Disputa pela soja faz preços internos recuarem menos que dólar e cotações internacionais

Publicado em 06/11/2015 21:38 e atualizado em 06/11/2015 22:20

O dólar tem sido componente de extrema importância aos preços da soja nos portos brasileiros e no mercado interno em 2015. A valorização cambial gerou oportunidades de comercialização aos produtores tanto para a safra velha, como para safra 2015/16. No caso da nova temporada, as vendas antecipadas já chegam a  45%, ou cerca de 45 milhões de toneladas do grão, em uma produção estimada em torno de 100 milhões de toneladas. Da safra velha (2014/15) restam menos de 7% de um total estimado em 96 milhões de toneladas produzidas nas mãos dos vendedores.

A recente acomodação do câmbio, em um patamar próximo de R$ 3,80, a perda dos US$9,00/bushel da cotação em Chicago  e uma boa antecipação das vendas em momentos mais favoráveis, diminuíram o ânimo dos produtores na ponta vendedora. Mas a disputa pelo grão no mercado interno  não deixou ocorrer oscilações expressivas para os preços da soja em reais. Segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, o dólar recuou cerca de 4,88% no período de 1 de outubro a 4 de novembro.

Enquanto isso, os preços da saca disponível em Paranaguá permaneceram estáveis em R$ 82,00 considerando o final de outubro, já que em novembro não há referência para as cotações no Porto.


No terminal de Rio Grande, o valor apresentou ligeira queda, de 1,41%, no mesmo período comparativo do dólar, com a saca cotada a R$ 84,00 na última quarta-feira (4).

No interior, a situação é bem parecida e, mesmo com a volatilidade cambial, as cotações da oleaginosa não registraram movimentações tão fortes. Em Sorriso (MT), por exemplo, o preço de venda registrou leve queda de 2,78%, com a saca do grão cotada a R$ 70,00, no mesmo período de comparação do dólar. 


Na região de Maracaju (MS), a cotação caiu 2,67%, com a saca a R$ 73,00. Já em Não-me-toque (RS), na contramão desse cenário, o valor praticado subiu 0,68%, com a saca do grão a R$ 73,50. Em Ponta Grossa (PR), os preços permaneceram estáveis em R$ 72,00 a saca.

Veja a variação no gráfico abaixo:


Em relação aos portos, o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, ressalta que os negócios seguem bem pontuais. "Podemos dizer que cerca de 98% do que está sendo embarcado agora é resultante de contratos fechados anteriormente. As negociações acontecem pontualmente, somente para completar alguma carga. E nesse momento, as cotações em Chicago exercem pouca influência nos preços do mercado interno", explica.

Além disso, os produtores brasileiros já negociaram boa parte da safra 2014/15, aproveitando as boas oportunidades ocasionadas pelo câmbio. "E o restante, o agricultor acaba utilizando como ativo financeiro. Da safra 2015/16, o percentual já negociado antecipadamente é alto, em Mato Grosso, o volume comprometido chega a 65%, Goiás 55% e no Paraná em torno de 36%", afirma o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes.

E, nesse momento é consenso entre os analistas de que os negócios seguem parados, uma vez que o foco do produtor está voltado a implantação da lavoura. "Da nova safra, os agricultores seguram as vendas e tentam garantir a produção. O produtor já está bem posicionado, mas ainda temos dúvidas em relação ao clima. Com as chuvas dessa semana, o plantio evoluiu no Centro-Oeste, apesar do atraso registrado, porém, em regiões do Nordeste, ainda há uma apreensão com as precipitações. No total, temos pouco mais de 60% dessa área cultivada no Brasil", diz Brandalizze. 

“O foco do produtor rural nesse momento é plantio da safra 2015/16, um movimento típico para essa época do ano. Uma parte da safra nova já foi comercializada e da temporada anterior ainda temos cerca de 5 a 6 milhões de toneladas a serem negociadas, mas os agricultores estão segurando as vendas, ratifica o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter.

Comparativo anual

Recente estudo realizado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP) indicou que os preços da soja em grão registram alta expressiva neste ano, especialmente na parcial deste segundo semestre. A valorização é decorrente da recente disparada do dólar, momento de entressafra no Brasil e os embarques do grão, que estão acima da média para o período.

Por outro lado, a demanda interna também segue firme principalmente das indústrias de farelo e para a produção de biocombustível. Com isso, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o preço recebido pelo produtor em outubro superou em mais de 30% o registrado no mesmo período do ano passado, em termos nominais. No mercado disponível, o ganho médio da soja foi de 32%.

 

Fernanda Custódio - Notícias Agrícolas

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Notícias Agrícolas

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