Mercado de soja fecha estável em Chicago e cotações recuam mais de 1% nos portos do Brasil
O mercado internacional da soja registrou uma sessão tranquila e de preços mantendo sua estabilidade nesta quinta-feira (3). Apesar de mais um intenso reporte semanal de vendas para exportação trazido pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reforçando o potencial da demanda, as cotações fecharam o dia com pequenos ganhos de pouco mais de 3 pontos e apenas o vencimento maio/17 ainda mantendo, entre os mais negociados, o patamar dos US$ 10,00 por bushel.
As vendas norte-americanas da oleaginosa, no acumulado do ano comercial, já superam em 24% as registradas no mesmo período do ano anterior e chegam a 36.126,4 milhões de toneladas no acumulado da temporada. Somente na última semana, as operações superaram 2,5 milhões de toneladas - volume acima do esperado - e a China continua figurando como a maior compradora mundial da commodity.
E o USDA ainda trouxe anúncio de uma nova venda de soja em grão para destinos não revelados de 120 mil toneladas da safra 2016/17 também nesta quinta-feira.
Segundo explica a analista de mercado Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora, os ganhos registrados nesta sessão são ainda uma tentativa de recuperação das cotações após as perdas dos dois últimos pregões, as quais foram motivadas, principalmente pelo cenário macroeconômico com as incertezas entre os investidores em razão da evolução da corrida eleitoral nos Estados Unidos.
"Esse é um assunto que vai ficar na pauta até o dia 8, dia da votação (nos EUA), e deveremos ter essa tema muito presente nos trabalhos do mercado financeiro e é bom acompanhar", afirma Andrea.
Entretanto, as cotações em Chicago parecem começar a sentir, de forma mais intensa, a chegada da safra dos Estados Unidos ao mercado, o que acaba limitando a força de alta dos preços.
"O efeito safra agora aparece porque os silos dos produtores estão enchendo ou já estão cheios, e assim começam a aparecer mais vendas de físico e, desta forma, o apelo para a boa oferta neste momento até que se feche a colheita", explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. "Nas semanas anteriores, os produtores americanos não vinham vendendo e assim não forçavam o mercado", completa.
De acordo com os últimos números do USDA, trazidos na segunda-feira (31), a colheita americana já havia sido concluída em 87% da área até o último domingo (30).
Nesse quadro - com atenção ao financeiro, à demanda e à conclusão da nova safra dos Estados Unidos - a pressão sobre os preços existe, porém, ainda como explica Brandalizze, há pouco espaço para novas baixas. "Os fatores negativos já estão desgastados e têm pouca força para novas baixas de agora em diante", diz.
Mercado Brasileiro
Nesta quinta-feira (3), os preços da soja nos portos chegaram a testar algumas altas, a se manter estáveis, porém, fecharam os negócios em campo negativo, com baixas mais de 1%. Além da pouca movimentação em Chicago, afinal, os valores sentiram ainda o dólar em baixa frente ao real.
No terminal de Paranaguá, R$ 76,00 no disponível e R$ 77,00 por saca, no mercado futuro, com baixas respectivas de 1,3% e 1,28%. Em Rio Grande, a saca no mercado spot encerrou a quinta com R$ 76,50 e, no futuro, a R$ 79,00, perdendo 1,29% e 1,25%. Em Santos, a perda foi mais intesa - 2,78% - e no terminal paulista a oleaginosa encerrou o dia valendo R$ 77,00.
Os negócios seguem lentos no Brasil e o feriado do meio da semana - comemorado nesta quarta-feira, 2 de novembro - esfriou ainda mais as operações. O momento, de fato, não é favorável para novas vendas e os produtores se mantêm, portanto, retraídos, como explicam analistas e consultores.
Internamente, os compradores também se mostram mais na defensiva, com margens mais ajustadas e evitando operações muito agressivas. "Desta forma, estamos sem pressão dos dois lados", epxlica o consultor da Brandalizze Consulting.
Já no interior do país, os preços não obecem a um movimento comum e caminham de forma mais regionalizada. Nesta quinta, as cotações nas praças gaúchas fecharam o dia com estabilidade - com valores entre R$ 66,50 e R$ 67,50 por saca - enquanto as paranaenses cederam de 0,75% a 2,60% e fecharam o dia com algo entre R$ 66,50, em Ubiratã, Londrina e Cascavel, e R$ 75,00 em Ponta Grossa.
Na contramão, alta de 1,41% em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas em Mato Grosso, para R$ 72,00 por saca. Em Avaré, praça paulista, ganho de 4,285 para R$ 71,32 por saca. Já em Goiás, no Oeste da Bahia e no Mato Grosso do Sul as cotações também cederam nesta quinta.
Segundo Glauber Silveira, presidente da Câmara Setorial da Soja, em entrevista ao Notícias Agrícolas, o momento é mesmo de atenção dos produtores e de espera por melhores oportunidades. Assim, será necessário acompanhar os principais fatores de formação dos preços - Chicago, dólar e prêmios -, principalmente porque em Mato Grosso, por exemplo, há muitos produtores que fizeram sua tomada de crédito em dólares e precisam fechar seus preços na mesma moeda.
Nesta quinta-feira, a divisa encerrou o dia valendo R$ 3,2360 perdendo 0,16%. "A alta (anterior) de certa forma já trouxe o dólar para um nível confortável de preço, o que dificultou correções adicionais no pregão de hoje", comentou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado em entrevista à agência de notícias Reuters.
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