Nova safra de soja e milho do Brasil deve chegar ao mercado cedo em 2017
SÃO PAULO (Reuters) - Um início precoce em dezembro da colheita da safra recorde de verão de grãos do Brasil deverá colocar exportações de soja e milho no mercado global mais cedo do que o normal nesta temporada, o que poderia criar obstáculos para posições altistas nos mercados futuros de grãos.
Amplas chuvas de primavera no maior exportador mundial de soja e segundo maior exportador de milho permitiram que produtores plantassem a safra de verão com semanas de antecedência, e volumes favoráveis, frequência e distribuição das chuvas apontam para safras recordes.
O segundo maior Estado produtor de soja e milho do Brasil, Paraná, disse nesta terça-feira que o plantio da safra de soja atingiu 80 por cento da área total estimada, 5 pontos percentuais à frente do plantio há um ano. O Departamento de Economia Rural (Deral), ligado ao governo do Estado, acrescentou que o clima favorável tem ajudado os trabalhos no campo.
O Deral também reportou que o plantio do milho verão está quase concluído, em 99 por cento, ante 91 por cento há um ano.
No Mato Grosso, maior Estado produtor de grãos do país, o instituto agrícola Imea disse que chuvas precoces favoráveis durante o plantio das safras de soja e milho já colocou a colheita no radar até o fim do ano, bem à frente da temporada anterior.
"Some ao início precoce do plantio o fato de que 90 por cento da soja semeada no Mato Grosso são de variedades precoces ou superprecoces", disse Carlos Cogo, diretor da Carlos Cogo Consultoria. "Nós podemos ver o início da colheita no fim de dezembro com volumes significativos até janeiro."
Produtores nos dois Estados estão dispostos a realizar a colheita o mais cedo possível para poder plantar a segunda das duas safras de milho antes que a temporada de chuvas seja substituída pela temporada de seca, que no Brasil dura de maio a setembro.
As indústrias de aves e suínos do Brasil deverão comemorar a colheita antecipada, à medida que tentam retomar sua capacidade de produção, após cortes de 15 por cento mais cedo em 2016 em resposta à escassez no milho, o principal ingrediente nas rações animais.
Analistas ressaltam que o desenvolvimento das lavouras ainda não está concluído, com potencial para um período seco nas próximas semanas, quando as safras estão enchendo vagens ou espigas com grãos e sementes. Além disso, muita chuva poderia ser prejudicial.
"A colheita vai começar justo no momento em que a temporada de chuvas entra nos meses mais úmidos do ano", lembrou Cogo, acrescentando que os grandes volumes de chuva em janeiro e fevereiro poderiam atrasar o trabalho no campo e reduzir a qualidade dos grãos colhidos.
(Por Reese Ewing)
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