Aprosoja MT: Conheça o segredo do sucesso de quem colheu 100 sacas por hectare em MT
A produtividade média da última safra de soja em Mato Grosso foi de 49 sacas por hectare, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Um produtor de Campos de Júlio, no entanto, alcançou 100,63 sacas por hectare em um talhão de dois hectares e meio. Em outros 123 hectares, a média chegou a 92 sacas por hectare.
Com o número, Elton Zanella sagrou-se campeão da Região Centro-Oeste do Desafio Máxima Produtividade do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb). A premiação está em sua oitava edição e é a primeira vez que Mato Grosso fica no pódio.
Para chegar ao resultado, Elton, formado em Administração, 37 anos e da segunda geração da família em Mato Grosso, relembra um passado cheio de desafios. “Somos de Água Fria, em Santa Catarina. Meu pai tinha transportadora e era motorista de caminhão. Nas viagens, visitava muitas lavouras. Em 1983, resolveu comprar sete mil hectares onde hoje é Campos de Júlio. Com o meu tio, ele começou em 1986 a plantar soja e arroz”, diz.
Mas não foi tão fácil assim, afirma o produtor. “Na época, chamaram meu pai de louco. E claro, no processo, veio a vontade de abandonar tudo e voltar para o Sul. Eram muitos desafios, principalmente no que diz respeito ao clima e à produção. Mas acreditamos sempre. Meu pai e meu tio investiram muito na área, com adubação. E, o principal: investimos no plantio direto. Fazemos plantio direto há 20 anos e somos os precursores no método na cidade e, talvez, no Estado”.
No fim da década de 1980, a produtividade nos 500 hectares iniciais estava entre 30 a 40 sacas por hectare, um número agronomicamente alto para o período. De lá para cá, buscar conhecimento sempre foi o diferencial da família.
“Quem conduz a fazenda, além de mim, é o também administrador e técnico agrícola, Marcos Adriano, mas o que sempre fizemos foi buscar informação de fora. Eu gosto de correr atrás, ver o que tem de bom e agregar aqui. Melhorar o que a gente tem sempre. Nós, por exemplo, não queremos expandir o território que produzimos hoje, mas sim a produtividade. E isso é possível”, afirma Elton.
Entre as buscas por conhecimento e o resultado da premiação do Cesb, o produtor também pontua um dado fundamental: a rotação de culturas. “Me perguntam ao que se deve a produtividade que chegamos. E falo: solo. Invista no solo, não em adubação, mas na correção, no perfil de solo, na palhada, em rotacionar culturas. Sempre rotacionamos os talhões”.
Atualmente, a propriedade produz feijão, milho pipoca, milho branco, milho amarelo, soja e arroz. Além disso, há sistema integrado de braquiária com milho e de crotalária com milho. “Partimos da premissa de trabalhar com variedade e também conhecer o solo. Falo isso porque cada talhão tem suas especificidades, tipo de nematoides, graus diferentes de fertilidade e isso tudo precisa ser levado em conta”.
Questionado se é possível que os produtores de Mato Grosso cheguem a patamares de produtividade como a dele, Elton Zanella é taxativo. “O produtor precisa olhar para sua propriedade e entender que ela é um conjunto de fatores: é preciso fazer levantamento de solo, mapa de fertilidade, agricultura de precisão. É preciso, também, trabalhar com ações preventivas, além das defensivas. É possível pegar o solo que tiver e transformá-lo. O solo de Mato Grosso é rico, basta acreditar”.
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