Soja: Negócios estão travados no Brasil com dia de volatilidade em Chicago e no dólar
O mercado internacional da soja segue recuando na sessão desta segunda-feira (31) na Bolsa de Chicago e vem ampliando suas baixas entre as posições mais negociadas. Os futuros da oleaginosa, por volta de 12h40 (horário de Brasília), perdiam entre 0,50 e 4 pontos, com o setembro/15 valendo US$ 8,92 e o novembro/15, referência para a safra norte-americana, cotada a US$ 8,82 por bushel. Já o contrato março/16 valia US$ 8,87 e o maio/16, referência para a safra brasileira, US$ 8,91.
De outro lado, o dólar disparou frente ao real neste início de semana. Às 11h10, a moeda norte-americana subia 2,29%, valendo R$ 3,6677, depois de, na máxima da sessão, chegar a superar os R$ 3,68. Porém, perto de 12h45, a divisa já vinha sendo negociada a R$ 3,629, subindo 1,29%. O cenário interno do Brasil, segundo especialistas, é o que vem motivando esse avanço expressivo, uma vez que a situação fiscal do país preocupa muito e diante da possibilidade que que perca " seu selo de bom pagador com projeção de déficit primário no Orçamento de 2016, mesmo após o Banco Central reforçar sua intervenção no câmbio", segundo noticiou o G1.
E não só o mercado spot do dólar operava em alta nesta segunda, como o mesmo era registrado no futuro, que chegou a superar os R$ 3,70 e renovar sua máxima desde 2009.
Esse quadro travou os negócios no Brasil. Os compradores, diante de preços menores, seguem demandando, porém, os vendedores se mostram retraídos diante das incertezas tão latentes no cenário desta segunda-feira e da espera por melhores oportunidades de vendas. Como explicou Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, há mais compradores do que vendedores no mercado nesse momento, porém, todos muito atentos às incertezas que rondam os negócios em mais um início de semana turbulento e confuso.
"O produtor está observando tudo agora, pois se ele fica com suas posições abertas em reais, ele também pode perder", diz.
Nos portos do Brasil, também volatilidade e falta de direção comum. A soja disponível era negociada, em Rio Grande, a R$ 80,20 por saca, enquanto em Paranaguá não havia indicação para o preço por volta das 11h30 (Brasília). Já a soja da nova safra vinha sendo negociada a R$ 79,10 no terminal gaúcho e a R$ 76,20 no paranaense, com entrega em abril.
"O ritmo de negócios segue muito lento, mas isso é típico deste período do ano. Temos uma gangorra forte nos últimos dias entre alta do câmbio e queda na CBOT - embora o cambio esteja ganhando e resultando em certa alta das indicações internas. Mas, existe muita instabilidade e o produtor acaba ficando mais retraído", explica o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, a pressão sobre as cotações vem, principalmente, de dois lados: da macroeconomia e da perspectiva de uma grande safra nos Estados Unidos, a qual se encontra em seu mês mais importante no país. A segunda-feira é um novo dia de turbulência no quadro financeiro, nova baixa nas bolsas asiáticas e isso traz mais aversão ao risco entre os investidores.
No quadro internacional, um dos destaques - além de um nova ligeira baixa entre as bolsas asiáticas - é a política monetária dos EUA e as perspectivas sobre a taxa de juros do país. O vice-presidente do Federal Reserve, o banco central norte-americano, Stanley Fisher, afirmou que há "fortes argumentos" para que a taxa seja revisada para cima neste mês de setembro. O petróleo em queda também pesa sobre os negócios.
A queda dos preços na CBOT, por outro lado, estimula os compradores, que também saem em busca de boas oportunidades. Hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou uma nova venda de soja da safra 2015/16 de 125 mil toneladas para destinos não revelados. Na semana passada, outros três anúncios foram reportados. "A queda dos preços internacionais acabam, de certa forma, motivando compradores", disse Motter.
Há ainda as incertezas sobre o clima nos EUA e as necessidades de boas condições para a conclusão da safra 2015/16 do país. A previsão do NOAA, o serviço oficial de clima do governo americano, traz um clima ainda seco até o final desta semana, quando as chuvas começam a se desenvolver mais ao norte e ao oeste do país. Já nos períodos dos próximos 6 a 10 e 8 a 14 dias, as previsões indicam chuvas e temperaturas entre normal e acima da média nas principais regiões produtoras.
"Devemos ficar atentos ao comportamento do clima nas próximas duas a três semanas. Podemos ainda ter novidades nesta variável", afirma o analista da Granoeste.
0 comentário
Soja 24/25 garante boa margem ao produtor brasileiro, apesar de pressão ainda consistente em Chicago
Elevadas doses de calcário no solo aumentam produtividade da soja no Matopiba
Desenvolvimento da safra da soja em Nova Mutum/MT
Abiove estima aumento de 9,4% na safra de soja do Brasil em 2025
Soja devolve ganhos da sessão anterior e trabalha no negativo nesta 3ª em Chicago à espera de novidades
Soja retoma fôlego em Chicago, fecha em alta e favorece preços nos portos do Brasil nesta 2ª