2385, avançando 0,52%.
"Sem a referência dos Estados Unidos e com a agenda esvaziada, o mercado monitorou o exterior, sobretudo à espera pela May", disse o analista de câmbio da corretora Gradual Investimentos, Marcos Jamelli em entrevista à agência de notícias Reuters, referindo-se ao discurso da primeira-ministra britânica, Theresa May, na terça-feira.
Câmbio
E é consenso entre os analistas, consultores e especialistas que o câmbio deverá ser, de fato, o mais decisivo dos fatores ao se traçar as próximas estratégias de comercialização para daqui em diante. Para os economistas da Apexsim Inteligência e Mercado, "o câmbio continua sendo visto como principal fator a contribuir para um futuro mais próspero de preços para quem ainda necessita realizar negócios antes da colheita".
A atenção, portanto, deve ser redobrada nesta semana em que Donald Trump toma posse como novo presidente dos Estados Unidos e pode trazer ainda mais volatilidade para este mercado, ao lado, portanto, de algumas oportunidades. Complementando o quadro, há ainda a volta dos holofotes para o desenvolvimento do Brexit, ou seja, a saída do Reino Unido da União Europeia e seus desdobramentos impactando o mercado cambial internacional.
Para Carlos Cogo, consultor da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, toda essa movimentação ainda vai depender de políticas a serem definidas por Trump e a orientação é de que os produtores aguardem o pós posse para novas operações. "Aí sim teremos mais clareza", diz o executivo.
O Notícias Agrícolas, a poucos dias da posse de Trump, entrevistou o professor Geraldo Sant'Ana de Camargo Barros, da Universade de São Paulo e coordenador Científico do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada ( Cepea) , da USP/Esalq para analisar os possíveis cenários que se desenham para economia mundial e as consequências para o agronegócio.
Veja mais:
>> Posse de Trump, câmbio e o agronegócio brasileiro na visão do professor Geraldo Barros, do Cepea
Prêmios
Outro ponto de atenção para o produtor brasileiro serão os prêmios nos portos. Para Cogo, essa maior concentração de oferta que pode ocorrer nos próximos meses poderia pesar sobre as referências - as quais oscilam, hoje, entre 45 e 60 cents de dólar sobre os valores praticados em Chicago - e, portanto, seria interessante garanti-las.
Já para Vlamir Brandalizze, a migração da demanda internacional para o Brasil pode dar sustentação a esses valores. Há navios carregando as primeiras ofertas de soja do Brasil e a cada semana, chegam mais. "E os importadores deverão seguir focados no Brasil também em função das perdas que vêm sendo registradas na Argentina, e que podem ser ainda maiores", diz.
1 comentário
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Paulo Pires Deoliver São Paulo - SP
A soja sustenta o Brasil nesse milênio, o agronegócio já deu um trilhão de dólares de divisa ao pais ,,, e não vejo nenhuma homenagem ao produtores (que sustenta a elite da cidade)...
E ainda tem gente que quer avacalhar com o agronegócio no carnaval lá no Rio... "tem que ter saco" para assistir esse tipo de manifestação idiota...
Já houve diversas homenagens ao agronegocio. Seja em novelas em propagandas que passaram direto na rede globo enaltecendo o agro e inclusive em carnavais em que o agronegocio já foi tema por diversas vezes. Vamos parar com essa síndrome de vira lata pessoal, isso nos apequena!
Thiago acho que o senhor nao esta' entendendo bem a situaçao.-- O agricultor dispensa bajulaçao, nao precisa disso, todavia se ofende e se irrita com calunias---
Falou bem Sr. Carlo ! Com poucas palavras disse muito !
e thiago com essa eu me calaria para sempre