Soja sobe mais de 2% na semana na CBOT com fundos compradores e alerta sobre safra do Brasil

Publicado em 18/12/2015 16:41

Na sessão desta sexta-feira (17), depois de uma semana de volatilidade e oscilações bastante tímidas, o mercado da soja voltou a ganhar bastante força e terminou o dia com altas de dois dígitos, levando o contrato julho/16 de volta ao patamar dos US$ 9,00 por bushel. Assim, as posições mais negociadas fecharam com mais de 2% de alta. 

Após se aproximar muito do patamar de suporte das cotações na CBOT  - US$ 8,50 por bushel - os fundos fizeram o movimento inverso, voltaram à ponta compradora do mercado e estimularam os futuros da oleaginosa que, novamente, se aproximaram dos US$ 9,00, como explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

Ainda segundo ele, durante a semana as commodities, entre elas a soja e de forma bastante expressiva, foram influenciadas pelo humor do mercado financeiro, principalmente as expectativas sobre os juros nos Estados Unidos e, após o anúncio da elevação da taxa de 0,25% para 0,25% a 0,50%, o efeito, que foi negativo, logo foi absorvido e já precificado. 

Na sequência, portanto, voltaram ao mercado internacional as especulações sobre a nova safra do Brasil. Entretano, "o mercado ainda não absorveu as perdas que já são esperadas", afirma Brandalizze. As 100 milhões de toneladas e mais que eram esperadas inicialmente já não serão alcançadas, mas ainda não se sabe o tamanho real da quebra. 

Assim, os preços em Chicago, segundo o consultor, deverão começar a sentir os efeitos dessa notícia na medida em que essas baixas na safra brasileira forem sendo consolidadas. "Acredito que passando o início do ano novo, ao mercado vai começar a olhar com mais atenção para a América do Sul a partir de 15 de janeiro, principalmente para o Brasil", diz. 

E os estados que mais sofrem são aqueles onde as chuvas permanecem irregulares. O destaque tem sido Mato Grosso, onde as plantas estão morrendo, as que resistem já devem registrar menor produtividade e já começa a ser cogitado até mesmo um estado de emergência para as lavouras de soja. A situação é semelhante em todo o Centro-Oeste, com exceção do Sul de Mato Grosso do Sul, e na região Nordeste, além do Tocantins. 

Ainda nesta sexta-feira, o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos, divulgou um alerta sinalizando uma brusca mudança nas condições climáticas que indicam a formação de um chamado "vórtice ciclônico" que vai bloquear as chuvas em toda a região Norte e Central do Brasil. 

"Um vórtice clicônico deve ganhar forças nesse final de semana sobre o região Nordeste e com isso, a frente fria que está no Sul do Brasil não conseguirá avançar sobre as regiões Sudeste e Nordeste. Com isso, as previsões que antes eram para chuvas agora são de no máximo para eventuais pancadas de chuvas muito isoladas sobre todas as regiões produtoras do MATOPIBA, Mato Grosso, norte de Goiás e de Minas Gerais. E com a ausência de chuvas nesses próximos 7 dias sobre essas regiões, as perdas de produtividade, principalmente em lavouras de soja poderão se elevar drasticamente nesse período, uma vez que muitas lavouras estao em seu limite máximo de estresse hidrico", informou Santos.

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Ainda para os preços em Chicago chegaram as informações da redução das retenciones na Argentina - de 35% para 30% - e a liberação do câmbio no país. As medidas são do recém eleito presidente Maurício Macri, que já prevê estímulo à produção agropecuária no país, as quais poderiam, no curto e médio prazos, promover mais vendas de soja por parte dos produtores argentinos, o que seria um fator negativo para os preços. Entretanto, segundo analistas, este é um fator que, neste momento, parece já ter sido absorvido pelo mercado. 

Em contrapartida, boas informações chegaram sobre a demanda nestes últimos dias. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciaram novas vendas para a China - de mais de 500 mil toneladas - e para destinos desconhecidos, além de trazer bons números dos embarques e das vendas para exportação do país, notícias que deram peso positivo aos negócios.

Neste período de final de ano, porém, é preciso atenção sobre as cotações, ainda de acordo com Vlamir Brandalizze. "Os fundos forçam suas posições para, em seguida, fazer lucros sobre elas. Então, o mercado pode devolver essa baixas, e isso pode acontecer ainda caso esse novo período seco previsto não se confirme ou caso venha alguma nova notícia de pressão sobre as cotações", explica. 

Mercado Interno

No Brasil, tamanho o problema que os produtores vem tendo com as lavouras e as adversidades climáticas que novos negócios, mais uma semana, ficaram de fora de seu horizonte. O foco segue mantido completamente sobre o desenvolvimento da safra 2015/16. "Não é recomendável novos fechamentos nesses dias, o produtor brasileiro não tem essa necessidade", orienta Vlamir Brandalizze. 

Ainda assim e apesar da volatilidade em Chicago, os preços no interior do Brasil fecharam a semana em campo positivo. Já nos portos, o único indicativo foi o da soja futura - entrega março/16 - no terminal de Paranaguá, que subiu 1,72% para R$ 77,00 por saca.

Já no interior,o os ganhos foram de 0,75% a 1,49%, e o destaque se mantém em Não-Me-Toque/RS, onde o valor segue superando os R$ 70,00, com R$ 72,50 por saca. 

O principal suporte para os preços, no entanto, veio do dólar. Com a cena política incerta e agitada no Brasil e mais a recente saída da Joaquim Levy do Ministério da Fazenda - pasta assumida por Nelson Barbosa - a moeda norte-americana fechou a sexta-feira com R$ 3,9468 e alta de 1,48%. Na semana, o ganho acumulado é de R$ 1,88%. 

"A grande preocupação é com o tipo de mudança que vai querer se implementar na economia. O receio é que o governo vá numa direção mais expansionista, de tentar impulsionar a economia com mais estímulos econômicos", disse mais cedo o economista da Tendências Silvio Campos Neto à agência de notícias Reuters. 

Para Vlamir Brandalizze, a saída de Levy e a entrada de Barbosa deverá ser outro fator de trava em novos negócios com a soja brasileira. "Com essa incerteza econômica, incerteza sobre a postura do novo ministro e do comportamento do dólar, o produtor prefere ficar com a soja na mão", diz. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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