Soja: Com disparada do dólar, preços nos portos têm melhores patamares em mais de 3 meses

Publicado em 10/11/2016 16:57

Uma combinação de fatores promoveu uma disparada do dólar frente ao real nesta quinta-feira (10). A moeda americana fechou o dia, após uma sessão intensa, subindo mais de 5% e cotado a R$ 3,3631. Esta foi a maior alta diária da divisa em mais de seis anos e o impacto sobre a formação dos preços da soja no Brasil foi inevitável. Nos portos, as referências subiram mais de 3% nos negócios de hoje.

O produto disponível encerrou a quinta com alta de 3,95% e em R$ 79,00 no terminal de Paranaguá, enquanto em Rio Grande foi a R$ 78,50 por saca, com alta de 3,29%. Já no mercado futuro, R$ 80,00 no porto paranaense e R$ 82,50 no gaúcho, com ganhos de, respectivamente, 5,26% e 5,91%. E ainda como relata o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, alguns negócios para maio de 2017 chegaram a trazer momentos em que os preços foram a R$ 83,00 por saca durante o dia. Para julho, ainda no terminal do Rio Grande do Sul, as referências bateram, nos melhores momentos, em R$ 83,50 por saca, que é o melhor patamar em mais de três meses. 

O volume de negócios, porém, não foi tão intenso como se esperava. Nem mesmo no Rio Grande do Sul, onde a comercialização está mais atrasada, a evolução foi maior. "Os vendedores sumiram, seu novo foco agora são os R$ 85,00", acredita o consultor. E já há muitos indicativos de venda nesse patamar dos R$ 85,00, "com uma alta de cerca de mais 10 pontos em Chicago e de 1 a 2% do dólar frente ao real, isso pode ser alcançado e podemos ver uma nova onda de vendas", explica. 

De acordo com Brandalizze, os produtores, de fato, não buscam realizar novos negócios neste momento, uma vez que já venderam boa parte de sua safra antecipadamente - mesmo em um ritmo mais lento em relação aos anos anteriores - e com preços bem mais atrativos, como algo superior a R$ 90,00 nos portos. "Por isso, precisamos de mais algumas altas para que o produtor volte a vender", afirma. 

Assim, foi possível observar uma mudança de patamares entre os preços da soja no mercado brasileiro e criou algumas oportunidades, porém, ainda de forma insuficiente para mudar o perfil de evolução dos negócios. Mas, como explica Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter, "foi razoavelmente melhor do que vimos observando com a paradeira dos últimos meses".

No link abaixo, confira as cotações nacionais e internacionais completas desta quinta-feira:

>> MERCADO DA SOJA  

Entre os principais fatores de estímulo para o dólar nesta quinta-feira, segundo especialistas, foram os fortes rumores da possibilidade da cassação da chapa Dilma-Temer pelo Supremo Tribunal Eleitoral (TSE). A defesa da ex-presidente teria entregue ao tribunal alguns documentos apontando a doação de R$ 1 milhão à campanha eleitoral de 2014 pela Andrade Gutierrez. 

A notícia foi ganhando peso e corpo ao lado ainda das declarações do presidente do Banco Central do Brasil, Ilan Goldfajn, de que a instituição segue acompanhando de perto a atuação do câmbio, porém, sem colocar mais pressão sobre isso. E o BC declarou ainda que interrompeu a oferta de leilões que vinham sendo quase que diários de swaps reversos. 

Ao mesmo tempo, há ainda uma corrida dos investidores para o dólar que continua após a chegada do resultado que efeitvou Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos trazendo algumas incertezas. E embora essas incertezas sejam agora melhor recebidas pelos traders e investidores, ainda existem e também serviram de estímulo para o avanço da divisa nesta sessão. 

Leia mais:

>> Vitória de Trump tem efeito reverso e mercado está revendo suas avaliações

>> Dólar salta 4,7%, maior alta em 8 anos, e vai acima de R$ 3,35 com BC, Trump e Temer

Bolsa de Chicago

Na Bolsa de Chicago, a quinta-feira também foi intensa e de bastante volatilidade entre os futuros da soja. Ao longo do dia, as commodity chegou a subir mais de 20 pontos entre as posições mais cotadas, devolveu parte dos ganhos, mas ainda assim fechou em campo positivo, com altas de 5 a 8 pontos. Os contratos março e maio/17 ainda se mantêm, portanto, acima dos US$ 10,00 por bushel. 

Ainda segundo Brandalizze, esse avanço mais tímido no final do pregão foi reflexo de uma realização de lucros, depois que os futuros subiram bem, testaram alguns patamares de resistência - principalmente no maio e julho/17 com os US$ 10,40 por bushel, - não conseguiram e voltaram. Entretanto, o mercado permanece sustentado e ainda atuando nesta janela de cotações entre US$ 10,00 e US$ 10,40 na CBOT, segundo o consultor.

Na sessão desta quinta, além da retomada generalizada das commodities com o "efeito Trump" se tornando positivo entre os investidores, o mercado da soja em Chicago ainda respondeu aos seus fundamentos, principalmente os de demanda. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou uma nova venda de soja para a China e trouxe novas vendas semanais para exportação fortes, apesar de abaixo do intervalo esperado pelos traders. 

De acordo com o reporte do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgado nesta quinta-feira (10), na semana encerrada em 3 de novembro, os EUA venderam 1.103,8 milhão de toneladas da oleaginosa em grão, enquanto os traders apostavam em algo entre 1,7 milhão e 2,1 milhão de toneladas. 

Do total, foram 1.001,8 milhão de toneladas da safra 2016/17 e mais 102 mil da 2017/18. Em relação à semana anterior, o volume exportado do presente ano comercial caiu 60%, porém, elevou o volume acumulado a 37.128,3 milhões de toneladas, o que revela um aumento de 28% se comparado ao mesmo período da temporada 2015/16. A China se mantém consolidada como maior e principal destino da commodity americana. 

A estimativa do departamento é de que, nesta temporada, as exportações americanas da oleaginosa sejam de 55,77 milhões, o que significa dizer que, do total projetado, já há mais de 66% comprometido.

Daqui em diante e com mais de 90% da área colhida nos EUA e a grande safra já conhecida pelo mercado - apesar do impacto do relatório desta quarta-feira com mais de 118 milhões de toneladas estimadas pelo USDA - as atenções começam a se voltar para o desenvolvimento da safra da América do Sul. "Precisamos acompanhar o clima, será ele a direcionar os preços agora", acredita Camilo Motter. 

A Conab estima uma produção de soja no Brasil de 103,5 milhões de toneladas, o USDA, 102 milhões. Para a Argentina, a Bolsa de Rosário fala em 52 milhões e o departamento americano, em 57 milhões. Por enquanto, os produtores ainda estão muito atentos ao desenvolvimeto no campo e as consultorias sofrendo para fazerem suas estimativas. O clima, em ambos os países, está bastante irregular, uma qualidade menor das sementes em função dos problemas da safra anterior e mais o menor investimento dada a dificuldade de acesso ao crédito este ano. 

E todos esses fatores, além de poderem mudar o atual cenário, vão estimular especulação, volatilidade nos preços, além de exigir atenção do produtor rural na hora de fechar suas cotações. 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário